COMO CONHECER A DEUS - SEGUNDO DIA

terça-feira, 20 de outubro de 2009

COMO CONHECER A DEUS
Um Plano de Cinco Dias

Morris Venden
Título do Original em inglês:
TO KNOW GOD
Tradução de Edith Teixeira
CASA PUBLICADORA BRASILEIRA
Tatuí - São Paulo - Primeira edição
Cinco mil exemplares - 1989

Deus é amor. Mas como posso ter certeza disto? Por que, afinal, necessito de Deus?
Como posso saber que estou salvo? Como posso manter um relacionamento pessoal com Deus, se não O posso ver nem ouvir? Como posso ter fé nEle quando tudo vai mal? O que acontece quando falho?
Estas e outras perguntas são respondidas nesta obra. O autor propõe um plano de conhecimento e relacionamento com Deus em cinco dias. Depois de ler esta obra e pôr em prática os seus ensinos, você nunca mais será o mesmo.

Como Conhecer a Deus. Um Plano de 5 Dias
Que significa conhecer a Deus em cinco dias? Não leva muito tempo – nem mais, nem menos. Venden, o autor, não enfatiza tanto o elemento tempo quanto a possibilidade; não tanto o saber algo acerca de Deus, mas o fato de conhecê-Lo, de ter um relacionamento pessoal e positivo com Ele. Por isso o autor ressalta essa possibilidade em cinco etapas, ou passos. Ao você compreender como conhecer a Deus, você poderá conhecê-Lo como nunca antes. Como pastor de igreja das nossas escolas superiores já por muitos anos Morris Venden adquiriu muita experiência em lidar com as mentes inquiridoras. Autor de vários livros e orador grandemente solicitado, ele tem demonstrado sua habilidade para expressar e ilustrar seus temas. O beneficio que você obterá desta apresentação de Deus poderá alcançar a eternidade.

SEGUNDO DIA

Que passos devo dar para ir a Cristo?
Como posso saber que estou salvo?

Como posso manter um relacionamento pessoal com um Deus que não posso ver nem ouvir?

Era um velho de cabelos grisalhos, lindas rugas e mãos trementes, e já passara dos setenta. Encontrei-o apenas uma vez, mas jamais o esqueci. Foi num acampamento de verão, à moda antiga, na tenda principal, logo após o sermão da manhã. O pastor que presidia a plataforma pediu aos pastores presentes que cada um deles dirigisse um grupo do auditório numa rápida reunião após o culto, a fim de tecerem comentários e fazerem perguntas sobre o tema apresentado. Esse senhor ficou no meu grupo. Ele pôs-se em pé, com lágrimas nos olhos, e disse: "Por muito tempo Deus tem procurado alcançar-me, e afinal o conseguiu." E sentou-se.
Não me recordo do que outros disseram naquele dia, mas ainda me lembro das palavras desse homem. Quão maravilhoso, e quão trágico. Maravilhoso porque finalmente Deus ganhara a batalha naquele coração – mas trágico porque o homem esperara tanto tempo.
Ana Whitall Smith conta-nos a experiência de um senhor que aceitou a Cristo, e ela ressalta o que aconteceu quando ele afinal chegou a compreender qual a sua parte e qual a parte de Deus. Bem, os cristãos têm com freqüência debatido essa questão, salientando a parte de Deus e a do homem ao vir a Cristo e continuar a vida cristã. Perguntaram, pois, imediatamente àquele ancião: "Qual é exatamente a sua parte, e qual a de Deus?"
E ele respondeu: "Minha parte é correr, e a de Deus é apanhar-me!"
Em S. João 6:44, Jesus diz: "Ninguém pode vir a Mim se o Pai que Me enviou não o trouxer." A salvação constitui iniciativa de Deus, e não do homem. Jeremias 31:3 diz: "Com amor eterno Eu te amei, por isso com benignidade te atrai." E a benignidade de Deus se estende a cada pessoa. Não são alguns destinados para serem salvos, e outros designados para as chamas do inferno. Todos são atraídos por Deus. Somente aqueles que persistentemente rejeitam a esse amorável poder de atração não irão a Ele para serem salvos.
Todavia, ao sermos atraídos para Cristo, cumpre-nos dar alguns passos. Quais são? Em primeiro lugar, vem o desejo de algo melhor. Segundo, vem o reconhecimento do que é o melhor. Em terceiro, a convicção de que somos pecadores. Quarto, chegamos a compreender que somos incapazes de fazer qualquer coisa quanto à nossa condição. E, finalmente, cedemos – ou desistimos, como se diz nos círculos cristãos, nos rendemos. Desistimos de julgar-nos capazes de salvar-nos a nós mesmos, e então vamos a Cristo justamente como somos.
Consideremos mais detalhadamente esses cinco passos, ao procurarmos compreender o processo pelo qual passa cada pessoa que vai a Cristo.

O Desejo de Algo Melhor

No capitulo 4 de S. João é relatada a história de uma mulher que foi ter com Jesus. Note os primeiros passos que ela deu.
Comece com os versos 5 e 6: "Chegou [Jesus], pois, a uma cidade samaritana chamada Sicar, perto das terras que Jacó dera a seu filho José. Estava ali a fonte de Jacó. Cansado da viagem, assentara-Se Jesus junto à fonte, por volta da hora sexta'' (ou meio-dia).
Aqui você se depara com um enigma. Jesus é o Criador. E Deus. Foi Ele quem criou os sóis, as estrelas, os sistemas solares. Tudo foi criado por Ele (S. João 1:3). Todavia Ele aceitara o fardo da humanidade e ali estava evidentemente mais cansado do que Seus discípulos, que foram a Sicar comprar alimento. Fatigado demais para prosseguir, sentou-Se à beira do poço enquanto aguardava o retorno deles. Você é capaz de contemplá-Lo ali?
A história prossegue no verso 7 de S. João 4: "Nisto veio uma mulher samaritana tirar água. Disse-lhe Jesus: Dá-Me de beber."
Vemos aqui o Mestre agindo, atraindo uma alma para Ele. Não a abarrota com Sua religião, mas lhe pede um favor. Confiança gera confiança.
"Então disse a mulher samaritana: Como, sendo Tu judeu, pedes de beber a mim que sou mulher samaritana (porque os judeus não se dão com os samaritanos)?
"Replicou-lhe Jesus: Se conheceras o dom de Deus e quem é o que te pede: Dá-Me de beber, tu lhe pedirias e Ele te daria água viva.
"Respondeu-Lhe ela: Senhor, Tu não tens com que a tirar, e o poço é fundo; onde, pois, tens a água viva? És Tu, porventura, maior do que o nosso pai Jacó, que nos deu o poço, do qual ele mesmo bebeu, e, bem assim, seus filhos e seu gado?
"Afirmou-lhe Jesus: Quem beber desta água tornará a ter sede; aquele, porém, que beber da água que Eu lhe der, nunca mais terá sede, para sempre; pelo contrário, a água que Eu lhe der será nele uma fonte a jorrar para a vida eterna.
"Disse-Lhe a mulher: Senhor, dá-me dessa água para que eu não mais tenha sede, nem precise vir aqui buscá-la.
"Acudiu-lhe Jesus: Vai, chama teu marido e vem cá; ao que Lhe respondeu a mulher: Não tenho marido.
"Replicou-lhe Jesus: Bem disseste, não tenho marido; porque cinco maridos já tiveste, e esse que agora tens não é teu marido; isto disseste com verdade." Versos 9-18.
Obviamente, essa mulher tinha desejo de algo melhor. Viera tirar água. Evidentemente ela era uma prostituta de um lugarejo próximo, pois viera numa hora em que nenhuma das outras mulheres da cidade vinham. Viera também a um poço que ficava fora da cidade. Ela sentia-se cansada dos olhares e das línguas maldizentes. Viera sozinha ao poço, para fugir à condenação dos outros.
Sabemos que ela estava buscando algo melhor que ainda não encontrara. Fora casada, mas o primeiro marido não foi o que ela almejava; assim ela procurou algo melhor num segundo marido. E ainda não satisfeita, procurou algo melhor num terceiro, num quarto e num quinto. Finalmente, desiludida com o casamento, decidiu seguir o caminho que muitos seguem hoje, justamente prosseguir na vida, vivendo com alguém sem assumir um compromisso que não podia cumprir. Vemo-la, pois, aproximando-se do poço, buscando ainda alguma coisa melhor.

Nunca Satisfeito

Um amigo meu contou-me a respeito de um homem que começara a fumar. Fumava a marca X porque os anúncios diziam que esses cigarros satisfazem. Ele, porém, não estava satisfeito. Começou fumando um maço por dia, mas não sendo suficiente, passou a fumar dois maços. Não se satisfazendo ainda, passou a fumar três. Nunca satisfeito.
Neste mundo todos estão buscando algo melhor. Meninos e meninas procuram uma bicicleta melhor ou uma bola melhor. Os jovens buscam maior aceitação, melhores amigos, mais divertimento. Os adultos buscam sucesso, prazer ou posses materiais. No entanto, mesmo as coisas que expressam desejos legítimos podem representar o íntimo clamor de alguém cujo vácuo produzido por Deus em sua vida só pode ser preenchido pelo próprio Deus.
Há alpinistas que escalam montanhas simplesmente porque elas estão lá. Eles continuam em busca de maiores alturas, maiores riscos. A ambição nos esportes, nos negócios, nos prazeres legítimos, pode traduzir o clamor do coração por algo melhor, o irreconhecido anseio por Deus.
Mas, separado de Deus, jamais será satisfeito esse desejo de algo melhor. A pessoa que busca felicidade no mundo descobre que o prazer dos divertimentos mundanos, afinal, não perdura; por isso, ela tem que estar sempre à procura de algo novo.
Como Jesus disse à mulher de Samaria (S. João 4:13): "Quem beber desta água tornará a ter sede'', todos os nossos esforços no sentido de encontrar algo melhor separados de Deus, serão em vão porque, reconheçamos ou não, nosso desejo é para Ele.
Em cada trecho do caminho para Cristo, há desvios que nos impedem de chegar a Ele. Procuramos satisfazer nosso anseio de algo melhor, buscando algo diferente. Você pode constatar isto na história da mulher de Samaria. Ela procurou satisfazer o seu anseio nas múltiplas relações humanas. Mas apesar de suas múltiplas e diferentes tentativas, o seu desejo não foi satisfeito.
Jesus disse: "Quem beber desta água tornará a ter sede; aquele, porém, que beber da água que Eu lhe der, nunca mais terá sede, para sempre." A maioria de nós, para chegar a Deus, toma o longo caminho pleno de dificuldades e sofrimento, dos corações dilacerados. E quando falha tudo que pensávamos que queríamos, e chegamos afinal a esgotar nossos próprios recursos, então erguemos o olhar e exclamamos: ''Está bem, Senhor. Finalmente acho que o que necessito é de Ti."
Existe, porém, um caminho mais curto. Jesus ofereceu-o à mulher junto ao poço, e encontra-se em S. João 12:32: "E Eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a Mim mesmo." Quando Jesus é erguido, somos atraídos a Ele. A mulher samaritana não compreendia que Aquele em cuja presença ela se achava podia satisfazer-lhe todos os anseios. Jesus então deu o segundo passo, o conhecimento do que é o melhor.

Conhecimento do Plano da Salvação

Considere S. João 4:10: "Replicou-lhe Jesus: Se conheceras o dom de Deus e quem é o que te pede: Dá-me de beber, tu Lhe pedirias, e Ele te daria água viva. "
A salvação é um dom de Deus. Provavelmente esta seja uma das maiores porções do conhecimento do plano da salvação que já pudemos receber. "Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito." Cap. 3:16. "Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna." Rom. 6:23. Não podemos adquiri-lo, não podemos comprá-lo, e jamais merecê-lo. A salvação é um dom. Nada tem a ver com nosso merecimento.
Considere os meios que usamos para conseguir o que queremos. A mulher samaritana podia ter sido uma mulher da vida acostumada a vender o corpo para ganhar o seu sustento e alcançar algo melhor. Também seus clientes desejavam algo melhor e estavam dispostos a pagar o preço de um amor sintético a fim de satisfazer os seus desejos.
Muitos hoje usam métodos semelhantes a fim de comprar amor e aceitação. Muitos hoje procuram comprar o amor de Deus, e ser aceitos por Ele, tornando-se assim fornicários no sentido espiritual. Mas Jesus vem e diz que o prazer maior, a mais duradoura felicidade, adquire-se de graça. Hoje Ele nos fala como falou à mulher junto ao poço: "Se conheceras o dom de Deus..." Se você apenas conhecesse.
O desvio para este passo consiste em substituir um conhecimento acerca de religião para um conhecimento pessoal das coisas espirituais e do plano da salvação. Quando Jesus levou a samaritana a conhecer o dom gratuito da salvação, e a saber que Ele lhe conhecia o coração, ela procurou mudar de assunto. Começou uma discussão a respeito de qual seria o melhor lugar para adorar a Deus. Jerusalém ou Samaria? Ela queria esquivar-se às perguntas de Jesus. Ele, porém, foi paciente com ela, como o é conosco. Pense em tantas vezes que temos mudado o rumo e uma conversa quando nos sentimos demasiadamente pressionados. Mas o Espírito Santo não nos abandona, e Jesus ali está, à sombra, esperando que paremos de correr. A água da vida ainda está sendo oferecida gratuitamente hoje.
Às vezes nosso conhecimento de Deus é limitado, como o era o da mulher samaritana. No verso 25 de S. João 4, ela diz: Sabemos que o Messias vem. Há pessoas hoje que crescem sabendo isso. É difícil encontrar-nos em algum lugar em nossa sociedade atual, sem ouvirmos a respeito da segunda vinda de Cristo. No entanto, é possível ouvir acerca da Segunda Vinda e ver os sinais de sua proximidade, e mesmo crer que ela ocorrerá um dia, e ainda não estar bebendo do poço da água da vida que Cristo oferece.
Contudo, podemos sentir-nos gratos pelo conhecimento que temos de Deus. Pequeno conhecimento dEle é melhor que nenhum. Graças a Deus pelo que, como meninos e meninas, temos aprendido a respeito de Seu amor. Seja qual for nosso conhecimento de Deus, o Espírito Santo pode usá-lo para levar-nos a um relacionamento mais íntimo com o Senhor Jesus.

Convicção

O terceiro passo para irmos a Cristo é a convicção de que somos pecadores. Chegamos a compreender que, tenhamos ou não feito coisas erradas, nós somos pecadores. Porventura há alguém que jamais cometeu algum erro? Se há, tal pessoa ainda é pecadora porque ninguém tem de pecar para ser pecador. Basta que haja nascido para ser pecador. Como vimos no PRIMEIRO DIA, nascemos pecadores, e Jesus afirmou que para vermos o reino de Deus temos de nascer de novo. Portanto, deve ter havido algo errado com o nosso primeiro nascimento.
Muitos hesitam em dar esse terceiro passo, dizendo: ''Sou tão bom como os outros; tão bom como alguns que eu conheço e dizem ser cristãos." Caem na armadilha de comparar-se uns com os outros. Há muitos desvios aqui. Alguém pode pensar que não somos realmente pecadores e que, basicamente, somos boas pessoas. Denominações inteiras hoje se baseiam na premissa de que as pessoas no fundo são boas, e tudo o que é necessário fazer é desenvolver o bem que se acha nelas.
A Bíblia, porém, afirma em Rom. 3:10-12, que "não há nenhum justo, nem um sequer". Um dos passos para irmos a Cristo é estar dispostos a admitir isso, pois somente os pecadores necessitam de um Salvador.
Nada há que opere numa pessoa a convicção real de que é pecadora, como o olhar para Jesus e a cruz. Certa vez vi um homem muito, muito alto, com a compleição de jogador de futebol e usava uma camiseta típica. Quando pela primeira vez o vi a distância, não parecia tão alto, talvez de minha altura. Mas, ao aproximar-me dele, senti-me um anão.
Quando você espiritualmente vê Jesus a distância, e não se aproxima dEle, pode parecer que Ele não seja tão alto – talvez seja como você. Mas ao aproximar-se mais e mais dEle, você verá que Ele assoma como uma montanha cujo pico nevado imerge no azul do céu, e você se sente como um brejo na base da montanha. Foi isso que aconteceu com o apóstolo Paulo. Ele se julgava muito bom até que teve um vislumbre de Jesus. Você pode ler isto em Filipenses 3. Tendo visto a Jesus e dEle se aproximado, então tudo que antes ele considerava bom, agora contava como refugo. É, pois, olhando para Jesus que chegamos a compreender nossa condição de pecadores.

