A CONDUTA DO CRENTE NO MUNDO

terça-feira, 14 de junho de 2011

 

 

A CONDUTA DO CRENTE NO MUNDO

A dignidade da vida cristã tem a ver com o nosso compor­tamento ético neste mundo.

"E vos revistais do novo homem, que, segundo Deus é criado em verdadeira justiça e santidade" (Ef 4.24).

Precisamos viver a realidade da verdade que está em Cristo, como te­mos ouvido e aprendido, andando nEle e deixando-nos instruir. Precisamos subjugar nossos pensamentos, palavras e ações à obediência de Cristo. E, por fim, ficarmos em cons­tante estado de alerta, prontos a testemunhar e a combater contra as hostes espirituais deste mundo. Pau­lo nos instrui sobre o despojamento do velho homem com sua natureza pecaminosa e, o consequente reves­timento do novo, que se renova para a eternidade. Ou seja, não devemos andar como o homem natural não re­generado e, sim, em novidade de vida, verdadeira justiça e santidade.

O homem natural anda e vive na futilidade, no desregramento dos valores éticos e entregue às paixões car­nais. Quando se converte, aprende com Cristo a despojar-se da velha cri­atura e a andar num excelente e novo caminho traçado pelo Pai para o al­cance da vida eterna. É nosso dever, conforme asseverou o apóstolo Pau­lo em outras partes das Sagradas Escrituras, resplandecermos como as­tros no mundo. Como "fontes lumi­nosas" devemos revelar e condenar as trevas do pecado no mundo.

Paulo nos ensina que não basta tomar posição em relação ao homem velho, porque seria preciso recome­çar sempre. O apóstolo convida os efésios a "serem renovados no espí­rito de seu sentido", e a serem "rejuvenescidos em seu espírito e em seu entendimento", revestindo por um segundo ato de fé, o novo homem criado por Deus, na justiça e na san­tidade que produz a verdade.

Paulo começa o cap. 4 com um apelo para que andemos dignamen­te no sentido de preservar a unidade do Espírito (vv.1-3). Agora, no v.17 do mesmo capítulo, Paulo apela para que andemos com um comportamento que seja diferente do praticado pelos não-crentes. O novo "andar em Cristo" afeta as nossas atitudes, há­bitos e linguagem.

UM NOVO ANDAR

1. Não devemos andar como o homem natural (vv.17-19). Que é o homem natural? É o gentio não regenerado. O homem natural é todo aquele que está sob a égide da natu­reza pecaminosa. "Andar na vaida­de do seu sentido" significa andar e viver na futilidade e sem propósito na vida. A vaidade da inteligência humana faz com que a pessoa subes­time a Deus e viva distanciado dos valores éticos e, portanto, entregue às paixões da sua carne. A Bíblia mostra, aqui, (vv.17,18), que uma mente vaidosa leva a um raciocínio tenebroso e a um coração endureci­do. O homem natural é o típico gen­tio sem Cristo, não convertido (Rm 1.21-32).

2. Devemos nos despojar do velho homem (vv.20-22). O v.20 começa reprovando as atitudes do homem natural e diz "vós não aprendestes assim a Cristo". Isso sig­nifica que como crentes temos uma nova ordem de vida. A essência dos ensinos de Cristo também estão nos ensinos de Paulo e dos demais após­tolos, inspirados pelo Espírito San­to. O novo andar é o santo viver como nova criatura em Cristo. É um despojamento total da velha vida, do velho andar (v.22). A palavra "despojar" significa "despir", "desapossar", "privar de posse". No novo an­dar, os velhos andrajos do pecado são tirados, ou seja, a velha nature­za pecaminosa é despida dos velhos hábitos para uma nova vida.

3. Devemos nos revestir do ho­mem espiritual (vv.23,24). A linguagem é metafórica na expressão "novo homem", pois fala do novo modus vivendi do crente redimido por Cristo. Esse novo homem agora se manifesta na vida e no caráter cristão. Ele é renovado pela ação poderosa do Espírito Santo de todo o passado de condenação e ruína. Essa renovação implica viver uma nova vida (Ef 2.10,15; 2 Co 5.17).

