sábado, 13 de junho de 2009
FÉ & RAZÃO
INTRODUÇÃO
Será que há harmonia entre a Fé e a Razão? Será que a Fé pode explicar tudo sem precisar da razão? Será que a Razão pode explicar tudo sem a Fé?
Podemos conciliar Fé e Razão? Qual é a mais importante? O que podemos fazer por meio da Razão? O que podemos fazer por meio da Fé? A fé entende a Razão? A Razão entende a Fé? Essas e outras perguntas foram feitas por muitos pensadores, teólogos, filósofos e outros. E continuam nos nossos dias. A estas perguntas vamos nos esforçar para responder a luz da Teologia Filosófica e da razão.
INTRODUÇÃO
Será que há harmonia entre a Fé e a Razão? Será que a Fé pode explicar tudo sem precisar da razão? Será que a Razão pode explicar tudo sem a Fé?
Podemos conciliar Fé e Razão? Qual é a mais importante? O que podemos fazer por meio da Razão? O que podemos fazer por meio da Fé? A fé entende a Razão? A Razão entende a Fé? Essas e outras perguntas foram feitas por muitos pensadores, teólogos, filósofos e outros. E continuam nos nossos dias. A estas perguntas vamos nos esforçar para responder a luz da Teologia Filosófica e da razão.
A HARMONIA ENTRE FÉ E RAZÃO
o uso da cultura clássica
A segunda fonte da teologia cristã é a razão humana. Embora a importância da razão para a teologia cristã tenha sido sempre reconhecida, assumiu uma importância especial à época do IIUMINISMO.
Um dos debates mais importantes no seio da igreja primitiva dizia respeito à extensão com que os cristãos poderiam se apropriar do imenso legado cultural do mundo clássico-a poesia, a filosofia e a literatura. De que forma a filosofia, a literatura poderiam ser adotadas e adaptadas pelos autores cristãos, que ansiavam por utilizar esses padrões clássicos de escrita, para expor e comunicar sua fé? Ou o próprio uso desse meio literário significava comprometer os fundamentos da fé cristã? Esse foi um debate de imensa relevância à medida que levantou a questão sobre a possibilidade de o cristianismo voltar as costas a sua herança clássica ou apropriar-se dela, mesmo que de uma forma modificada.
Uma primeira resposta a essa importante questão foi dada por Justino Mártir, autor do século I, que apresentava uma preocupação particular em explorar os paralelos entre cristianismo e o platonismo como forma de comunicação do evangelho. Para Justino, as sementes da sabedoria divina haviam sido semeadas por todo o mundo, o que significava que os cristãos poderiam e deveriam estar prontos para encontrar aspectos do evangelho refletidos no contexto externo à igreja.
Para Justino, os cristãos eram, portanto, livres para se utilizar da cultura clássica, com a consciência de que o que quer que tenha sido dito com precisão se baseia, afinal, na sabedoria e no discernimento divinos.
Ainda que o argumento de Justino possa ter sido importante, ele foi recebido com certa frieza por muitos setores da igreja cristã.
A critica mais severa a esse tipo de enfoque encontrado nos escritos de Tertuliano, advogado romano do século III que se converteu ao cristianismo. Ele questionava: “ Que relação há entre Atenas e Jerusalém? Que importância a Academia de Platão tem para a igreja? A forma como a pergunta é feita deixa clara a resposta de Tertuliano: o cristianismo deve manter sua identidade característica, evitando influências seculares desse tipo.
O cristianismo, de acordo com Tertuliano, era basicamente um movimento contracultural, que recusava deixar-se contaminar de qualquer forma, pelo contexto mental e moral no qual se encontrava arraigado.
A questão tornou-se de grande importância com a conversão do imperador romano Constantino, a qual abriu caminho para uma avaliação muito mais positiva do relacionamento entre fé e razão.
Após 313, a exploração entre a fé e a razão tornou-se motivo de urgência para os principais intelectuais cristãos – dentre os quais o maior foi Agostinho de Hipona.
Agostinho arrematou seu argumento com a observação de que vários cristãos, que recentemente tinham se tornado famosos, haviam lançado da sabedoria clássica para o avanço do evangelho.
Da mesma forma , o conhecimento pagão não é inteiramente feito de falsos ensinamentos e superstições... Ele também possui alguns ensinamentos excelentes e adequados ao uso da verdade, assim como excelentes valores morais.
Portanto, o cristão é capaz de separar essas verdades de suas infelizes associações, separando-as e utilizando essas verdades de maneira adequada à proclamação do evangelho.