Sentir-se Desvalido

O quarto passo é o mais difícil porque algo no coração humano impede-nos de reconhecer que somos desvalidos. Ocasionalmente tenho pedido a meus alunos, ao estudarmos esses passos para ir a Cristo, que anonimamente respondessem a um questionário indicando em que passos se encontravam então. Em sua maioria colocavam-se justamente aqui – reconheciam-se pecadores, mas ainda não haviam admitido ser impotentes para fazer algo por si mesmos.
O desvio tomado por muitos neste ponto é pensar que se tentarem com mais força e por mais tempo, poderão tornar-se melhores. Mas em S. João 15:5 Jesus diz: "Sem Mim nada podeis fazer." E Jeremias lança a pergunta: "Pode acaso o etíope mudar a sua pele, ou o leopardo as suas manchas? Então poderíeis fazer o bem, estando acostumados a fazer o mal." Jer. 13:23.
Após uma reunião em certa cidade, a respeito de nossa invalidez, conversei com um médico, e ele me disse o seguinte: "Ninguém vai aceitar sua mensagem! No colégio, fui o primeiro da classe. Na faculdade de medicina alcancei o terceiro lugar. Tenho uma bela família. Tenho uma casa na cidade e outra no campo. Tenho um iate no cais e dois carros último tipo na garagem. Não me venha dizer que sou um desvalido."
Ele esquecera quem conservava o seu coração pulsando. Isso, porém, não é o principal. Há muita gente que, como esse médico, pode alcançar muito sucesso no mundo, separada de Deus, enquanto Este lhes mantém o coração batendo. Mas o ponto principal é que somos impotentes para, separados de Deus, produzir genuína bondade ou justiça. Isto não acontece até que a pessoa chegue a compreender que nada pode fazer para salvar-se espiritualmente, nem para livrar-se dos atuais pecados, erros e falhas, e até que esteja pronto a dar o passo seguinte para ir a Cristo. Ninguém jamais irá a Jesus até que tenha admitido seu fracasso e concluído que é incapaz de salvar-se a si mesmo.

Entrega

A palavra entrega significa ''dar-se por vencido". Para isso, abandonamos o quê? A nós mesmos! Desistimos da idéia de que podemos fazer alguma coisa para melhorar nossa condição – podemos apenas ir a Cristo tais quais somos. E Cristo almeja que vamos a Ele justamente como somos. De fato, este é o único meio pelo qual podemos ir a Ele. Através de nossos próprios esforços, jamais nos tornaremos pessoas melhores. Devemos ir ter com Ele Justamente como somos.
O desvio que muita gente toma aqui é procurar abandonar coisas em vez do eu. Procuramos deixar o fumo, a bebida alcoólica, o jogo. Pensamos que a vida cristã se baseia em quantas coisas alguém pode abandonar. Se a entrega significa desistir da idéia de que nada podemos fazer separados de Cristo, então para os fortes o abandono de coisas pode tornar-se um desvio para o abandono do próprio eu.
Conta-se a história de um homem que tinha um carro cuja buzina não funcionava. Levou-o então à oficina para o devido reparo. Chovia, e quando ele se aproximou da entrada da oficina, viu que a porta estava fechada, com o seguinte anúncio: "Para ser atendido, buzine." Muitas vezes nos encontramos em semelhante dilema ao procurar entregar-nos a Cristo. Importante verdade acerca da entrega total é que não se trata de algo que nós podemos fazer! Isto pode representar uma brecha importante para a pessoa que está procurando em vão entregar-se. Esse termo significa "dar-se por vencido". E se, para irmos a Cristo, é necessário que esgotemos nossos próprios recursos, então essa incapacidade teria de incluir, também, a de nos rendermos a Ele! Se me fosse possível render-me por mim mesmo, eu não teria de abandonar meu próprio eu – haveria ainda algo que eu poderia fazer.
Mas a entrega não é algo que fazemos, embora o façamos! Que quer dizer isso? Que somente Deus pode levar-nos a render-nos a Ele. Não podemos fazê-lo mesmo no devido tempo. Ninguém pode esvaziar-se do próprio eu. Somente Cristo pode realizar essa obra. Cabe-nos apenas consentir, e ao prosseguirmos nesse estudo, veremos melhor como podemos consentir.
Se você deseja suicidar-se, há muitas maneiras de fazê-lo. Pode apanhar uma arma e dispará-la na cabeça. Pode lançar-se de um edifício ou de uma ponte. Pode tomar uma dose exorbitante de uma droga letal. Há, porém, um meio pelo qual você nunca poderá matar-se. Você não pode crucificar a si mesmo. Não é possível. Se você tem de ser crucificado, outra pessoa deverá fazê-lo para você.

Nas Escrituras a cruz é usada como símbolo de rendição, morte para o eu. Jesus referiu-Se a nossa cruz, convidando-nos a tomá-la e segui-Lo (S. Mat. 16:24). Ele usa a cruz, a crucifixão, como símbolo para ensinar-nos que não podemos entregar-nos por nós mesmos; devemos permitir que Deus realize a obra por nós. E Ele está desejoso e é capaz de levar-nos a uma entrega total se tão-somente permitirmos que o faça.

A Iniciativa é de Deus

O anseio por algo melhor vem de Deus. É o Seu poder de atração que desperta nossa desejo de alcançar algo mais do que já temos. É obra do Espírito Santo convencer-nos de que somos pecadores: Ele ''convencerá o mundo do pecado'' (S. João 16:8). É Sua obra fazer-nos reconhecer nossa invalidez, pois Jesus disse: "Sem Mim nada podeis fazer.'' S. João 15:5. É Sua obra levar-nos a fazer uma entrega total, embora sejamos nós que nos entregamos.

Dos cinco passos, há apenas um no qual participamos deliberadamente: adquirir conhecimento do plano da salvação. Embora aqui também a iniciativa seja de Cristo, podemos responder-Lhe escolhendo buscá-Lo e procurando conhecê-Lo. É assim que você consente – colocando-se em condições nas quais Ele possa operar. Seja na igreja, em reuniões públicas, ou em particular diante da Palavra de Deus aberta, ou talvez ao ler esse livro, se você fizer uma única tentativa de responder à atração de Jesus e de Seu Espírito, a fim de obter melhor conhecimento do plano da salvação, Ele fará o resto.

Jesus ainda está pronto hoje a aceitar a qualquer pessoa que vá ter com Ele. ''Vinde a Mim todos os que estais cansados e sobrecarregados, e Eu vos aliviarei.'' S. Mat. 11:28. Não importa onde você esteja, quem você seja ou o que tenha sido no passado, Jesus lhe oferece Sua paz. Se você jamais foi a Ele, poderá ir agora mesmo.

Passos em Direção a Cristo


ENTREGA


SENTIR-SE DESVALIDO

CONVICÇÃO


CONHECIMENTO

DESEJO

Talvez você tenha verificado em que degrau que conduz a Cristo você se encontra. Sente um desejo por algo melhor? Compreende que Deus é amor e que Jesus morreu por você? Sente que você é pecador? Sente que nada pode fazer quanto a isso? E chegou a convencer-se de que jamais poderá fazê-lo? Então vá a Jesus, justamente como está, porque esses são os passos que levam a Ele. Deus o está atraindo para Ele, e você pode responder positivamente cada dia até Jesus voltar.

Conversão – o Novo Nascimento

Tendo dado esses passos rumo a Cristo, inclusive total entrega a Ele, a pessoa nasce de novo, ou é convertida. Que é conversão? Deve ser um passo muito importante, pois Jesus disse que ninguém verá o reino de Deus a menos que nasça de novo (S. João 3:5). Outra forma de expressar isso é que se você não nascer de novo, não poderá sequer compreender a graça divina em sua plenitude, ou o que significam a cruz e a salvação. Antes de alguém considerar importante seu relacionamento com Deus, para conhecê-Lo, é essencial o novo nascimento. Visto que o conhecimento de Deus é a base completa da vida cristã, se alguém ainda não nasceu de novo vai ter muita dificuldade em tentar vivê-la.
A conversão é uma obra sobrenatural do Espírito Santo no coração humano, conforme S. João 3. É produzida uma mudança de atitude para com Deus. Em vez de fugir dEle, você agora se volta para Ele. Cria-se nova capacidade de conhecer a Deus, como nunca se obteve antes. E então, pela primeira vez, dá-se valor ao estudo da Bíblia e à oração. Creio que ninguém começa um significativo relacionamento com Deus até que esteja convertido; e aquele que busca uma relação significativa com Ele antes da conversão, encontrará duas alternativas: ou será genuinamente convertido, ou se sentirá frustrado e desistirá de uma vez. Uma das duas. E o que faz a diferença é o senso de necessidade. Somente aquele que compreende sua profunda necessidade estará disposto a ir a Cristo, repudiando a si mesmo e a seus próprios esforços para obter a salvação.
A conversão é o começo de uma vida nova. É mudança de direção. Não é completa e imediata mudança de comportamento. O novo nascimento produz uma mudança no estilo de vida. Contudo, parece-se com o nascimento físico em que ambos constituem o início do crescimento. Não nascemos cristãos espiritualmente maduros, assim como não nascemos fisicamente amadurecidos. Existe um processo. Leva tempo para desenvolver na vida os frutos do Espírito – amor, alegria, paz, longanimidade, assim por diante – como se acham enumerados em Gálatas 5. É, porém, o começo. Ao continuarmos buscando a Deus, crescerá nossa confiança nEle e, pela contemplação, seremos transformados à Sua imagem.

"Como Posso Saber Se Nasci de Novo?"

Esta é uma pergunta freqüente: ''Como posso saber se nasci de novo?'' Apresentamos a seguir sete pontos que poderão ajudar-nos a respondê-la.
1. Para a pessoa nascida de novo Jesus Se torna o centro e foco de sua vida. "Aquele que tem o Filho tem a vida; aquele que não tem o Filho de Deus não tem a vida." I S. João 5:12. Que significa ter o Filho? Bem, que significa ter um amigo, ou esposo, ou esposa? Quer dizer simplesmente que é mantido um relacionamento com ele ou ela. Os cristãos da igreja primitiva que experimentaram uma relação pessoal com o Filho de Deus não podiam calar-se a esse respeito. Gostavam muitíssimo de pensar em Jesus, e de falar sobre Ele. E finalmente o povo disse: "Vamos chamá-los cristãos, porque o único assunto deles é Cristo."
2. A pessoa nascida de novo tem profundo interesse no estudo da Bíblia. Em I S. Pedro 2:2 o apóstolo descreve isto como desejando ardentemente o genuíno leite espiritual. O estudo da Bíblia é muito importante para o cristão convertido.
3. Aquele que nasceu de novo considerará muito importante sua vida de oração. Poderá sentir que não está orando na maneira devida e eficaz, mas persistirá orando até descobrir que conversar com Deus é parte vital do relacionamento que leva a conhecê-Lo (Veja S. João 17:3).
4. O cristão nascido de novo busca uma diária experiência com Cristo. S. Lucas 9:23: "Se alguém quer vir após Mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-Me."
5. A pessoa nascida de novo admitirá que é pecador. Não sai por aí gloriando-se de que não peca mais. Paulo, um dos maiores cristãos que já passaram por este mundo, disse: "Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal." I Tim. 1:15. Quer isto dizer que ele vivia pecando? Não, porque muitas vezes ele se refere a si mesmo como mais do que vencedor por meio de Cristo (Rom. 8:37). Mas ele se referia ao fato de que, separados de Deus, somos pecadores por natureza, e que somente pela graça de Cristo podemos ter a vitória. Sou grato pela possibilidade de ser um pecador salvo. E, porém, importante compreender que continuaremos a ser pecadores por natureza até Jesus voltar (I S. João 1:8).
6. Um dos primeiros sintomas do novo nascimento é a paz interior. Romanos 5:1: "Justificados, pois, mediante a fé, tenhamos paz com Deus''. É possível enfrentar toda sorte de lutas, provas e tumultos exteriores, e ainda ter paz interior. Você ainda não descobriu isto? Essa paz íntima constitui um dos primeiros frutos do Espírito – amor, alegria, paz.
7. Finalmente, a pessoa nascida de novo terá o desejo de contar a alguém que maravilhoso amigo encontrou em Jesus. Ao endemoninhado a quem havia curado, Jesus ordenou: ''Vai para tua casa, para os teus. Anuncia-lhes tudo o que o Senhor te fez." S. Mar. 5:19. Existe o desejo de levar a outros as boas novas, embora seja possível ao cristão convertido recusar-se a partilhar com os semelhantes o amor de Cristo (e isto resulta em perder o desejo de partilhar). Sobre isso falaremos mais no Terceiro Dia.

A Certeza da Salvação

Qual é a base da salvação? Volvamos a Efés. 2:8 e 9: "Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie.''
Eu gostaria de lembrar aqui que em nenhuma parte das Escrituras é-nos dito que a salvação vem unicamente pela graça. É sempre pela graça, mediante a fé. Se isto não fosse verdade, então todos no mundo seriam salvos, mas sabemos que isto jamais ocorrerá. Jesus disse: "Entrai pela porta estreita (larga é a porta e espaçoso o caminho que conduz para a perdição e são muitos os que entram por ela), porque estreita é a porta e apertado o caminho que conduz para a vida, e são poucos os que acertam com ela." S. Mat. 7:13 e 14. Por conseguinte, embora a graça de Deus seja suficiente para todos, não o é para alguém até que a aceite. E a aceitamos pela fé.
Ao usar a palavra fé, você está introduzindo um componente de relacionamento. Embora seja a graça um dom de Deus, ela deve ser recebida por nós. E ninguém pode ser salvo a menos que aceite o dom provido por Deus. Fé requer relacionamento, confiança mútua. É possível aceitar alguém hoje, e rejeitá-lo amanhã. E possível casar-se hoje e, dez anos mais tarde, romper o casamento. Igualmente, é possível aceitar a graça de Deus e mais tarde rejeitá-la. A fim de nos mantermos seguros da salvação, devemos aceitar a graça divina numa base contínua (S. Mat. 24:13).
Isto nos conduz a um dos principais textos que nos dizem como podemos ter certeza da vida eterna. S. João 17:3: "E a vida eterna é esta: que Te conheçam a Ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste. " A salvação implica algo mais do que aceitar a Deus uma vez. É continuar aceitando-O hoje, amanhã, na próxima semana, e todos os dias até que Ele volte. Portanto, a vida eterna, inclusive nossa esperança de alcançá-la, baseia-se totalmente na graça divina, e esta deve ser aceita em base contínua. E é nisto que consiste conhecer a Deus.
Assim, havendo dado os passos para ir a Cristo, esgotado nossos próprios recursos e aceitado a Cristo como nosso Salvador pessoal, nascemos de novo. Se continuo no mesmo relacionamento iniciado quando aceitei a Cristo, meu destino eterno está seguro. Mas se não conheço a Deus como meu Salvador pessoal, dia após dia, e se não aceito Sua graça diariamente, então o meu relacionamento com Ele corre perigo, justamente como o entrosamento com um amigo, ou esposo ou esposa, se quebra quando não há mais comunicação.
Você gostaria de ter hoje certeza da salvação? É oferecida a todos os que vão a Cristo e continuam indo a Ele. A única pergunta que você deve fazer a si mesmo é esta: Conheço a Deus? Dedico tempo cada dia para comunicar-me com Ele mediante Sua palavra e a oração? Estou em boas relações com Deus? A todos quantos prosseguem buscando essa comunhão pela fé com Ele é assegurada a vida eterna.