4. Devemos andar em verdadei­ra justiça e santidade (v.24). O novo homem é uma nova criação segundo Deus. Não se trata de criação física, mas espiritual (Jo 3.3-6). Todos os sinais da velha criatura, do velho ho­mem, foram desfeitos na cruz para que o novo convertido viva uma nova vida em Cristo. O novo homem é o crente regenerado pelo Espírito San­to. Duas características de Deus são a justiça e a santidade. Eles fazem parte do caráter de Deus. Quando o pecador é regenerado, pelo Espírito Santo na conversão, ele é criado "se­gundo Deus", isto é, à semelhança de Deus em "justiça e santidade".

O NOVO HOMEM E O SEU PROCEDER

1. O novo homem não vive men­tindo (v.25). O verbo "deixar" tem a mesma conotação do verbo "despojar" do v.22. A mentira não é própria da nova vida em Cristo. No original gre­go a palavra mentira aparece como pseudo, que pode significar qualquer tipo de desonestidade ou falsidade proferida ou vivida. A mentira é própria do velho homem. A vida do novo ho­mem é gerada "em verdade", por isso, devemos falar apenas a verdade.

2. O novo homem não vive se exasperando (v.26). "Irai-vos, e não pequeis" é uma expressão que deve merecer nossa atenção. Sabemos que a "ira" é uma obra da carne (Gl 5.20); por que então a Bíblia diz: "irai-vos?" Isto parece um paradoxo. O sentido permissivo para a ira pode significar na vida do novo homem uma forma de reação contra qualquer tipo de pe­cado que afete a nova vida. Quando somos tentados pelo Diabo, reagimos com ira contra as insinuações do ini­migo, "irai-vos", não com o tipo de ira acionado pela carne, mas "irai-vos" naturalmente contra tudo que possa ofender a santidade de Deus.

3. O novo homem não abre es­paço para o Diabo (v.27). "Não deis lugar ao Diabo". Este versícu­lo está diretamente ligado ao v.26 que fala da ira. Se dermos lugar à ira, isto é, se permitirmos que a ira surja em nossos sentimentos, facil­mente estaremos abrindo as portas para o Diabo entrar em nossa vida (2 Co 2.10,11; 1 Pe 5.8). São mui­tas as brechas que abrimos em nos­sa vida emocional, física e espiritu­al para a entrada do Diabo. Deve­mos sempre fechar essas possibili­dades com a meditação e o estudo da Palavra de Deus. Devemos man­ter um controle severo das portas da nossa mente, sentidos físicos, pen­samentos, e sentimentos.

4. O novo homem não pratica as coisas da velha vida (vv.28,29). Práticas negativas do velho homem não fazem muita diferença entre o certo e o errado. Como novas cria­turas em Cristo, às vezes, pratica­mos certas coisas erradas que não aparecem em manchetes, mas que se constituem em pecados que afe­tam a nossa vida espiritual. Furtar nas arrecadações legais do gover­no, deixar de dar os dízimos e ofer­tas à Casa de Deus não fogem a responsabilidade de apropriação indébita (Ml 3.8-10; Rm 13.7; Ex 20.15). Outra prática negativa que não deve estar no cotidiano do crente é o uso de "palavras torpes" (v.29). Que é uma palavra "torpe"? E toda palavra impudica, indecen­te, obscena, asquerosa. A lingua­gem do novo homem em Cristo deve ser pura, simples e sem malí­cia. Crentes há que são flagrados proferindo palavras torpes e outras igualmente repulsivas.

O NOVO HOMEM EVITA OS PECADOS CONTRA O ESPÍRITO SANTO

1. O novo homem não entriste­ce o Espírito Santo (v.30). O Espíri­to habita no crente, no novo homem, e pode ser ofendido com atitudes impuras. O texto diz que "fomos sela­dos com o Espírito Santo para o dia da redenção". Esse selo é a marca de propriedade que impede que Satanás interfira nem rasure a vida espiritual. O dia da redenção refere-se à redenção do nosso corpo de pecado, que acontecerá na vinda do Senhor. A re­denção tem um aspecto passado por­que diz respeito ao que Jesus reali­zou no Calvário. Tem um sentido pre­sente porque refere-se à contínua li­bertação do poder do pecado que ope­ra em nossa carne. E, finalmente, a redenção tem um aspecto futuro, que é a esperança da glória, a libertação plena do corpo de pecado e a conquis­ta de um novo estado para um corpo espiritual (1 Co 15.51-53).