A HARMONIA ENTRE FÉ E RAZÃO
Razão e revelação: três modelos
Pelo fato de os seres humanos serem racionais, deve-se esperar que a razão deva ter um papel preponderante a desempenhar na teologia. Contudo, tem havido um grande debate dentro da teologia cristã, a respeito de qual possa ser esse papel.
A teologia é uma disciplina racional. Essa posição , associada a escritores como Tomás de Aquino, trabalha a partir do pressuposto de que a fé cristã é fundamentalmente racional, podendo, portanto, ser sustentada e investigada pela razão. As cinco vias Aquino, ilustram muito bem isso.
No entanto, Aquino e a tradição cristã, da qual era representante, não acreditavam que o cristianismo estivesse limitado àquilo que pudesse ser comprovado pela razão.
A fé vai além da razão, tendo acesso a verdades e a revelações que a razão não pode esperar penetrar ou descobrir de forma autônoma. A razão tem o papel de construir sobre aquilo que é conhecido pela revelação, investigando quais possam ser suas implicações. Nesse sentido, a teologia é scientia - uma disciplina racional, que utiliza método racionais para construir a partir daquilo que é conhecido por meio da revelação, a fim de ampliar esse conhecimento.
A teologia é a reapresentação das percepções da razão. Até a metade do século XVII, especialmente na Inglaterra e na Alemanha, começou a surgir uma nova atitude em relação ao cristianismo. O cristianismo, dizia-se era racional.
Todavia, de onde Tomás de Aquino havia entendido que isso significava que a fé estava seguramente fundamentada sobre alicerces racionais, essa nova escola de pensamento tinha idéias diferentes. Se a fé é racional, argumentavam eles, deve ser passível de ser inteiramente deduzida por meio da razão. Deve-se demonstrar que cada aspecto da fé, cada elemento integrante da crença, deriva da razão humana.
A teologia é redundante;a razão reina de forma suprema.Por fim, essa posição potencialmente racionalista foi levada a sua consequência lógica. Na verdade, segundo defendia essa posição, o cristianismo realmente possuía uma série de dogmas importantes que eram inconsistentes com a razão. A razão tinha o direito de julgar a religião, pelo fato de estar em uma posição de supremacia.
Essa abordagem normalmente é chamada de “racionalismo Iluminista”.
A HARMONIA ENTRE FÉ E RAZÃO
Razão da Fé
Se perguntássemos à maioria das pessoas a razão por que crêem, muitas delas teriam dificuldades de oferecer uma base sólida para sua opinião. De modo geral, as convicções pessoais referem-se à lealdade a uma herança ou a uma tradição específica.
É surpreendente notar o quanto a fé fundamenta-se na submissão a uma instituição, a um partido político, a uma igreja, ou um sistema religioso, mas não em fatos. Muitas vezes a fé religiosa é mais uma demonstração de lealdade aos pais, ao sacerdote, ou ao pastor, do que uma convicção real fundamentada em evidência sólida.
O mesmo acontece em relação ao mundo secular. As crenças existem por razões sociais, a fim de ser aceito em um círculo de amigos ou entre os colegas. Por exemplo, não acreditar na evolução levaria alguém a ser ridicularizado por seus colegas e, até mesmo, a perder sua posição na comunidade acadêmica. Robert Jastrow, um dos astrônomos mais importantes do mundo, foi o fundador(e por muitos anos o diretor) do Instituto Espacial Goddard, que lançou as sondas pioneer e voyage no espaço.Jastrow, agnóstico, chocou seus colegas em uma conferência nacional da Associação para ciências Avançadas ao admitir que havia evidências de um Criador Superior do universo. Ele também teve coragem de escrever.
Os astrônomos, curiosamente, ficam contrariados... Com a prova de que o universo teve um início. A reação deles fornece-nos uma demonstração interessante das respostas da mente científica – supostamente uma mente bastante objetiva -, quanto a evidência revelada pela ciência entra em conflito com os artigos de fé professados por sua profissão... A ciência é uma espécie de religião (grifo do autor).
A evolução em si mesma é aceita por zoologistas não porque observaram sua ocorrência... Nem porque ela pode provada logicamente por meio de evidências coerentes, mas porque ela é a única alternativa de biólogos, ressaltou Watson, D.M.S, o homem que tornou a evolução popular na televisão britânica.