A Receita Espiritual

Eu costumava pensar que para ser cristão bastava esforçar-me para levar uma vida decente, e se tomasse algum tempo extra para ler a Bíblia e orar um pouco, agradaria a Deus! Só muito tempo depois descobri que a comunhão com Deus é a base total da vida cristã. Isto é tudo. Não há opção. Não se trata de algo que eu possa escolher tomar, ou tirar. E enquanto não compreender e aceitar esta premissa, não farei tudo que puder, pela graça divina, para conseguir uma significativa comunicação com Deus.
Não é possível conhecer a Deus e relacionar-se com Ele sem que você dedique tempo para estarem juntos. É muito simples. Meu pai costumava contar a história de um homem que treinou seu cavalo para não comer. Era muito mais econômico. Mas justamente quando ficou treinado, o cavalo morreu. Este foi, naturalmente, um resultado lógico. Pode ser que, como o camelo vive de sua reserva, eu consiga viver por algum tempo, mas se não me alimentar fisicamente, mais cedo ou mais tarde acabarei num montículo à beira do caminho, e tudo chegará ao fim. Assim a pessoa que experimentou o gozo de ir a Cristo e tornou-se cristão, pode prosseguir por algum tempo sem tomar tempo para nutrir a alma, mas um dia acabará num deplorável montículo na calçada.
Ao estudar a vida de Jesus, você descobre que Ele freqüentemente estava em comunhão com o Pai. As primeiras horas da manhã ou da noite, Ele as passava em oração a fim de receber poder para realizar Sua obra. Se Lhe era necessário fazer isto, quanto mais devemos nós passar mais tempo com Deus.
Quando Deus criou este mundo, mesmo antes da entrada do pecado, Ele separou um dia dos sete para especial comunhão com Seu povo. Há uma rica bênção espiritual para aqueles que, pondo de lado suas atividades seculares usam esse tempo para achegar-se mais a seu Amigo e Criador.
Em S. João 6, Jesus apresenta-nos a analogia entre a vida espiritual e a vida física. Assim como é insuficiente comer apenas uma vez por semana, não importa quão nutritivo possa ser o alimento, também não podemos esperar ter saúde espiritual alimentando-nos espiritualmente só uma vez por semana.
Desejo dar-lhe uma receita espiritual uma receita para uma radiante vida espiritual. É a seguinte: "Dedique tempo, a sós, no começo de cada dia, para buscar a Jesus mediante o estudo da Bíblia e a oração." Vamos recapitular e considerar mais detidamente cada um destes pontos.

Dedique Tempo

Aprendemos que a salvação vem pela graça mediante a fé. Que é fé? Fé é confiança em Deus. Fé é confiança em outra pessoa. Por um momento pense em como você aprendeu a confiar em alguém neste mundo. Para confiar em alguém, você precisa de duas coisas: Primeiro, você precisa de alguém digno de confiança. Segundo, você precisa relacionar-se com essa pessoa. Daí você confiará nela espontaneamente. Por outro lado, se você conhece alguém indigno de confiança, você desconfiará dele imediatamente!
Mas a premissa do evangelho é que Deus é totalmente confiável. Portanto, tudo o que você tem de fazer para aprender a confiar nEle é buscá-Lo e conhecê-Lo. Como, porém, você conseguirá conhecê-Lo?
Bem, como chegamos a conhecer alguém? Temos de comunicar-nos com ele. E para comunicar-nos com ele, temos de tomar tempo. É tomando tempo para comunicar-nos com Deus que adquirimos confiança nEle. Assim, para "combater o bom combate da fé'' (I Tim. 6:12), devemos envidar esforços para conhecermos pessoalmente o único que é digno de nossa confiança. É impossível desenvolver o relacionamento com alguém sem dispor de tempo para a comunicação mútua.
Tempo. Desejo afirmar a você que é neste ponto que deve centralizar-se todo deliberado esforço na vida cristã. Todo. Não dedico parte de meu tempo e esforço procurando ser bom, e parte dele ao relacionamento com Deus. Ponho todo meu determinado esforço em conseguir tempo para estar com Deus, e então, mediante uma experiência de fé e dependência dEle, Ele completa a obra da salvação em mim.
Quanto tempo? Bem, ler diariamente um trecho bíblico, com a mão na maçaneta da porta, não será suficiente. Da analogia que Jesus fez entre o alimento físico e o espiritual, aprendemos que devemos gastar pelo menos tanto tempo para alimentar nossa vida espiritual quanto o gastamos para alimentar nossa vida física. E que essa hora ou meia hora de meditação com Deus seja o tempo mais importante de nosso dia.
"Oh, não tenho tempo", você diz. Se não tenho tempo para Deus, então não tenho tempo para viver. Acredita nisto? Você sabe que se tem provado ao público em geral que, para a televisão, o tempo não é problema. Cumpre-se de modo atual, o velho adágio que diz que você sempre tem tempo para o que você considera realmente importante. Portanto, tome tempo para conhecer a Deus.

Tome Tempo, a Sós

Talvez você já tenha escutado a história do homem que vivia constantemente preocupado. Os amigos começaram a temer que, devido a tanta preocupação, ele baixasse logo à sepultura. Começaram a ficar preocupados acerca da preocupação daquele homem!
Mas um dia um amigo o encontrou na rua e percebeu-lhe uma expressão totalmente diferente no semblante. Estava calmo, em paz. Então lhe perguntou:
– Que aconteceu? Você parece diferente!
– Afinal encontrei uma solução para minha ansiedade – respondeu o homem.
– Que maravilha! Qual é?
– Pago alguém para que se preocupe por mim.
– Jamais ouvi tal coisa. Quanto você paga? disse o amigo.
– Quatrocentos dólares por mês.
– Quatrocentos dólares! – exclamou o amigo.
– Impossível! Como você pode pagar-lhe isso?
– Não sei – respondeu o homem. – Isto é a primeira coisa com que ele tem de preocupar-se.
Parece ridículo supor que você pudesse alugar alguém para ficar preocupado em seu lugar. Seria ridículo imaginar que você pudesse pagar alguém para comer por você. Todavia no reino espiritual tem-se freqüentemente aceitado a prática de pessoas dependerem de outrem para estudar, orar e buscar a Deus por elas.
A Bíblia nos ensina que cada um deve buscar a Deus por si. Vejamos antes de tudo S. João 1:43-45: ''No dia imediato, resolveu Jesus partir para a Galiléia, e encontrou a Filipe, a quem disse: Segue-Me. Ora Filipe era de Betsaida, cidade de André e de Pedro. Filipe encontrou a Natanael e disse-lhe: Achamos Aquele de quem Moisés escreveu na lei, e a quem se referiram os profetas, Jesus, o Nazareno, filho de José."
Ora, justamente ali Filipe estava demonstrando um pouquinho de imaturidade ou falta de percepção, não é mesmo? Ele devia ter dito: "Jesus do Céu, o Filho de Deus." "Perguntou-lhe Natanael: De Nazaré pode sair alguma coisa boa? Respondeu-lhe Filipe: Vem e vê." Verso 46. Eis a frase: "Vem e vê". Qualquer erro que Filipe cometera antes, isto o compensou.
Você jamais falhará se você for e vir por você mesmo. Natanael foi e viu por si mesmo, e tornou-se leal seguidor do Senhor Jesus.
Neste mesmo capítulo, já estudamos a história da mulher samaritana que teve um encontro com Jesus junto a um poço.
Vejamos S. João 4:28-30: "Quanto à mulher, deixou seu cântaro, foi à cidade e disse àqueles homens: Vinde comigo, e vede um homem que me disse tudo quanto tenho feito. Será este, porventura, o Cristo? Saíram, pois, da cidade e vieram ter com Ele."
Leiamos agora o verso 39: ''Muitos samaritanos daquela cidade creram nEle, em virtude do testemunho da mulher, que anunciara: Ele me disse tudo quanto tenho feito."
Freqüentemente as pessoas se impressionam com coisas sensacionais, espetaculares. Por isso muitos creram devido ao testemunho da mulher. E quanto ao que sabemos a seu respeito, ela não era provavelmente pessoa digna de crédito. Alguns, porém, acreditaram por uma razão superior.
Atente para o resto da história: "Vindo, pois, os samaritanos ter com Jesus, pediam-Lhe que permanecesse com eles; e ficou ali dois dias. Muitos outros creram nEle, por causa de Sua palavra, e diziam à mulher: Já agora não é pelo que disseste que nós cremos; mas porque nós mesmos temos ouvido e sabemos que este é verdadeiramente o Salvador do mundo." Versos 40-42.
Acha-se registrado em Atos 17:11 que as pessoas de Beréia eram mais nobres do que as de Tessalônica porque estudavam as Escrituras para descobrir por si mesmas "se as coisas eram de fato assim''. E em II Tim. 2:15, Paulo recomenda a Timóteo: "Procura apresentar-te a Deus, aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.'' Devemos levar muito a sério nosso relacionamento com Deus.
Tempo a sós. Devemos estudar a Palavra por nós mesmos e orar a sós. Somente então o culto familiar e o culto público adquirirão significado. Separada da vida devocional particular de cada indivíduo, a adoração pública tornar-se-á mera formalidade ou rotina. É quando mantemos um relacionamento mútuo com Deus, que chegamos a conhecê-Lo por nós mesmos.

No Começo...

No Salmo 5:1-3, lemos: "Dá ouvidos, Senhor, às minhas palavras e acode ao meu gemido. Escuta, Rei meu e Deus meu, a minha voz que clama, pois a Ti é que imploro. De manhã, Senhor, ouves a minha voz; de manhã Te apresento a minha oração e fico esperando."
Outro texto clássico sobre este assunto encontra-se em Isa. 50:4: "O Senhor me deu língua de eruditos, para que eu saiba dizer boa palavra ao cansado. Ele me desperta todas as manhãs, desperta-me o ouvido para que eu ouça como os eruditos."
Muitas passagens em Isaías, incluindo este verso, referem-se a Jesus. Muitas vezes é registrado o exemplo de Jesus orando, como em S. Mar. 1:35: ''Tendo-Se levantado alta madrugada, saiu, foi para um lugar deserto, e ali orava." Daniel orava três vezes por dia: de manhã, ao meio-dia e à noite (Dan. 6:10). Somos convidados a seguir os exemplos registrados para nosso benefício (Ver II Tim. 3:16).
Se quero comunicar-me com Deus, ser sensível à Sua direção, depender de Seu poder e não do meu próprio, e se isto é uma questão diária, então não é demasiado tarde pedir Sua direção para o dia justamente antes de me deitar à noite? Se a religião é algo para cada dia, é bastante óbvio que necessitamos de poder. Coisa ridícula você preencher um cheque se você não tem dinheiro no banco. Em Hebreus 4 lemos que Jesus é fiel Sumo Sacerdote, "tentado em todas as coisas, à nossa semelhança" (verso 15). E continua: "Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna." Verso 16. Note a seqüência. Durante nosso tempo com Deus de manhã recebemos dEle poder para que durante o dia tenhamos provisão suficiente para suprir nossas necessidades.
Aqueles que têm tido dificuldade quanto à sua vida devocional e que se têm apoiado nos últimos momentos antes de ir para a cama, poderão descobrir que um dos maiores auxílios lhes será deixar esses momentos para a primeira coisa a fazer de manhã. Se tomamos nossa cruz diariamente, é mais sensato fazê-lo no início do dia.

... De Cada Dia

Uma das importantes razões para fazer do encontro com Deus a primeira coisa de cada manhã é estabelecer o propósito de firmeza. O testemunho geral que tenho muitas vezes ouvido é que quando o tempo a sós com Deus é deixado para o último momento antes de deitar-se, torna-se espasmódico, às vezes sim, às vezes não. O
objetivo da comunhão diária com Deus é a comunicação. É desnecessária a pergunta: "Que acontece se falho um dia?" Esta não é a questão. O importante é o padrão estabelecido. Se mantiver uma comunicação regular, você terá um relacionamento. Isto é verdade com outras pessoas, a o é também com Deus. Se sua comunicação é apenas esporádica, o relacionamento será prejudicado. É possível que apenas por um dia você se distancie de Jesus, e poderá levar tempo para recobrar a paz que você perdeu. Dá-se isso porque Deus gosta de brincar de esconde-esconde, ou talvez para punir você por sua negligência de um dia? Não. Quando, porém, negligenciamos nossa comunhão pessoal com Deus, há um inimigo que tira o maior proveito; não é mesmo?
O diabo usará qualquer manobra possível para separar-nos de Jesus e manter-nos a distância dEle. Veremos mais alguns dos seus métodos no Terceiro Dia. Quando descuidamos de nossa comunhão pessoal com Deus, Satanás faz todo o possível para que a separação continue. Nossa única salvaguarda consiste em dar a Deus a prioridade cada dia, aconteça o que acontecer. E ao buscá-Lo cada dia, nossa amizade e companheirismo com Ele se aprofundarão.
Não somos salvos por nossa vida devocional. Somos salvos pela nossa aceitação do sacrifício que Cristo fez por nós na cruz, e por continuarmos aceitando-O diariamente. Visto, porém, que muitos cristãos permitem que se extinga seu relacionamento com Cristo, sua segurança também desaparece. Freqüentemente Jesus é pouco conhecido mesmo entre Seus professos seguidores. Não admira, portanto, que lhes seja difícil confiar nEle para a salvação. Quando, porém, cada dia dedicamos algum tempo para meditar sobre o Seu amor, fica muito mais fácil conservar esse amor vivo em nossa mente e crer na Sua amorosa aceitação.

Buscar a Jesus

João, o amado, andou com Jesus durante três anos. Sabia o que significava comer com Ele, viajar com Ele, tocá-Lo, ajudá-Lo em Suas necessidades diárias. E por três anos João discutia com os outros discípulos acerca de qual deles seria o maior. Por três anos ele era ainda filho do trovão.
Aqueles que pensavam que pela conversão e por andar com Jesus, alguém pode ser transformado da noite para o dia (e se isto não acontece, não houve experiência genuína), fariam melhor em olhar novamente para João, Pedro e os outros discípulos. Mesmo no cenáculo, na noite anterior à crucifixão, eles ainda contendiam acerca de qual deles seria o maior. Sabiam que estavam errados, mas continuavam a discutir, mesmo sentindo-se envergonhados. Mas Jesus os tratou com bondade e paciência, e mesmo depois de ter voltado para o Céu, João e os outros continuaram a andar com Ele.
Anos mais tarde João escreveu em sua epístola geral: "O que era desde o princípio, o que temos ouvido, o que temos visto com os nossos próprios olhos, o que contemplamos e as nossas mãos apalparam com respeito ao Verbo da vida... o que temos visto e ouvido anunciamos também a vós outros, para que vós igualmente mantenhais comunhão conosco. Ora, a nossa comunhão é com o Pai e com Seu Filho Jesus Cristo." I S. João 1:1-3. João disse, anos depois que Jesus retornara ao Céu: ''Temos comunhão com Jesus Cristo.''
Você também pode ter comunhão com Cristo. Este é o propósito da vida devocional. E o andar, falar e comungar com Ele visam à comunhão. Em toda a nossa experiência devocional o convite, o desafio, é ler com o objetivo de nos comunicarmos, de termos comunhão com Jesus. "Queremos ver a Jesus." S. João 12:21. Ora, se aceitamos isso como verdade, vai produzir alguma influência no que lemos.
Não faz muito tempo, eu estava lendo o livro de Juízes. Gosto de ler um pouco do Velho Testamento, junto com o Novo. Na primeira parte de Juizes li acerca das muitas batalhas e vitórias e conquistas dos povos de Canaã. Na segunda parte, li sobre os meticulosos limites estabelecidos. A descrição dos territórios de cada tribo, como as fronteiras da tribo de Benjamim iam de uma parte a outra, incluindo isto e aquilo. Depois de ler alguns capítulos achei difícil ver Jesus ali.
Há tempo e propósito para o estudo de cada livro da Bíblia, mas se o objetivo principal da vida devocional é buscar a Jesus, a que dedicarei mais tempo? Ao estudo da última parte do livro de Juízes, ou do Sermão do Monte? É possível que os Dez Mandamentos se tornem uma arma letal nas mãos de alguém que não sabe sentar-se com Maria aos pés de Jesus e aprender de Seu amor e bondade. A lei e o evangelho devem andar juntos. É buscando Jesus onde Ele é mais claramente revelado que gozamos comunhão com Ele e crescemos mais e mais à Sua semelhança. O propósito da vida devocional é aprender a conhecê-Lo e a nEle confiar mais plenamente.