2. O novo homem evita os pe­cados que magoam o Espírito San­to (v.31). Todas as manifestações pecaminosas como "amargura, e ira, e cólera, e gritaria, e blasfêmias e toda a malícia". São aquelas ações próprias do velho homem que não devem interferir na "nova vida". Atitudes de amargura não combinam com a natureza amorosa do Espírito Santo. A amargura torna as pessoas amargas em seus relacionamentos, e as torna duras e insensíveis para a operação de Deus. "Iras, cólera e gri­taria" são atitudes que sempre andam juntas. Ódios profundos, arraigados no coração contra pessoas, provocam essas manifestações negativas. As "blasfêmias" referem-se à palavras injuriosas, que ferem a moral das pessoas e que produzem grandes dissabores. A "malícia" é a fonte dos pecados contra o Espírito Santo. A malícia está ligada diretamente ao Diabo (Rm 1.29; Cl 3.8).

3. O novo homem procura de­senvolver as qualidades próprias do crente (v.32). "Antes sede uns para com os outros benignos, misericordiosos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos per­doou em Cristo". Na verdade, quem nasce do Espírito tem as caraterísticas do Espírito. Qualidades como benignidade, misericórdia e perdão são indispensáveis ao culti­vo da vida cristã.

CONCLUINDO

Os crentes autênticos procuram andar dignamente na presença de Deus e do mundo. Nosso comporta­mento deve ser o reflexo da nova vida recebida pela obra de Cristo no Calvário. É uma exigência bíblica constante que os crentes deem pro­vas às pessoas ao seu redor de que têm um novo viver, o qual se revela, principalmente, mediante a prática de atitudes e atividades cristãs.

"Depois de examinarmos as con­dições morais do mundo pagão, tere­mos melhores condições de reconhe­cer de que tipo de vida os efésios fo­ram salvos e quais as tentações que os cercavam. Os divertimentos da­queles dias eram brutais e degradan­tes. Baixos padrões de comportamen­to eram ensinados nos teatros. Nos anfiteatros, escravos cativos e criminosos lutavam entre si até a morte, para satisfazer o desejo do povo — ver sangue. O casamento perdera a sua santidade; era levianamente con­tratado porque era facilmente anula­do. Crianças malformadas ou doen­tes eram abandonadas e expostas para morrer. A sociedade era indulgente para com o vício, 'desviar-se é huma­no' era o seu lema.

Para um grupo de pessoas habi­tantes, mas libertas de tal mundo foi que Paulo endereçou suas exorta­ções. Depois de descrever o caráter moral do mundo pagão (4.17-19), diz: 'Mas vós não aprendestes assim de Cristo, se é que o tendes ouvido e nele fostes ensinados, como está a verdade em Jesus'. Noutras palavras, os efésios tinham aprendido outro padrão de conduta mediante o ouvir do evangelho."

"A palavra 'mundo' (gr. Kosmos) frequentemente se refere ao vasto sistema de vida desta era, fomenta­do por Satanás e existente à parte de Deus. Consiste não somente nos pra­zeres obviamente malignos, imorais e pecaminosos do mundo, mas tam­bém se refere ao espírito de rebelião que nele age contra Deus e, de resis­tência ou indiferença a Ele e à sua revelação. Isso ocorre em todos os empreendimentos humanos que não estão sob o senhorio de Cristo. Na presente era, Satanás emprega as ideias mundanas de moralidade, das filosofias, psicologia, desejos, gover­nos, cultura, educação, ciência, arte, medicina, música, sistemas econômicos, diversões, comunicação de massa, esporte, agricultura etc, para opor-se a Deus, ao seu povo, à sua Palavra e aos seus padrões de reti­dão (Mt 16.26; 1 Co 2.12; 3.19; Tt 2.12; 1 Jo 2.15,16). Por exemplo, Satanás usa a profissão médica para defender e promover a matança de seres humanos nasciturnos; a agri­cultura para produzir drogas destruidoras de vidas, tais como álcool e narcóticos; a educação para promo­ver a filosofia ímpia humanista; e os meios de comunicação em massa para destruir os padrões divinos de conduta. Os crentes devem estar conscientes de que, por trás de to­dos os empreendimentos meramen­te humanos, há um espírito, força ou poder maligno que atua contra Deus e sua Palavra."

Bibliografia E. Cabral

 

FONTE: EBD AREIA BRANCA

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