Ninguém gosta de estar errado. É particularmente humilhante admitir que a fé religiosa de toda a vida de uma pessoa tenha sido colocada em lugar errado e que a fé herdada de seus ancestrais (ou que o ponto de vista “cientifico” aprendido na universidade), na verdade, é falsa.
Todas as religiões em algum momento ou outro exigem fé – e , frequentemente, não em Deus, mas no sistema religioso, na igreja em si, no fundador ou líder religioso. O resultado de depositar a confiança em algo ou alguém que não seja Deus, embora esse algo ou esse alguém possa reivindicar que representa o Senhor, a decepção inevitavelmente aparece. Um individuo pode tornar-se cínico e dar as costas a toda religião e, a partir desse momento, rejeitar a possibilidade da verdade. Ou o individuo, para que possa conhecer a Deus, pode tornar-se um seguidor mais diligente e cauteloso, mais sábio e determinado do que costumava ser, porém agora, mais cauteloso sobre as promessas e ensinamentos de meros homens.
A “fé” que não for fundamentada na razão, apoiada em evidências irrefutáveis, é uma verdadeira loucura. A bíblia apresenta o registro daquilo que chama de “fé”, esse elemento fundamental que oferece a única resposta confiável a todas as questões supremas da vida.
Não há nada errado em formular questões em busca da verdade. Na realidade, apresentar questões é essencial no processo de descoberta da verdade.
É surpreendente a quantidade de pessoas que vai regularmente á igreja e aceitou a perigosa e ilógica idéia de que quando vem para a religião a pessoa não pode nunca questionar nada, pois isso demonstraria uma “falta de fé”. Ao contrário, as questões precisam ser formuladas e a pessoa não deve ficar satisfeita até que se sinta segura em relação à resposta recebida. O cetismo, na verdade, é essencial como um primeiro passo em direção á fé, desde que ele não se revista de orgulho nem se transforme em um pretexto para o preconceito. A credulidade ingênua não ajuda a fé verdadeira; na verdade, é sua inimiga.
A fé é a confiança absoluta e total. Certamente, ninguém ou nada além de Deus é merecedor de nossa absoluta e total confiança e, portanto, de nossa fé. Jesus disse: “ Tende fé em Deus (Mc 11.22). Portanto, quando a fé é associada a alguém(pastor, sacerdote, guru) ou algo (igreja, religião, instituição) que não seja Deus, está ma direcionada. Apenas Deus é onipotente, onisciente e onipresente e, portanto, não nos desaponta quando cremos nEle.
A razão e a evidência podem legitimamente apontar a direção que a fé deve seguir - é necessário fazer isso.
Na verdade, a fé não deve transgredir a evidência e a razão, portanto, segue apenas a direção apontada pela razão e pela evidência.
À primeira vista pode parecer normal rejeitarmos a razão e a evidência, pois Deus está muito além de nossa capacidade de compreensão total e, dessa maneira, está além de qualquer prova que possamos compreender. Muitos menos que a prova, como poderia a evidência ter qualquer participação na crença em Deus?Se a razão não tem qualquer participação na fé, assim a pessoa poderia acreditar em qualquer tipo de “ deus” – uma idéias claramente falsa. A pessoa deve ter alguma evidência até mesmo para crer que existe um Deus. De outra maneira, como a idéia de Deus poderia se sustentar?
O ateu vê essa mesma evidência, e ele também dá o passo de “fé” , para além da razão. Infelizmente, entretanto, ele dá este passo tentando escapar das consequências de admitir a existência de Deus e, deste modo, de suas responsabilidades para com seu criador. O ateu da “ o salto de fé” em direção oposta para qual a razão e evidência claramente apontam. Ele escolhe negar a evidência e, consequentemente, sua “fé” é totalmente irracional, embora, de qualquer modo, seja uma fé genuína.
CONCLUSÃO
Nossa fé está alicerçada em evidências racionais. Daí a necessidade da conciliação ou harmonia existente entre fé e razão.
A fé não exclui a Razão, mas esta aponta para o caminho da fé provendo todas as evidências necessárias até certos limites da fé.
A razão por ser inata, foi afetada pelo pecado original, portanto sujeita a falha e equívocos. Cabe a fé fazer com que a razão seja novamente direcionada aos seus objetivos racionais.
BIBLIOGRAFIAS:
Davi hunt – Em defesa da fé cristã
Alister E. Mcgrath-Teologia Sistemática,histórica e filosófica
Marilena Chauí - Convite a filosofia
Jostein Gaarder - O mundo de Sofia
Ezequias Soraes – Heresias e Modismos