Mediante o Estudo da Bíblia

Como estudar a Bíblia a fim de alcançar uma expressiva vida devocional? Salientemos o fato de que você olha primeiramente para Jesus. A vida eterna não resulta de simples pesquisa das Escrituras. Leia S. João 5:39 e 40. Os líderes religiosos pesquisavam muito as Escrituras. Mas assim mesmo rejeitaram a Jesus e recusaram-se ir a Ele. Indo a Jesus temos vida; as Escrituras são primariamente um meio de chegarmos a Ele.
Havia um fariseu, chamado Nicodemos, que foi ter com Jesus à noite. Em essência, eis o que ele disse ao Mestre: "O Senhor é um grande Mestre, e eu não sou tão mau. Pertenço ao Sinédrio. Vamos ter um debate."
Jesus disse: "Você precisa nascer de novo.'' Isto se encontra no terceiro capítulo de S. João. Visto que não estava ainda convertido, Nicodemos não podia compreender as coisas do reino de Deus. Em I Cor. 2:14 lemos: "Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las porque elas se discernem espiritualmente."
A compreensão das Escrituras depende não tanto do esforço intelectual empregado na pesquisa, mas do fervente anseio por justiça. O homem carnal está em inimizade contra Deus. Se ainda não nascemos de novo, invariavelmente usamos a Palavra de Deus unicamente para informação. É quando nascemos de novo que somos pela primeira vez capacitados a experimentar a comunhão com Cristo mediante as Escrituras. E o objetivo principal do estudo da Bíblia não é informação, mas sim comunicação.
A Bíblia não é fundamentalmente um compêndio de História. Ao lê-la, coloque-se no quadro. Se você está lendo sobre a mulher junto ao poço, você é essa mulher. Você é um daqueles que estão buscando satisfazer os anseios do coração com as coisas do mundo. Você é um dos que estão procurando algo melhor. E você é um daqueles que afinal se encontram face a face com o próprio Cristo. Se você lê a respeito da ovelha perdida, você é a ovelha perdida. Você é um daqueles que o Pastor veio buscar. Você é um dos que Ele carrega aos ombros para a segurança do aprisco. Ao ler sobre o ladrão na cruz, você é o ladrão na cruz. Você é aquele que diz: "Jesus, lembra-Te de mim." S. Luc. 23:42. E a você é dada a resposta: "Estarás comigo no paraíso.'' Verso 43.
Às vezes as pessoas indagam: "Que devo fazer quando minha mente começa a divagar?'' Bem, permita-me fazer-lhe uma pergunta: Quando você estava no colégio e tinha que estudar a matéria maçante, o que você fazia quando sua mente vagueava? Atirava o compêndio na cesta de lixo e abandonava o colégio? ou você persistia relendo o texto até compreendê-lo bem?
Se as lições no colégio têm que ver com apenas nossos setenta anos, e as Escrituras lidam com a eternidade, você não deveria pelo menos dar à Bíblia o mesmo valor dado aos livros escolares?
O propósito principal do estudo da Bíblia é entrar em comunhão e companheirismo com Jesus. Quando, ao abrir a Sua Palavra você suplica a Sua presença, e coloca-se no quadro para compreender o que Ele diz a você cada dia, então você chega a conhecê-Lo melhor e tem mais confiança nEle.
... e Oração

O que torna a igreja cristã diferente de um clube, ou associação, ou organização secular, é a oração. É a oração que estabelece a diferença entre o Cristianismo e as outras religiões do mundo. Sem oração, nada mais temos senão um Livro de informação e um credo pelo qual viver. Mas o fato de que podemos realmente falar com Deus, comunicar-nos com Jesus Cristo, faz da oração a prioridade máxima na vida cristã.
Voltemos a S. Luc. 18:10-14 a fim de fazer melhor colocação deste assunto e sua importância. "Dois homens subiram ao templo com o propósito de orar: um fariseu e o outro publicano. O fariseu, pasto em pé, orava de si para si mesmo, desta forma: Ó Deus, graças Te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros, nem ainda como este publicano; jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho. O publicano, estando em pé, longe, não ousava nem ainda levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, sê propício a mim, pecador! Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; portanto, todo o que se exalta será humilhado; mas o que se humilha será exaltado.''
Um dos primeiros pré-requisitos para uma significativa vida de oração é a humildade. Somente a pessoa que deu os passos em direção a Cristo, que foi convencida de que é pecadora e impotente para salvar-se a si mesma, torna-se humilde e submissa a Cristo. Seria possível a uma pessoa jamais compreender o mais profundo significado da oração porque nunca foi a Cristo? E bem possível.
Uma vez, porém, que entendamos que a base completa da vida cristã é a comunhão com Cristo, e vamos a Ele para sermos salvos, somos capacitados a orar como convém. Foi quando admitiu sua condição pecaminosa e foi ter com Deus suplicando misericórdia, que o publicano foi justificado.
Uma das idéias comuns sobre oração é que seu principal objetivo é conseguir respostas. Eu gostaria de afirmar que, se seu propósito em orar é obter resposta, não levará muito até que você pare de orar. Ter a vida eterna significa estar envolvido em conhecer a Deus. Este é o objetivo maior da oração. E principalmente para comunhão, comunicação – e não para obter respostas.
Quanto tempo durariam suas relações humanas se seu único propósito em falar com outros fosse obter respostas, e conseguir deles alguma coisa? Ora, conversamos com nossos amigos justamente para manter a amizade. O mesmo deve acontecer quanto à oração. Jesus disse: "Buscai, pois, em primeiro lugar, o Seu reino e Sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas." S. Mat. 6:33. Isto se refere às necessidades da vida. Deus conhece nossas carências. A finalidade precípua da oração não é pormenorizar nossas necessidades para Deus. E desenvolver e manter amizade com Ele.
Esse assunto, sobre a oração, é inexaurível. Livros inteiros têm sido escritos a respeito, e têm apenas tocado a superfície. Mas há outro ponto que eu gostaria de mencionar brevemente agora, isto é, não devemos ter pressa quando oramos. Muitos, mesmo em períodos devocionais, deixam de receber a bênção da verdadeira comunhão com Deus. São demais apressados. Com passos rápidos penetram no círculo da amorável presença de Jesus, demorando-se talvez alguns momentos no recinto sagrado, mas não esperam os conselhos divinos. Não têm tempo para demorar-se com o divino Mestre. E voltam ao trabalho carregando suas cargas. Esses jamais alcançarão maior êxito a menos que aprendam o segredo da fortaleza. Devem tomar tempo para pensar, orar, esperar em Deus por uma renovação de suas forças físicas, mentais e espirituais. Não ficar apenas um momento na presença divina, mas manter contato pessoal com Deus – eis nossa necessidade.
Orar sem pressa é um dos maiores segredos de ter comunhão pessoal com Cristo.

A Vida Devocional

Desejo concluir recapitulando brevemente a típica vida devocional esboçada nesta receita espiritual.
No início do seu dia, na hora propícia de acordo com suas ocupações, procure algum lugar em que possa estar só. Antes de tudo, faça uma breve oração suplicando a guia do Espírito Santo, a fim de ser dirigido em sua comunhão com Deus. Então estude algo sobre a vida de Cristo, focalizando Jesus, e coloque-se no cenário com Ele. Então você se verá novamente dando os passos em direção dEle para aquele dia, convencido de que é pecador, impotente para salvar a você mesmo, e se submeterá ao controle divino.
Depois de meditar no trecho do dia, faça uma oração mais longa, falando com Deus a respeito do que você leu. Isto reaviva sua hora diária de oração, e impede que se torne mera rotina, apenas a repetição de certas frases decoradas.
Após ter falado com Deus a respeito do que você leu, acrescente os pedidos que você sentir necessários, tanto por você mesmo quanto por outros. Ao terminar sua oração, faça uma pausa e espere. Continue em atitude de prece e aguarde para ver se Deus quer comunicar-lhe algo também.
Creio que Deus nos fala através da nossa mente. Às vezes você terá consciência disso, outras vezes não. Mas se você permanecer de joelhos e permitir que Deus impressione sua mente, você descobrirá que às vezes Ele tem mensagens especiais para você, percepções de verdades espirituais, ou convicções quanto aos planos divinos para você nesse dia.

E se Não Der Resultado?

Freqüentemente tenho ouvido dizer: "Tentei praticar essa vida devocional, mas não funciona." E tenho respondido: "Por quanto tempo você experimentou?" "Por três dias."
Ora, não esperamos que nossas relações humanas se desenvolvam tão rápido! Como podemos esperar que nosso relacionamento com Deus amadureça em tão curto tempo? A única conclusão a que você pode chegar é que se você se propuser firmemente de agora em diante a passar cada dia um tempinho a sós com Deus, e se continuar fazendo isso até Jesus voltar, então você chegará a conhecê-Lo, e esse conhecimento significa vida eterna.
Você deseja conhecer a Deus? Tome tempo, a sós, no início de cada dia, para buscar Jesus mediante o estudo da Sua Palavra e a oração. E você terá comunhão íntima com o melhor Amigo de Sua vida.

COMO CONHECER A DEUS - PRIMEIRO DIA

COMO CONHECER A DEUS
Um Plano de Cinco Dias

Morris Venden
Título do Original em inglês:
TO KNOW GOD
Tradução de Edith Teixeira
CASA PUBLICADORA BRASILEIRA
Tatuí - São Paulo - Primeira edição
Cinco mil exemplares - 1989

Deus é amor. Mas como posso ter certeza disto? Por que, afinal, necessito de Deus?
Como posso saber que estou salvo? Como posso manter um relacionamento pessoal com Deus, se não O posso ver nem ouvir? Como posso ter fé nEle quando tudo vai mal? O que acontece quando falho?
Estas e outras perguntas são respondidas nesta obra. O autor propõe um plano de conhecimento e relacionamento com Deus em cinco dias. Depois de ler esta obra e pôr em prática os seus ensinos, você nunca mais será o mesmo.

Como Conhecer a Deus. Um Plano de 5 Dias
Que significa conhecer a Deus em cinco dias? Não leva muito tempo – nem mais, nem menos. Venden, o autor, não enfatiza tanto o elemento tempo quanto a possibilidade; não tanto o saber algo acerca de Deus, mas o fato de conhecê-Lo, de ter um relacionamento pessoal e positivo com Ele. Por isso o autor ressalta essa possibilidade em cinco etapas, ou passos. Ao você compreender como conhecer a Deus, você poderá conhecê-Lo como nunca antes. Como pastor de igreja das nossas escolas superiores já por muitos anos Morris Venden adquiriu muita experiência em lidar com as mentes inquiridoras. Autor de vários livros e orador grandemente solicitado, ele tem demonstrado sua habilidade para expressar e ilustrar seus temas. O beneficio que você obterá desta apresentação de Deus poderá alcançar a eternidade.

PRIMEIRO DIA

Deus é amor. Mas como posso ter certeza disto?
Como posso saber justamente como Ele é?
Por que, afinal, necessito de Deus?

Na verdade, ninguém ficou surpreso porque a cerimônia nupcial não começou na hora marcada. Existe algo com os casamentos que faz com que em geral se atrasem. Talvez seja pelo grande número de pessoas envolvidas, que precisam aprontar-se. No entanto, as damas de honra já estavam no local determinado. Como se dá costumeiramente, havia o corre-corre dos últimos preparativos entremeados de rápidos olhares ao relógio.
– O noivo ainda não chegou?
– Ainda não, mas chegará logo.
– Que terá acontecido com ele?
– Não posso sequer imaginar. Certamente chegará logo.
Mas ele não chegava. Não chegava. E não chegava. Os trajes das damas estavam imaculados. O cabelo devidamente penteado. Cada moça levava uma refulgente lâmpada acesa, e achava-se pronta para unir-se ao cortejo nupcial. Cada uma delas aguardava ansiosamente a chegada do noivo para que a cerimônia pudesse começar. Ele, porém, não chegava.
Com o passar dos minutos e das horas, as jovens ficaram mais preocupadas. Ficaram cansadas. Uma por uma, cuidadosamente puseram de lado suas lâmpadas, e procuraram um lugar confortável para sentar-se enquanto esperavam. A noite estava serena. O dia fora muito exaustivo. Afinal, todas as dez damas adormeceram – e não era para admirar, pois já era quase meia-noite, e o noivo não chegara ainda.
À meia-noite ouviu-se o clamor: "Aí vem o noivo!"
De um salto, todas se puseram em pé. A agitação dos preparativos dos últimos minutos começou novamente. Consternadas, as damas viram que a luz das lâmpadas estava muito fraca. O óleo acabara, e a chama estava quase se extinguindo. Cinco apressaram-se a reabastecer as suas lâmpadas, mas cinco não tinham azeite em reserva. Não se haviam preparado para uma espera tão longa. Por isso, mesmo enquanto vigiavam, suas luzes tremularam e se apagaram.
"Alguém tem azeite de sobra?'' perguntaram repetidamente; mas ninguém tinha azeite sobrando. O noivo apareceu. Era a hora do cortejo começar. As cinco que tinham óleo nas lâmpadas, uniram-se à procissão festiva. Mas as outras cinco, cujas lâmpadas se apagaram, haviam saído a toda pressa para comprar ou pedir emprestado mais azeite.

Escassez de Azeite

Agora já passava da meia-noite. Embora tivessem procurado na cidade inteira, as cinco damas não conseguiram azeite. Finalmente, voltaram para a festa do casamento, dizendo: "Perdemos a cerimônia nupcial, mas pode ser que pelo menos consigamos participar da recepção." Chegando, porém, ao salão da festa, encontraram a porta fechada. Podia-se ouvir o som de risos e música. Então elas bateram repetidamente. Afinal, a porta foi aberta, pelo próprio noivo.
"Deixe-nos entrar. Nós deveríamos estar participando da festa." O noivo examinou as jovens que ali se achavam perante ele. Assemelhavam-se mais a garotas da rua do que damas de honra. Suas vestes estavam amarrotadas e manchadas. Ele não as reconheceu. Vagarosamente meneou a cabeça, e disse: "Não vos conheço." E fechou a porta. Elas perderam a festa.

"Não vos Conheço"

Foi Jesus o primeiro a contar esta parábola. Você pode lê-la na sua Bíblia, no capítulo 25 de S. Mateus. Ele queria impressionar Seus ouvintes com a importância de conhecerem a Deus por si mesmos. Visto que Ele não reconheceu as cinco moças, não lhes permitiu participarem do banquete nupcial.
Esta mesma verdade é ensinada em S. Mateus 7:21-23. Jesus fala a respeito de alguns que virão no último dia, alegando ser Seus seguidores. Estes, porém, serão rejeitados porque, menciona-se a razão: "Eu nunca vos conheci."
O Cristianismo, a religião, a vida eterna consistem em conhecer a Deus. A Bíblia diz: ''E a vida eterna é esta: que Te conheçam a Ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste." S. João 17:3.
Há, no entanto, idéias conflitantes a respeito de como Deus é. Segundo alguns, Ele é vingativo, cheio de ira, arbitrário. outros retratam-no como uma espécie de Papai Noel, cujo propósito principal é satisfazer todos os desejos de Seu povo. E ainda outros O consideram como uma gigantesca gelatina, incapaz de ferir alguém, mas sempre amoldável e permissivo.
Falam-nos do amor de Deus. Mas também nos falam de Sua ira, Seu furor, Seus castigos. As Companhias de Seguro classificam os desastres da Natureza como "os atos de Deus''. Pessoas sofredoras repetidamente indagam: "Por que Deus faz isto comigo?'' Por um lado, os pregadores falam do amor, misericórdia e paciência de Deus; e por outro lado, apresentam Seus terríveis juízos. E os ouvintes se surpreendem.
É propósito deste livro ajudar você a descobrir por você mesmo como Deus realmente é; mostrar como você pode aprender a conhecer Aquele a quem conhecer significa vida eterna. O alvo de Deus para cada um de nós é que nos relacionemos pessoalmente com Ele. Almeja tornar-Se nosso Amigo. E hoje nos diz: "Com amor eterno te amei, por isso com benignidade te atrai." Jeremias 31:3.
Ele está à espera de nossa resposta ao Seu amor, de nosso companheirismo com Ele. Para fazer isto, porém, devemos saber por nós mesmos como Ele realmente é.


Como Deus É Revelado

Uma das maneiras de relacionar-nos com Deus é procurá-Lo revelado na Natureza. A esse respeito Davi assim diz no Salmo 19:1: ''Os céus proclamam a glória de Deus e o firmamento anuncia as obras de Suas mãos." Podemos ver a Deus na Natureza. Ele é retratado no refulgente pôr-de-sol no céu de verão, no vôo sem esforço da andorinha. Podemos pensar nEle ao contemplarmos as montanhas coroadas de neve, as verdes colinas cobertas de flores, ou o inesperado desabrochar de botões no deserto. Através da Natureza podemos aprender algo sobre o amor de Deus.
É muito importante a revelação que a Natureza nos dá de Deus. Ele chegou ao ponto de separar um dia em sete, a fim de lembrar-nos do Seu poder criador. Você pode ler isto em Êxodo 20. Esse mandamento nos foi dado para nos fazer lembrar do sétimo dia, e a razão é apresentada no verso 11: ''Porque em seis dias fez o Senhor os céus e a Terra, o mar e tudo que neles há, e ao sétimo dia descansou; por isso o Senhor abençoou o dia de sábado, e o santificou."
As obras da Natureza fazem-nos lembrar não somente o amor e o cuidado de Deus por todas as Suas criaturas, mas também o fato de que Ele é o Criador. Somos simplesmente Suas criaturas. O sétimo dia foi dado como memorial da Criação. E esse memorial não teve início depois da queda do homem. Era necessário conscientizar-nos a respeito da natureza humana – não somente sua natureza pecaminosa, mas também de sua natureza dependente, como criatura. É por isso que um dia especial de adoração não é limitado particularmente a um tempo ou nação. O relacionamento de Deus com Suas criaturas, e Seu constante cuidado por ela nos dão lições de Seu amor.

Mas as Flores Fenecem...

Contudo, a Natureza possui um lado negativo. As flores fenecem. O cervo malhado é apanhado e morto pelo lobo. A neve do inverno faz com que muitas das criaturas selvagens pereçam de fome. Onde está, pois, o amor de Deus? Até nos cenários mais lindos e tranqüilos, contemplando-os de novo, podemos ver sinais de morte e decadência.
Embora evidências remanescentes nos façam pensar num Deus Criador, há também em toda parte sinais evidentes dos efeitos do pecado.

O Amor Humano Revela o Amor de Deus

Deus é revelado através dos laços do amor humano. Podemos vê-Lo retratado na mãe que embala nos braços o seu filhinho. Podemos ver o Seu cuidado no pai carregando o seu filho nos ombros. Podemos contemplá-Lo no professor ou pastor que toma tempo extra para ouvir alguém. O incansável anelo de Deus por nós manifesta-se nos soluços de uma mãe presenciando a execução de um criminoso empedernido – seu filho. O amor divino se revela na confraternização e interesse mútuo de amigos e queridos.
A Bíblia alude a essa revelação do amor de Deus. "Como um pai se compadece de seus filhos, assim o Senhor Se compadece dos que o temem." Salmo 103:13. "Acaso pode uma mulher esquecer-se do filho que ainda mama, de sorte que não se compadeça do fruto de seu ventre?'' Isaías 49:15. "Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a própria vida em favor dos seus amigos." S. João 15:13.
Mas que dizer daquele homem em Madeira, na Califórnia, que durante meia hora espancou sua filhinha de seis anos porque ela não chorava? Afinal, ela disse: "Papai, posso beber um pouco de água?'' E morreu. Nesse caso, onde estava o amor de Deus? O que dizer dos bebês espancados, crianças abandonadas, lares desfeitos, amizades destruídas, corações estraçalhados? Como pode ser o amor de Deus assim revelado? As próprias Escrituras nos lembram dos limites do amor humano comparado com o amor divino. Isaías 49:15 prossegue, respondendo à pergunta: "Pode uma mulher esquecer-se do filho que ainda mama?'' Sim, ela pode esquecer. O amor humano representa o amor divino mas de modo muito imperfeito.

A Bíblia Revela a Deus

Deus é revelado em Sua Palavra, a Bíblia. É-nos dito que Deus é tardio em irar-Se e grande em benignidade (Jonas 4:2); tem prazer na misericórdia (Miquéias 7:18); Ele é amor (I S. João 4:8). Mas você já leu a Bíblia e ficou confuso? Já ficou a pensar no Deus do Antigo Testamento? Já refletiu a respeito dos juízos, trovões e ameaças do Deus dos israelitas?
Com nossa mente limitada, é possível que na própria Bíblia encontremos uma incompleta representação de Deus, de Seu caráter, de como Ele realmente é. Quão facilmente podemos formar uma idéia errônea de como é Deus, se olharmos apenas para a superfície!

Jesus Revela Como é Deus

Até os discípulos de Jesus não compreendiam bem acerca da natureza de Deus. Eles queriam conhecê-Lo. Sobre isto você pode ler em S. João 14. Filipe perguntou: "Por que não nos mostras o Pai? Gostaríamos de conhecê-Lo!"
Certa vez um de meus alunos disse:
– Gosto de Jesus, mas não gosto de Deus.
– Por que não?
– Porque Jesus é bom, mas Deus é severo, cheio de ira.
É este um quadro real? Somente Jesus é amorável, ao passo que Deus é rude, rígido e implacável?
Como Jesus respondeu ao pedido de Filipe? Ele disse: "Há tanto tempo estou convosco, e não Me tens conhecido? Quem Me vê a Mim, Vê o Pai; se tivesses visto a Mim, terias visto o Pai. Eu estou no Pai, e Ele está em Mim. As palavras, as obras que faço são do Meu Pai porque Ele habita em Mim."
A missão de Jesus foi a de vir a um mundo que estava em completa discordância com Deus, a fim de demonstrar como é realmente o Pai, como Ele sempre foi e sempre será. O melhor meio de conhecer a Deus é conhecer a Jesus. A vida e a morte de Cristo apresentam o mais nítido retrato da natureza de Deus. Ele disse: "Se vós Me tivésseis conhecido, conheceríeis também a Meu Pai. " (Ver S. João 14:7)

"Certo Homem Tinha Uma Figueira..."

Em S. Lucas 13 encontra-se uma parábola relatada por Jesus para ilustrar o caráter e o amor de Deus. Começando com o verso 6: "Então Jesus proferiu a seguinte parábola: Certo homem tinha uma figueira plantada na sua vinha e, vindo procurar fruto nela, não achou. Pelo que disse ao viticultor: Há três anos venho procurar fruto nesta figueira, e não acho; pode cortá-la; para que está ela ocupando inutilmente a terra? Ele, porém, respondeu: Senhor, deixa-a ainda este ano, até que eu escave ao redor dela e ... (a fertilize). Se vier a dar fruto, bem está; se não, mandarás cortá-la."
Quem se acha envolvido neste diálogo? À primeira vista, pode-se concluir facilmente que Deus, como o proprietário da vinha, está falando com Jesus, o viticultor. E que Deus diz: "Pode cortá-la." Mas Jesus vem para salvá-la e faz o possível para acalmar a Deus e fazer com que Ele tenha um pouco de misericórdia.
Nada disso. Considere de novo a parábola. Se "Deus estava em Cristo, reconciliando consigo o mundo", então Deus Se acha igualmente preocupado com nossa salvação. Por conseguinte, o que esta história nos apresenta são os dois lados tanto do Pai como do Filho, e provavelmente também do Espírito Santo. Estamos considerando os dois lados do caráter de Deus – Sua justiça e Sua misericórdia. Não vemos Jesus pleiteando com Deus para acalmá-Lo. Deus, nas três Pessoas da família celestial, é que está procurando estabelecer o equilíbrio entre justiça e paz. Justiça é parte inseparável do caráter de Deus – pelo que devemos ser gratos, não é? Mas também a misericórdia constitui parte definida de Seu caráter, e por isso também podemos ser agradecidos.
Jesus deixou claro quando aqui esteve que Ele veio "buscar e salvar o perdido'' (S. Lucas 19:10). E em S. João 3:16 e 17, lemos: "Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu Seu Filho unigênito, para que todo o que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porquanto Deus enviou o Seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por Ele."
Seja como for, no coração de Deus Sua misericórdia é igual a Sua justiça, por isso vemos a cruz numa colina solitária. No entanto, a misericórdia divina não anula de forma alguma a Sua justiça, pois mediante a cruz vemos a interligação desses dois atributos no lindo plano da salvação. Daí, ano após ano, século após século, continuamos ouvindo: "Deixem em paz os pecadores impenitentes. Deixem-nos ainda este ano. Deixem-nos para que Eu inste um pouco mais com eles, e faça o que puder para salvá-los." E assim Deus continua procurando repetidamente alcançar-nos com o Seu amor.

Vede o Amor de Deus

João, o discípulo amado, tentando descrever o amor de Deus, viu-se afinal destituído de palavras. Tudo que pôde fazer foi convidar-nos a contemplá-Lo por nós mesmos. "Vede que grande amor nos tem concedido o Pai."
Como contemplar o amor de Deus? olhando para Jesus. Contemplamos o amor de Deus, relacionando-nos com Jesus, estudando a vida de Jesus, meditando sobre os ensinos de Jesus. Pois Jesus é Deus. Em S. João 1:1e 2 é-nos dito: "Antes que qualquer outra coisa existisse, lá estava Cristo, com Deus. Ele sempre existiu, e Ele próprio é Deus." (T.L.B.)
Numa de minhas aulas, estávamos falando sobre o amor de Deus. Um aluno ergueu a mão e perguntou: "Se Deus amou tanto o mundo, por que Ele mesmo não veio morrer? Por que enviou Seu Filho?"
Outro aluno que obviamente era pai, respondeu: "Se você tem um filho a quem você ama, é muito mais fácil sofrer você mesmo, do que ver seu filho sofrer."
Hoje sou grato por esse Deus que nos amou tanto que enviou o maior dom de Si mesmo em Seu Filho, a fim de revelar Seu próprio caráter. Sou grato por Jesus que Se prontificou a vir e dar-Se a Si mesmo em resgate por muitos. Constitui boas novas o fato de que o coração de Deus o Pai palpita com o mesmo amor que Jesus, Seu Filho, revelou aqui na Terra. Podemos regozijar-nos hoje pela revelação de Deus através da Natureza, do amor humano e da Palavra de Deus. E também podemos servir-nos da tremenda oportunidade de conhecer Deus mediante o estudo da vida e ensinos de Jesus, nos quais o amor divino é sempre mais claramente compreendido.

Mas, Afinal, Por Que Preciso Conhecer a Deus?

Ninguém despenderá tempo e esforço para entrar em relacionamento e companheirismo com Deus a menos que reconheça sua necessidade. Em S. Mateus 9:12 e 13, o próprio Jesus diz: "Os sãos não precisam de médico, e, sim, os doentes. ... pois não vim chamar justos, e, sim, pecadores." Ninguém agradecerá a Jesus por bater-Ihe a porta do coração, nem abrirá a porta para Ele, sem primeiro compreender sua grande necessidade de companheirismo e comunhão com Ele. Ninguém manterá um relacionamento pessoal com Deus a menos que compreenda sua necessidade desse relacionamento.
Afinal de contas, por que precisamos de Deus? Esta é uma pergunta importante. Podemos considerar a resposta de um ponto de vista secular, com base na lógica e na razão, ao tentarmos responder a esta indagação.
Num verão, anos atrás, freqüentei uma faculdade do Estado de São Francisco, Califórnia. Noventa e cinco por cento dos meus colegas acreditavam que tudo na vida se resume no momento presente – viver aqui e agora. Parecia algo muito intelectual acreditar que passamos toda a nossa vida neste planeta, os nossos setenta anos, e então morremos e ficamos mortos por um longo tempo, digamos, para sempre.
Francamente não me impressionei tanto com essa opção de meus colegas! Não se tratava de escolher entre viver para sempre no Céu, ou em Las Vegas. A escolha era entre viver para sempre no Céu ou nenhuma vida. Pois justamente na base da lógica e da razão, a sua chamada crença iluminada não tinha muito a oferecer. Consideremos a questão.
Suponha que você não seja cristão, e que eu, como cristão, me aproxime de você e lhe dê uma chance de estar cinqüenta por cento certo: não há nada além da vida presente, e ao morrer, tudo termina. Mas você também me dá a chance de cinqüenta por cento de estar certo: de que o Céu é um lugar real, e Deus uma Pessoa real. Não seria este um jogo lícito? Afinal de contas, embora eu não possa provar a existência de Deus e do Céu através de um tubo de ensaio, você também não pode provar que Ele não existe. Certo? Concordemos então que nenhum de nós pode provar nosso ponto de vista.
Assim começamos na mesma base e nos damos as mãos em sinal de acordo. Darei a você uma chance de cinqüenta por cento de que você está certo, e você fará o mesmo comigo.
Digamos que começamos a viver os nossos setenta anos e, ao chegarmos ao final, descobrimos que você tem razão – não existe o além. Ambos morremos e somos sepultados no mesmo cemitério. Eu não perdi nada.
Mas suponhamos que no final de nossos setenta anos, um dia olhamos para o céu e vemos, no oriente, uma pequena nuvem, que vai crescendo, crescendo, e logo o céu inteiro está coberto de seres celestiais. Fica demonstrado que há uma vida além desta. Deus é real, os anjos são reais, o Céu é real. Jesus veio outra vez. E que acontece então se você rejeitou essa posição? Ora, você terá perdido tudo, porque o que é esta vida comparada com a eternidade?

Escolha dos Garotinhos

Certa vez fui convidado a fazer o discurso de paraninfo de uma turma de crianças que se formavam na pré-escola. Que honra para mim! E eles entraram marchando, de becas e barretes de cartolina feitos em casa! Esperava-se, pois, que eu dissesse algo apropriado para eles.
Eu chegara à conclusão de que se não procurasse envolvê-los no discurso, eu jamais seria capaz de captar sua atenção; por isso, apresentei-lhes o seguinte problema para que resolvessem: "Suponhamos que, na minha mão esquerda, tenho uma nota de um milhão de dólares a ser paga quando vocês completarem 21 anos de idade. E na mão direita tenho um dólar, que vocês poderão receber agora mesmo. O que vocês escolheriam?"
Pude ver pipocas, sorvetes e chicletes girando naquelas mentes infantis. Procurei então apelar para eles, baseando-me em seu alto grau de instrução e no fato de que agora estavam-se formando, para que considerassem cuidadosamente esse intricado problema. Temeroso quanto a sua possível decisão, procurei distraí-los tanto quanto possível. Afinal, ao pedir-lhes a resposta, todos eles haviam escolhido a mesma coisa – o dólar! E pude ver pela expressão satisfeita de seus semblantes que eles sabiam que eu ficaria impressionado com o seu ponderado raciocínio!
Terminou esse problema no prezinho? Não, o mundo inteiro acha-se preso no mesmo gancho. Somos chamados a nova geração. Mas até que compreendamos nossa necessidade de algo além do transitório, continuaremos a fazer o mesmo tipo de escolha daqueles graduandos.
Um dia meu pai veio a mim e disse:
– Filho, quero fazer-lhe uma proposta. Quero dar-lhe um milhão de dólares.
Tive que rir. Eu estava demais a par da conta bancária de papai para acreditar naquilo. Ele, porém, persistiu.
– Suponha que sou multimilionário e vou dar-lhe um milhão de dólares. Está interessado?
– Naturalmente!
– Com duas condições – papai continuou.
– Primeiro, você deve concordar em gastar todo o milhão de dólares em um ano apenas.
Bem, eu preferiria gozar o máximo dessa fortuna num período de tempo mais longo; mas é melhor ter um milhão por um ano do que não tê-lo.
– A segunda condição é que, no fim do ano, você morra numa câmara de gás.
– O que o senhor disse?
– Ao terminar o ano você deve morrer. Não há outra alternativa. Você não poderá usar esse dinheiro para esconder-se nalguma ilha tropical. Com toda certeza você morrerá ao findar-se o ano. Ainda está interessado?
– De forma alguma – respondi.
– Por que não?
Porque eu passaria o ano inteiro pensando na câmara de gás, e isso estragaria todo o prazer de um ano.
Desde então tenho feito essa proposta a muita gente, e a resposta é sempre a mesma. Não vale a pena trocar um ano, mesmo que seja fantástico, por uma vida inteira.

Moral da História

A seguir meu pai veio com um engenhoso desafio, desses que um pregador faz a seu filhinho!
– Imagine agora que sou o diabo e lhe faço uma proposta semelhante: "Você tem setenta anos para fazer exatamente o que lhe agradar. Nada de regras e regulamentos. Você pode fazer o que quiser e ir aonde quiser. Nada de inibições, proibições, nem moralidade. Divirta-se. Viva a sua vida. Mas no final dos setenta anos você acabará num lago de fogo comigo."
– Você está interessado? – papai indagou.
Milhares de pessoas aceitaram esta oferta, pensando ter feito uma sábia escolha.
A maioria de nós está disposta a aceitar que seria estultícia escolher um ano, quando setenta estão à nossa disposição. Mas que dizer de preferir os setenta, quando podemos ter uma eternidade? Mesmo baseados na lógica e na razão, é tolice rejeitar a oferta da vida eterna que Deus nos faz. Milhares preferem os prazeres transitórios e perdem a eternidade.

O Escorpião e a Rã

Um escorpião queria atravessar o rio, mas não podia nadar. Pediu então a uma rã que o carregasse.
A rã não quis. "Sei o que você fará. Vai picar-me e eu afundarei e me afogarei."
– Não vou fazer isso – o escorpião insistiu.
– Se o fizer, me afogarei juntamente com você.
A rã foi convencida e ambos começaram a atravessar o rio. Na metade da travessia, o escorpião ferroou a rã. Ao afundarem, a rã perguntou amargurada:
– Por que você fez isto? Agora ambos vamos morrer.
Então o escorpião respondeu:
– Sinto muito, mas não posso agir de outro modo, pois esta é a minha natureza.

A Natureza do Homem

Devido a sua natureza, as pessoas continuam a fazer a estulta escolha de rejeitar a eternidade em favor da vida presente. Mesmo muita gente ilustre termina recusando a vida que Deus lhes oferece, e escolhendo a vida que levam. Semelhante ao escorpião, somos escravos de nossa natureza. Nascidos neste mundo de pecado, somos pecadores por natureza. E a menos que o miraculoso poder de Deus interfira, nenhuma lógica ou razão nos levará a aceitar a eternidade que Deus nos oferece.
Sabemos que, desde Adão, a morte vem a toda a humanidade. "Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram''. Romanos 5:12. A morte é o salário do pecado (Cap. 6:23). Mas os bebês morrem antes mesmo de ter oportunidade para "pecar". Por conseguinte, sabemos que, desde Adão, todos são pecadores, mesmo que não tenham pecado. Poderíamos citar muitos textos das Escrituras neste sentido, mas é necessário? A morte fala por si mesma.
Há ainda uma prova bíblica notável de que nascemos pecadores. É o fato de que ninguém verá o reino de Deus se não nascer de novo (S. João 3:3). Se isto é verdade, então deve haver algo errado com o nosso primeiro nascimento. Que é então? Voltemo-nos para Agostinho, o fundador da clássica doutrina do pecado original. Tem havido muita discussão a este respeito. Basicamente, ele ensinava que nascemos pecadores e somos responsáveis pelo pecado desde o nascimento. Isso significa que sua doutrina deve ter rotulado a doutrina da culpa original.
Você pode não aceitar bem a doutrina de Agostinho quanto à culpa original, mas a do pecado original é legitimamente bíblica. Esta se encontra na histórica Confissão de Augsburg, que afirma termos nascido separados de Deus. E esta é a realidade. No entanto, embora nasçamos separados de Deus, não somos considerados responsáveis por isso. Por conseguinte, não é necessário proceder-se a um ritual para ou pelo bebê para que ele seja salvo, visto que ele não é responsável pelo seu nascimento neste mundo de pecado. Ninguém é responsabilizado por isso até que tenha a oportunidade de compreender inteligentemente o problema, ver sua própria condição e o que pode ser feito para corrigi-la. Então aí começa a sua responsabilidade.
Este é o conceito bíblico de pecado original, e sou grato por isso. Os capítulos 9 e 15 de S. João, S. Tiago 5 e os primeiros capítulos de Romanos nos falam a esse respeito. Deus jamais nos responsabilizou por termos nascido num mundo pecaminoso. E isto é realmente uma boa nova!

Mas o Nosso Coração é Mau e Não Podemos Mudá-lo

Ao falarmos de pecado original, não queremos dizer que o pecado passa de uma pessoa para outra através dos genes e cromossomos. Não há evidência suficiente para crermos nisso. Não, os seres humanos nascem separados de Deus, e, como resultado prático, o homem nasce egocêntrico, e nisto está a raiz de todos os pecados subseqüentes (Rom. 8:7). Nascemos desesperadamente egocêntricos. Embora para muitos seja difícil imaginar um bebê recém-nascido já pecador, poucos devem ter dificuldade em compreender que o recém-nascido é egocêntrico!
Deparamos assim com uma definição dupla para pecado – pecado, no singular; e pecados, no plural. Pecado, singular, significa uma vida separada de Deus. E pecados, plural, são os erros que cometemos em resultado de vivermos separados de Deus.
Pecado, no singular, consiste em vivermos distantes de Deus, não importa quão bons possamos ser. Há muita gente boa, de excelente moral, que vive longe de Deus. Vive, porém, em pecado. Praticando ou não coisas erradas, vive em pecado. Sua vida é de pecado. Você pode aceitar isto? Em Romanos 14:23 lemos: "Tudo o que não provém de fé é pecado. "O que quer que seja que eu faça, se não é feito através de um relacionamento de fé com Jesus, é pecado – mesmo que seja cortar a grama para uma viúva. Porque se sou egocêntrico em resultado de viver separado de Deus, então eu posso cortar a grama simplesmente por motivos egoísticos. É possível fazer todas as coisas certas por razões erradas.
Que motivos egoísticos podem levar-me a cortar a grama para uma viúva? Bem, talvez eu logo vá sair de férias e espere que ela cuide de meu cachorro enquanto eu estiver ausente. Talvez eu espere que meus vizinhos me dêem melhor conceito por cortar a grama para a viúva, ou talvez tenha cometido um horrível pecado e queira penitenciar-me por isso. Pode ser que a viúva esteja às portas da morte, e eu tenha esperança de que se lembre de mim no seu testamento. Pode haver toda espécie de motivos para eu cortar a grama da viúva, alguns dos quais eu seja incapaz de identificar. Mas o fato é que se alguém que vive afastado de Deus pratica boas ações, ele o faz por motivos errados, egocêntricos.
É a condição pecaminosa do homem que redunda em atos pecaminosos, sejam estes considerados certos ou errados. O homem peca porque é pecador. Ele não é pecador porque peca. Considere novamente que a principal questão do pecado é a separação de Deus. Você não tem de pecar para ser pecador; basta você nascer!
Se tivéssemos de colocar tudo isso numa equação, poderíamos dizer que Humanidade = Pecado : Justiça = Jesus. Jesus foi o único ser sem pecado que nasceu peste mundo, pois não nasceu separado de Deus. E o único que nasceu justo. Dessa analogia fica claro que, tanto quanto se refere à humanidade, a equação é a seguinte: Humanidade + Jesus = Justiça. O ser humano sem Jesus é ainda pecador. O problema real quanto ao pecado e à justiça consiste em ter ou não Jesus em nossa vida.
Um dia, enquanto tratávamos desse assunto na sala de aula, um aluno lá de trás figuradamente alçou a sua calculadora de bolso e disse: "Espere um minuto! O senhor diz que Jesus = Justiça, por Si mesmo. Então o Senhor afirma que a Humanidade + Jesus = Justiça. Se é verdade, a Humanidade = Zero!"
E ele parecia tão preocupado como se eu tivesse feito uma injustiça à raça humana! Que queremos dizer quando afirmamos que a Humanidade = Zero?

Desvalidos, Porém Não Desvalorizados

Tanto quanto se refere à justiça, o ser humano é igual a zero. Que diz a Bíblia? "Todas as nossas justiças são como trapo de imundícia." Isaías 64:6. Mas no que concerne a valor, isto não significa que o homem não valha nada. Há tremenda diferença entre ser impotente para produzir justiça, e ser desvalorizado. Nosso valor foi provado ao vir Jesus a este pequenino mundo, simples nódoa no Universo, a fim de redimir do pecado a humanidade. Isso nos mostra o imenso valor da alma humana.
Certa vez ouvi dizer que se tivéssemos uma balança gigantesca, e em um dos pratos colocássemos o mundo inteiro, que pesa seis sextilhões de toneladas; e no outro prato puséssemos um bebê, o pêndulo da balança penderia para o lado do bebê. Tal é o valor de uma alma. Sendo assim, não devemos andar pela vida de cabeça baixa; podemos andar eretos pelo valor que Jesus Cristo nos dá. Todavia ainda somos impotentes para produzir justiça. Percebeu você a diferença entre ser desvalido e ser desvalorizado?

Nenhum Interesse nas Coisas Espirituais

Não somente somos incapazes de produzir justiça separados de Cristo, mas ainda temos um problema muito maior, resultante de nossa separação de Deus, ou seja, não temos interesse nas coisas espirituais. Não temos prazer na comunhão com Deus, pois é realmente insípida para nós. Uma das maiores evidências de que alguém não nasceu de novo – ainda vive afastado de Deus – é sua falta de interesse nas coisas espirituais.
Um amigo meu certa vez pregou um sermão acerca do homem que entrou no Céu por engano. Um dos ouvintes, que chegara atrasado, não ouviu o sermão desde o início. Essa pessoa depois saiu dizendo que o pregador dissera ser possível alguém acabar entrando no Céu por engano. Bem, não foi isto que o pregador quis dizer. Ele apenas procurou mostrar o que seria para o pecador, que não nascera de novo, que não tivera gozo na santidade, nenhuma alegria na comunhão com Deus, nenhum prazer em servir desinteressadamente a outros, sim, o que seria para esse pecador achar-se no Céu. Quão infeliz se sentiria!
Você já considerou uma evidência do amor de Deus o fato de que Ele não permitirá que vão para o Céu aqueles que recusarem a salvação? O Céu seria um lugar de tortura para eles. É somente após o novo nascimento que uma pessoa encontra gozo nas coisas espirituais.

A Humanidade Necessita de um Salvador

Se o problema real do pecado consiste numa vida separada de Deus, então que aspecto deveríamos focalizar antes de tudo? Devemos dedicar nosso esforço e atenção às coisas boas ou más que praticamos, ou devemos considerar em primeiro lugar nosso relacionamento com o Salvador, o Senhor Jesus Cristo?
Se todos neste mundo, exceto Jesus, nascem pecadores (Rom. 3:23), então todos necessitam de um Salvador para serem salvos (Atos 4:12). O evangelho é a boa nova de Jesus (Romanos 1:16). Jesus, nosso Salvador, proveu-nos salvação na cruz, pela qual o poder do pecado é anulado. Ao aceitar o pecador tão grande salvação, ele passa pelo novo nascimento, e então se realiza o mais importante negócio do mundo.
Suponhamos que eu quisesse negociar minha caneta esferográfica, trocando-a por um carro último tipo. Se alguém que tivesse tal carro quisesse negociar comigo, de duas uma: ele seria estulto ou deveras me amaria muito. Seria aquele negócio, não é?
Em II Coríntios 5:21, a Bíblia relata o mais importante negócio já realizado. "Àquele [Deus] que não conheceu pecado, Ele O fez [Jesus] pecado por nós; para que nEle fôssemos feitos justiça de Deus." Poderíamos mudar um pouquinho as palavras: Porque Deus quis que Jesus, que não conheceu pecado, Se tornasse pecado para que nós, que não conhecemos a justiça, pudéssemos ser feitos nEle justiça de Deus.
Você gostaria que Jesus, de braços abertos e olhos plenos de amor, lhe propusesse hoje negociar toda a justiça dEle em troca de todos os seus pecados? Você estaria interessado? Na verdade, é justamente isto que Ele quer fazer. E ainda, nessa transação espetacular, poderá parecer a princípio que alguém ficará com prejuízo. Seria como trocar um carro de luxo por uma esferográfica, exceto que não existe esferográfica! Tudo que temos de trocar por Sua justiça são trapos de imundícia como Isaías chama toda a nossa justiça (Isaías 64:6). Você chegará a uma única conclusão – ou Aquele que propõe esse negócio é muito tolo, ou Ele realmente nos deve amar muito.

Não Importa o Que Você Faz, Mas Sim o Que Você é

Em Efésios 2:8 e 9, encontramos estas significativas palavras: "Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus, não de obras, para que ninguém se glorie." E Paulo repete isso em Romanos 3:20: ''Ninguém será justificado diante dEle por obras da lei. " Em outras palavras, a salvação baseia-se não naquilo que você faz, mas no que você conhece. E ninguém realmente vê a necessidade de conhecer a Deus – portanto, não vê a necessidade de dedicar tempo suficiente para esse propósito – até compreender que a salvação se baseia no relacionamento, e não na conduta.
Se você espera ser salvo, mas não sente a necessidade de conhecer a Deus, e não considera importante o tempo que dedica a Ele, então você ainda acredita que a salvação se baseia na sua conduta. Não importa o que uma pessoa diga acerca de sua crença, se está convencida de que salvação e cristianismo são fundamentados num relacionamento com Cristo, então esse relacionamento terá a máxima prioridade. Todo aquele que não busca a salvação através de um companheirismo com Deus, de um conhecimento pessoal, é legalista, procurando alcançar o Céu através de suas próprias obras.

Conhecer a Deus – Eis o Fundamento

Quando chegamos a compreender que somos pecaminosos por natureza e que esta é a causa básica do pecado, então podemos entender melhor a necessidade de conhecer a Deus. A justiça não existe por si mesma. Ela vem somente com Jesus. Ao aceitá-Lo como meu Salvador, meu Senhor e meu amigo, passo a possuir toda a justiça, porque Sua justiça vem com Ele.
Há, porém, outra razão por que conhecer a Deus é importante. É importante por causa de Deus. Considere todo o sofrimento e tristeza que, através dos séculos, tem invadido o coração de Deus, porque os pecadores estão determinados a seguir seus próprios caminhos.
Quando você ama realmente alguém, o que você mais deseja é que esse alguém também ame você. Verdadeiramente, Deus é amor, e deve amar-nos muitíssimo a ponto de querer trocar toda a nossa pecaminosidade por toda a Sua justiça. Para nós, esta é uma proposta fantástica – mas para Ele? Não ficará logrado nesse mais estupendo de todos os negócios? Em resposta, desejo recordar uma antiga história, que vem ao ponto. É a história do Velho Joe.
O Velho Joe era um escravo que vivia perto da foz do rio Mississippi. Um dia ele se achava num lote de escravos a serem vendidos no mercado, no mesmo lugar onde, mais tarde, Abraão Lincoln, contemplando as lágrimas e os corações despedaçados, disse: "Se algum dia eu tiver a oportunidade de acabar com isso, eu o farei!" Lá se encontrava Joe, doente e cansado de separações, e lágrimas e despedidas. Ele fizera firme propósito de que nunca mais trabalharia. Mas lá se achava, no bloco para ser leiloado. Os leiloeiros começaram a gritar seus lances, e Joe começou a murmurar e depois em voz cada vez mais alta: "Não farei nada. Não farei nada."
Sua voz foi ouvida. Um a um, terminaram os lances. Um homem, porém, ainda ofereceu boa soma de dinheiro por aquele escravo determinado a não trabalhar mais.
O novo senhor tomou Joe em sua carruagem e rumou para a roça. Afinal desceram por um caminho à margem de um lago. Lá, à beira do lago, estava uma cabana enfeitada com cortinas e flores à entrada. Joe jamais vira algo semelhante.
– É aqui que vou morar? – Joe perguntou.
– Sim.
– Mas não vou trabalhar.
– Joe, você não terá de trabalhar. Comprei-o para você ser livre.
(A melhor parte da história virá ainda.)
Joe caiu aos pés de seu benfeitor, dizendo: "Senhor, serei seu servo para sempre."
Veja um grupo de pecadores. Eles têm sido escravos do pecado, da dor e da morte. E dizem: "Não faremos nada – não podemos!" Você já tentou isso? Já tentou produzir obras de justiça? E impossível. Você não pode.
Mas Jesus diz: "Você nada tem de fazer; Eu o comprei para deixá-lo livre, e quero viver minha vida em você."
Compreendo que Jesus tem algumas mansões à beira de um lago semelhante a um mar de vidro. Há caminhos pavimentados de pedras, e cortinas, e flores que jamais murcharão. Ele nos oferece tudo isso porque nos ama. Assim é Ele. Ao entendermos esse intercâmbio e aceitá-Lo de todo o coração, serviremos a Deus com alegria e para sempre.

SUBSÍDIO DAVI LIÇÃO 3

quinta-feira, 15 de outubro de 2009





LIÇÃO 3
18 DE OUTUBRO DE 2009

DAVI NA CORTE REAL – VIVENDO COM SABEDORIA

INTRODUÇÃO
Davi reunia as qualidades que o povo buscava — habilidade militar, sagacidade política e agudo senso de dever religioso.
Mas Davi era um ser humano, com fraquezas como toda gente. Como nós, Davi falhou muitas vezes, e estava sujeito às tentações e ao pecado. Como nós, conheceu o desespero e o medo, a dúvida e a solidão. Como nós, mantinha um relacionamento pessoal com o Senhor – e encontrou nesse relacionamento o segredo – de viver acima e além de seu potencial. Explorar a vida de Davi nesta e nas liçoes subsequentes revelará qualidades que podem nos conduzir à grandeza que Deus preparou para nós, quer no trabalho, quer no lar, quer na igreja, quer com os amigos. E entenderemos melhor, o processo pelo qual Deus está trabalhando em nós para nos conduzir à grandeza, assim como foi com Davi.

AS QUALIDADES DE DAVI

Observando os aspectos positivos do caráter de Davi, podemos concluir que este tinha um caráter cristão. Uma vez, que, o caráter cristão está fundamentado no decálogo, na mensagem ética dos profetas, nos ensinos de Jesus e nas doutrinas epistolares. Essas normas revelam a vontade de Deus para a vida moral do homem.
Não fazendo vista grossa aos seus erros, mas seguindo a escolha de Deus em não levar em contas os aspectos negativos do seu caráter e sim a sua disposição interior de conversão, arrependimento, etc., podemos encontrar nas qualidades de Davi grande lições de vida. Que ajudará nossos relacionamentos quer seja em casa, trabalho, igreja e na escola.
As qualidades que Davi possuía faziam deste jovem “o homem segundo o coração de Deus. As suas qualidades são a causa de tão grande estima e consideração que Deus tinha por ele

DEUS EM PRIMEIRO LUGAR

É muito comum observar-ser que, uma pessoa que na juventude demonstrava uma grande devoção a Deus, com o passar dos anos e com o sucesso na vida, deixa essa devoção turvar-se e obscurecer-se. Um jovem que era um candidato ideal a esse tipo de experiência era Davi. Afinal, uma coisa é buscar a Deus quando se é adolescente, e se passa os dias sozinho em lugares desérticos, com um bando de ovelhas. È fácil o compreender que um jovem sensível, que escuta com certo temor o ribombar do trovão, e passa as noites acordado, olhando os astros, demonstre fervor religioso. Mas o que acontece depois que aquele exuberância própria da juventude começa a declinar? O que acontece quando um jovem se coloca à luz dos holofotes da vida pública, e conhece o peso das responsabilidades de uma família e do mais alto posto de um governo? O que acontece quando o moço pobre, de repente, se torna rico, e o adolescente solitário ganha honras de herói nacional? Como fica aquele seu fervor por Deus:
No que diz respeito a Davi, não mudou nada. O rapazinho segundo o coração de Deus tornou-se um homem segundo o coração de Deus. O jovem fervoroso tornou-se um rei fervoroso. Quando Davi ainda era pastor de ovelhas e ficava pelas colinas, ele sempre colocava Deus em todos os aspectos de sua vida, de seus pensamentos, de suas músicas, de sua vida, de seus sonhos. Deus estava no centro de sua vida. Então, assim que se tornou rei de Israel, era natural que Deus ocupasse também o primeiro lugar no centro da vida da nação. Uma das maneiras como demonstrou isso foi trazendo a arca da aliança para a capital.
Quando Davi subiu ao trono, a nação de Israel estava tão abalada e castigada por guerras, problemas e divisões, que a presença de Deus não passava de uma lembrança remota. Sem Deus no centro dela, Israel perdeu sua estabilidade, unidade e propósito como nação. Jogada de um lado para outro pelas ondas do poder e opiniões humanas, a embarcação de Israel estava constantemente sendo atingida por disputas, brigas e franca hostilidade entre as pessoas do país.
Foi quando Davi conseguiu trazer a negligenciada arca para um lugar de importância na Cidade de Davi, que a situação mudou.

UM CORAÇÃO DE PASTOR

O filho de Jessé tinha, para com seu povo, um coração terno, um coração de pastor. Ele pode ter sido um soldado rude, que corria pelas montanhas de Judá como um cabrito montês. Pode ter sido um político que sabia manobrar o sistema, e que, quando a situação exigia, sabia ser duro e frio. Mas em seu coração ele amava o povo de Israel. Ele possuía uma ternura que chega a nos surpreender. Chegava a chamar o povo de ovelhas.
Isso começara quando ele ainda era bem jovem, no dia em que se defrontara com o gigante Golias. Ele saiu para enfrentá-lo dizendo:
-Este filisteu está insultando os exércitos de Deus. Está sendo uma vergonha para todo o Israel. Vou enfrentá-lo em nome do Senhor.
Ele amava o povo de Israel mesmo quando eles se mostravam ímpios, rebeldes e ingratos. Aliás, muitas das pessoas pelas quais ele arriscou a vida na guerra não o queriam como rei. Nos primeiros sete anos e meio após a morte de Saul só foi reconhecido como rei pelas tribos de Judá e Benjamim. Alguns diziam:
-Quem é Davi? Quem é esse filho de Jessé?
E, no entanto ele não deixou de amar a nação. E afinal, quando as outras Tribos o reconheceram como governante, ele poderia ter dito:
-Ei, onde é que vocês estavam nesses últimos sete anos? Podem ir plantar batatas!
Mas não. Davi não faria uma coisa dessas. Como muita humildade, o que ele disse foi:
-Está bem. Reinarei sobre vocês também, se o quiserem.

CORAÇÃO DE SERVO

Do ponto de Vista humano, se uma pessoa quiser atingir uma posição de liderança no mundo tem que possuir certos atributos tais como boa aparência, muito carisma, Ser um bom relações-públicas e dar entrevistas pela televisão. Mas ninguém tente usar essas armas para se posicionar bem no reino de Deus. Elas não funcionam. O Espírito Santo não permite isso. O que Deus procura no líder que ele elege é um coração de servo. E quem possui um coração de servo pode ser grandemente usado por Deus.
Em Davi, as evidências de que ele possuía esse coração já se manifestam na adolescência. Quando jovem, ele ajudava o pai vigiando as ovelhas no campo, enquanto os outros filhos de Jessé tentavam fazer carreira no exército. Eliabe, Abinadabe, Samá e todos os outros vinham para casa nas folgas, envergando pomposamente suas vistosas fardas, mas Davi – bom , já se sabe – estava fora, cuidando do rebanho. Mas o fato é que, enquanto os filhos mais velhos de Jessé estavam fazendo treinamento de manobras militares no exército de Saul, Davi estava sozinho, pelos campos, recebendo instruções do Deus de Israel.
Não é maravilhoso como Deus passa por cima dos regulamentos (das leis dos homens) para realizar sua vontade perfeita? Isso que é belo nessa vida de discípulo de Cristo.Deus nunca se preocupa muito em fazer as coisas da maneira esperada, passando pelos “canais competentes”.Ele cria seus próprios canais; estabelece seus próprios métodos.
Deus é quem escolhe os líderes que deseja. Ele não se importa nem um pouco se o homem é pastor de ovelhas, lavrador, pescador ou coletor de impostos. O que ele procura é um coração receptivo.
E naquele dia, quando espiava as colinas de Israel, seu olhar passou de relance por Eliabe, o filho mais velho, com sua farda vistosa, e parou no jovem pastor.
-Aqui está um homem segundo o meu coração, disse Ele. Esse rapazinho será o rei de todos eles.
E Davi poderia ter replicado:
-Mas, Senhor, pastoreando ovelhas? Andando com elas pelos pastos desertos? Como é que vou chegar a ser rei?
Mas foi ali, naqueles pastos, que Deus lhe deu a orientação necessária para se tornar rei. E os presunçosos irmãos dele, que estavam tentando a todo custo subir de posto, e que “pisavam” em Davi, nunca chegaram a ser nada na vida. No dia em que Davi apareceu no campo da batalha, eles disseram:
-O que está fazendo aqui, garoto? Está querendo exibir-se? Vá embora! Vá cuidar de suas ovelhas!
Contudo, depois que Davi derrotou Golias, alguém ouviu falar o nome deles? Chega a ser difícil lembrá-los.
Quando o pai de Davi lhe pedira para ir levar mantimento para seus irmãos no campo de batalha, ele poderia ter dito:
- Mas por que eu tenho que levar comida para eles? Estão sempre me depreciando. Não gosto deles. Mande um dos servos.
Mas não disse. Ele falou:
-Está bem, pai; eu irei.
E foi justamente por ter obedecido e ter ido levar aquele mantimento para eles lhe aconteceu o quê? Teve seu confronto com Golias. Se ele não tivesse obedecido a seu pai, e não tivesse feito o que ele mandara, não teria ido ao local da batalha exatamente na hora certa, no momento perfeito, determinado por Deus. E não teria derrotado Golias, e, do ponto de vista humano, poderia ser contaminado a ser um simples pastor de ovelhas pelo resto da vida. Mas como obedeceu em tudo, já que na juventude possuía um coração de servo, todas as coisas se encaixaram nos seus devidos lugares. Deus fez com que se encaixassem.
Observamos também que, quando Saul chamou Davi para que se tornasse seu auxiliar, ele demonstrou uma atitude humilde, de servo. A essa altura, Davi já sabia que seria rei depois de Saul. Já fora, ungido por Samuel. E quando foram lhe pedir que tocasse a lira para que Saul acalmasse os nervos, acedeu prontamente, sem resmungar. Ele poderia ter dito:
- Ei, eu sou o sujeito que calou a boca daquele falador do Golias? As mulheres estão cantando canções a meu respeito. Por que tenho de ficar aqui sentado, tocando lira para esse rei velho e nervoso?
Mas não disse: Pelo contrário, disse o seguinte: está bem; se tenho de tocar para este rei que está querendo matar-me, tocarei.

FIEL NO POUCO

A Bíblia diz que a pessoa que é fiel no pouco também será fiel no muito. Vamos raciocinar. Para Davi, cuidar das ovelhas de seu pai era pouco, não era? Mas o fato é que Deus estava observando-o .
Também era “pouco” levar alimentos para seus irmãos na frente de batalha. Mas Deus estava preparando uma grande oportunidade para ele, nessa ocasião.
O que é “pouco” e o que é “muito”? Será que existe mesmo esse “pouco”, existem pequenas responsabilidades ou pequenas tarefas na obra de Cristo?
Lembremos que Deus não mede as coisas pelo mesmo padrão com que medimos. Calculamos a medida do sucesso de uma pessoa pela divulgação que ela recebe, pela aclamação popular, pelo seu reconhecimento público. Mas Deus olha a fidelidade dela.
Qual foi o “pouco” que Deus lhe deu para realizar? Quais as pequenas responsabilidades de que ele o encarregou? Você se sente esquecido, ignorado, abandonado? Consagre seu serviço a Deus. Peça-lhe que o ajude a realizá-lo com a força dele, pela perspectiva dele, refletindo a alegria dele.
Existem muitas pessoas famosas no mundo hoje, recebendo muita atenção e aclamação geral. Deus ao olha para elas, mas procura pessoas insignificantes, que estão realizando tarefas simples, mas com grande fidelidade a Deus e com o coração totalmente dedicado a ele. Será que os olhos dele estão voltados para você?

CONCLUSÃO

Abra sua Bíblia e faça uma listagem das virtudes de caráter de Davi que não foi mencionada aqui. Responda à seguinte pergunta: o que havia em Davi que o tornava um homem segundo o coração de Deus? Mas não para aí. Não foi só por causa do registro histórico que Deus deixou essas coisas na Bíblia para as lermos. Nesses séculos todos, ele tem procura pessoas que estejam dispostas a deixar a mediocridade e passar a segui-lo de todo o coração. E ainda as está procurando.

SUBSÍDIOS DAVI LIÇÃO 2

domingo, 11 de outubro de 2009



LIÇÃO 2
11 DE OUTUBRO DE 2009
DAVI ENFRENTA E VENCE O GIGANTE
INTRODUÇÃO
Temos duas fontes excelentes para entendermos o crescimento de Davi até a grandeza. A primeira é o relato da história de sua vida, que encontramos em 1 e 2 Samuel, 1 Reis e 1 Crônicas. A segunda são os Salmos escritos pelo próprio Davi, os quais retratam essa vida rica em sentimentos e emoções e revelam suas atitudes e seu coração em vários estágios de sua existência. Precisamos explorar tanto as fontes históricas quanto as poéticas, pois Davi é a chave para compreensão do maior e melhor período da história de Israel. Além disso, Davi é um modelo espiritual para nós.
OS INIMIGOS DO POVO DE DEUS
O jovem Davi, que provavelmente ainda não tinha vinte anos de idade, ficou pasmado, pois nenhum pagão que desafiasse o exército do Deus vivo poderia ter chance de vitória! O Senhor certamente daria a vitória ao homem que aceitasse o desafio.
Os Filisteus
A definição da origem e raça dos filisteus tem provocado controvérsias entre os historiadores, mas é idéia bem aceita que eles procederam da ilha de Creta, e o termo “quereteus”, como o qual são identificados na Bíblia (1 Sm 30.14;Ez. 25.16), significaria cretenses.
Os Filisteus seriam descendentes de Casluim, filho de Mizraim, filho de Cão (Gn.10.14), tendo adquirido notoriedade na Palestina ente os anos de 1200 a 1000 a.c., quando opuseram forte resistência aos israelitas, na ocupação da “terra de Canaã”. E o território que eles ocuparam, uma planície costeira da fronteira sudoeste de Canaã, com apenas 100 km de extensão e bem menos de largura, era chamado de “eres pelistia” ou “Filistia”, originando-se daí o nome Palestina. Embora os filisteus tenham se destacado por volta de XIII a.c., a Bíblia menciona contatos deles com os patriarcas hebreus por volta do século XIX a.c., quando Abraão, e posteriormente seu filho Isaque, se relacionaram com um rei filisteu de nome Abimeleque (Gn.21.22;Gn 26.1).
Sabe-se, por exemplo, que os filisteus, por ocuparem um território litorâneo do Egito até
Gaza, obrigou os israelitas, por ocasião da sua saída do Egito, a se desviarem mais para o interior, a fim de evitar o “caminho dos filisteus” (Ex.13.17). Outro dado importante é o de que os filisteus possuíam o monopólio da indústria do ferro, metal usado na produção de armas de guerra.
Os filisteus ocuparam cinco cidades na Palestina (Gaza, Ecrom, Asquelom, Gate e Asdode), e destas somente Gaza ainda existe com certa importância, sendo que Ecrom e Asdode são pequenas Aldeias, Asquelom jaz em ruínas e Gate desapareceu há muito tempo.
O General Pompeo, de Roma, anexou o território Filisteu mais tarde à província romana da Síria.

Golias o inimigo de Davi

A numerosidade dos filisteus já era de espantar-se “E os filisteus se ajuntaram para pelejarem contra Israel: trinta mil carros, e seis mil cavaleiros, e povo em multidão como a areia que está à borda do mar; e subiram e se acamparam em Micmás, ao Oriente de Bete-Àven” (1 Sm 13.5). Tinha muito ferro e todos os instrumentos de aprimoramento. Pois eles dominavam essa pratica muito bem. Os israelitas, povo pastoril, acostumados com a vida no campo ainda não dispunha das armas que os filisteus já estavam acostumados a fabricar e manusear com muita habilidade.
A Bíblia registra um confronte anteriormente entre Filisteus e Israel. Os filisteus deixam o povo de Israel assustados que muitos procuram se esconder nas cavernas. E nesse momento, apenas Saul e Jônatas seu filho possuem espadas. Mas mesmo assim, o povo de Israel devia pagar para amolar suas espadas e seus instrumentos de ferro que possuía em pouca quantidade.
A situação ainda piora quando aparece agora um gigante no meio do povo filisteu. Um homem de estatura física de aproximadamente 2,76 a 3 m de altura. Portando uma lança com ponta de ferro de aproximadamente 7 kg de ferro. Uma armadura de aproximadamente 55 a 60 kg. Tinha a sua cabeça um capacete de proteção e nas suas pernas joelheiras e nos seus pés sapatos especiais para aquele fim. Um guerreiro, um lutador, um campeão! Já haviam obtido muitas vitórias para seu povo e agora afronta o povo de Israel.
Olhando assim, Davi não tinha nenhuma chance se quer para sair com vida dessa batalha. Mas Davi tinha experiência com Deus, ele sabia que aquele incircunciso afronta não ao povo de Israel em si, mas, sobretudo a Deus.
A visão que Davi tinha de Deus era de um Criador e sustentador de todas as coisas, portanto Deus iria dar vitória a ele contra Golias.
“Davi, porém, disse ao filisteu: Tu vens a mim com espada, e com lança, e com escudo; porém eu vou a ti em nome do Senhor dos Exércitos de Israel, a quem tens afrontado” “e saberá toda esta congregação que o Senhor salva, não com espada, nem com lança; porque do Senhor é a guerra, e ele vos entregará na nossa mão” “e Davi meteu a mão no alforje, e tomou dali uma pedra, e com a funda lha atirou, e feriu o filisteu na testa; e a pedra se lhe cravou na testa, e caiu sobre o seu rosto em terra”.
Observe a coragem e ousadia do jovem Davi. Ele confiava inteiramente em Deus. A arma que Davi dispunha era uma funda e foi essa arma que Deus deu a vitória a Davi. Deus foi o segredo da vitória de Davi contra o gigante Golias.
Davi lutava a batalha de Deus. Os seus irmãos, a batalha de Saul.
Olhando a cena, a gente ver um homem valente, Davi e por outro, a gente ver um homem covarde e medroso, Golias. Que aproveita da sua estatura física, das suas armas para afrontar um povo pastoril, um jovem pastor! Que covarde! Igual a Saul, responsável pelo povo, aquele que foi escolhido para estar à frente do povo, defender o povo, mas estava se escondendo da sua responsabilidade de batalhar.
Davi enfrente e vence o gigante
A cena da vitória de Davi não é o começo da história. Essa vitória está arraigada aos anos tranqüilos que Davi viveu como pastor no campo, ao medo que Davi deve ter sentido das feras do campo à volta dele e à coragem testada muitas vezes quando saía para enfrentar seus desafios. Está arraigada ainda na percepção crescente que Davi tinha da presença de Deus e na sua confiança no Senhor.
Davi não tinha experiência militar igual a Golias, não carregava uma espada, nem uma lança, nem um escudo. Mas Davi tinha experiência no campo cuidando das ovelhas de seu pai, Jessé. Ser pastor de ovelhas, num campo onde há feras terríveis não é pra qualquer pessoa. Havia muitos perigos que um pastor podia correr num campo cuidando de ovelhas, desde animais selvagens a salteadores.
Davi já havia matado um leão e um urso. Quando estes tentaram comer as ovelhas do seu rebanho. Ele mesmo, isto é, Davi descreve para o rei Saul que tinha todos os quesitos para enfrentar o gigante Golias, pois ele já havia enfrentado feras piores.
Com essa experiência e cheio de confiança em Deus Davi partiu contra o gigante e pegando da sua funda e colocando uma pedra lançou contra a cabeça do gigante, cravando a pedra na testa. O gigante cai e Davi rapidamente pega a espada que o gigante carrega e corta a cabeça dele.
Davi vence o gigante e coloca todo o exército filisteu para correr!

SUBSÍDIO - DAVI LIÇÃO 1

segunda-feira, 5 de outubro de 2009



LIÇÃO 1
04 de Outubro de 2009
DAVI E A SUA VOCAÇÃO
INTRODUÇÃO
A história de Davi é a história mais linda da Bíblia Sagrada. O encontramos pela primeira vez cuidando das ovelhas de seu pai. Trabalho que fazia com amor e dedicação. O cuidado dele era tanto que chegara a enfrentar feras terríveis como Leão e Urso que ameaçavam o rebanho que estava aos seus cuidados. Foi quando ainda Davi cuidava de ovelhas que o Senhor mandou ungi-lo com Rei. A vocação de Deus alcançou Davi sendo ele ainda um pastor de ovelhas e ovelhas de seu pai.
VISÃO GERAL
O ÚLTIMO JUIZ DE ISRAEL (1 SAMUEL 1-8)
Samuel, último e mais importante juiz de Israel foi também profeta (1 Sm 3.20) e sacerdote (1 Sm 9.12,13), já em idade avançada serviu como conselheiro do Primeiro Rei de Israel, Saul. Samuel ungiu o maior Rei de Israel, Davi.
Juntos, os dois, Livros de Samuel cobrem a história de Israel desde a última parte do século XII até a primeira parte do século X a.C.
Explicam a transição de Israel do período das Tribos, associadas por Juízes locais, para a época da nação unida sob a Monarquia.
EXIGENCIA DE UM REI ( 1 SAMUEL 8 )
Quando Samuel já era idoso, o povo de Israel exigiu um Rei. Em parte, essa exigência foi motivada pelo fato de que os filhos de Samuel não eram como ele. E Samuel entendeu o pedido como uma afronta pessoal.
“No entanto, havia motivações mais profundas, as quais estão expressas na seguinte declaração: “Seremos como todas as outras nações”; um Rei nos governará; e sairá à nossa gente para combater em nossas batalhas”. Como Deus declarou, isso era uma rejeição a ele, e não a Samuel.
Afinal, Deus havia tirado do Egito. Concedeu-lhes a vitória em Mispá. Pedir um governante humano demonstrava falta de vontade de continuar confiando em Deus.
Samuel ficou indignado e fez uma lista das desvantagens de ter um governante humano ( 1 Sm 8.11-18). Mas Israel insistiu, e Deus disse a Samuel que atendesse ao pedido do povo e lhe desse um Rei.
O REI FALHO ( 1 SAMUEL 9-15 )
A história de Davi começa, quando termina a história de Saul. A história de Saul é trágica, mas repleta de lições espirituais importantes.
A história de Saul não foi registrada para nos amedrontar, como se fôssemos iguais a ele, mas para nos encorajar.
As lições espirituais importantes, não só encontramos na história de Davi, mas também na história de Saul. A diferença está nas decisões que ambos tomaram em suas vidas.
As decisões erradas de Saul fizeram com que seu reinado fosse reprovado e chegasse ao fim.
Foi quando Deus providenciou um Rei segundo o seu coração para Reinar sobre o seu povo o povo de Israel.
REI
A palavra hebraica é MELEK. “Muitas vezes é traduzida por “governante”, “chefe” ou príncipe”, assim como por “Rei”. Indica a pessoa com autoridade civil.Nos tempos bíblicos, era o responsável por todas as funções governamentais – legislativas, executivas e judiciais. O Rei de Israel, no entanto, devia ser pessoalmente submetido à lei, governando de acordo com ela. A história do povo de Deus mostra a enorme influência moral que tanto os reis bons quantos os maus tiveram sobre as nações de Israel e Judá.
MONARQUIA.
O governo no AT. O povo de Deus no AT viveu sob duas formas básicas de governo nacional. A primeira foi a Teocracia – o próprio Deus era o governo de Israel. O Senhor outorgou a Lei ao seu povo para que este vivesse de acordo com ela (Legislador). Deus conduzia o povo nas batalhas, muitas vezes intervindo de forma miraculosa para garantir a vitória, quando esse povo confiava nele (Chefe de Estado). Deus declarou todos responsáveis e obrigados a prestar contas uns aos outros com relação às obrigações morais, sociais e religiosas previstas na Lei (Juiz). O conhecimento de que o Deus invisível reinava diretamente sobre seu povo é patente em Samuel, pois ficou chocado e indignado quando o povo exigiu um rei humano.
Poderíamos minimizar a exigência de um líder visível para combater inimigos tão visíveis, não fosse a história como a conhecemos. Pois Deus, o Rei, concedera ao seu povo líderes humanos. Deus escolhera Moisés e Arão, que haviam conduzido os antepassados do povo para fora do Egito. Mais tarde, já na terra prometida, Israel foi oprimido por inimigos humanos. Mas essa opressão ocorrera somente depois que os israelitas se afastaram de Deus. Quando Israel se voltou para Deus novamente, o Senhor levantou os líderes conhecidos como juízes: homens como Gideão, Baraque, Jefeté e Samuel. Por meios desses líderes, Deus conquistou vitórias militares para Israel.
O desejo de Israel era ter um rei para que fossem como as outras nações, ou seja, um rei que pudesse governá-los e ir adiante deles nas batalhas (1 Sm 8.20). Mas Deus chamou Israel para ser diferente das outras nações. Era o relacionamento direto com Deus que tornava Israel diferente das outras nações. Ao pedir um rei, estavam na verdade rejeitando o governo direto de Deus e negando sua herança singular.
Moisés já havia previsto o dia em que o povo exigira um rei, e por isso a Lei estabeleceu padrões que diminuiriam os perigos da Monarquia: “Se quando entrarem na terra que o Senhor, o seu Deus, lhes dá, tiverem tomado posse dela, e nela tiverem se estabelecido, vocês disseram: “Queremos um rei que nos governe, como têm todas as nações vizinhas, tenham o cuidado de nomear o rei que o Senhor, o seu Deus, escolher. Ele deve vir dentre os seus próprios irmãos israelitas. Não coloquem estrangeiro como rei, alguém que não seja israelita. Esse rei, porém, não deverá adquirir muitos cavalos, nem fazer o povo voltar ao Egito para conseguir mais cavalos pois o Senhor lhes disse: “Jamais voltem por este caminho”.Ele não devera tomar para si muitas mulheres; se o fizer, desviará o seu coração. Também não deverá acumular muita prata e muito ouro. Quando subir ao trono do seu reino, mandará fazer num rolo, para o seu uso pessoal, uma cópia da lei que está aos cuidados dos sacerdotes levitas. Trará sempre essa cópia consigo e terá que lê-la todos os dias da sua vida, para que aprenda a temer o Senhor. O seu Deus, e a cumprir fielmente todas as palavras da lei, e todos estes decretos. Isso fará que ele não se considere superior aos seus irmãos israelitas e que não se desvie da lei, nem para a direita, nem para a esquerda. Assim prolongará o seu reinado sobre Israel, bem como o dos seus descendentes” (Dt 17.14-20).
FORMAÇÃO DE UM HOMEM ( 1 SAMUEL 16-31)
Os anos de frustração de Israel terminaram com a morte de Saul, e o “Senhor procurou um homem segundo o seu coração e o designou líder de seu povo” ( 1 Sm.13.14).
Encontramos Davi pela primeira vez já sob os holofotes. Levava comida ao acampamento de Israel, onde o exército estava reunido para combater os filisteus. Mas o exército inteiro estava paralisado, com medo do gigante Golias, homem de 2,90 metros de altura, cujo corpo era proporcional e bem desenvolvido.
A cena de vitória de Davi não é o começo da história. Essa vitória está arraigada aos anos tranqüilos que Davi viveu como pastor no campo, ao medo que Davi deve ter sentido das feras do campo à volta dele e à coragem testada muitas vezes quando saía n a percepção crescente que Davi tinha da presença de Deus e na sua confiança no Senhor.
Certamente, Deus, na sua soberania já havia vocacionado a Davi desde a eternidade, mas o chamado pessoal especifica se deu quando da desobediência de Saul, e na unção posterior por Samuel na Casa de seu pai Jessé.
A vocação divina, não tira a responsabilidade humana. Deus na sua soberania, prover os meios desta vocação, de acordo com seus propósitos eternos, não interferindo na livre escolha da pessoa. A vocação divina, sempre é positiva, isto é, é segundo a boa vontade de Deus no cumprimento dos seus propósitos.
O fato de Davi ser abençoado por Deus, não foi obra apenas de sua vocação, mas de corresponder a essa vocação divina em obediência e temor a Deus.
Saul também foi chamado por Deus, assim como foi Davi. A diferença é que, Davi foi chamado e foi obediente; Saul foi chamado e foi desobediente.