O PERFIL DE UM LÍDER CRISTÃO EXEMPLAR-BARNABÉ.

sábado, 15 de outubro de 2011

 

 

 livro de Atos dos apóstolos faz uma síntese da vida de Barnabé, um dos maiores líderes da igreja cristã, nos seguintes termos: “Porque era homem bom, cheio do Espírito Santo e de fé…” (At 11.24). Há três verdades sobre Barnabé que devemos aqui destacar:

1. Um líder cristão deve investir sua vida na vida dos outros.

Ser líder é ser servo; ser grande é ser pequeno; ser exaltado é humilhar-se. Barnabé é o único homem da Bíblia chamado de bom. E por que? É porque quase sempre, ele está investindo sua vida na vida de alguém. Em Atos 4.36,37 ele está investindo recursos financeiros para abençoar pessoas. Em Atos 9.27 ele está investindo na vida de Saulo de Tarso, quando todos os discípulos fecharam-lhe a porta da igreja não acreditando que ele fosse convertido. Em Atos 11.19-26, a igreja de Jerusalém o vê como o melhor obreiro a ser enviado para Antioquia e quando ele vê a graça de Deus prosperando naquela grande metrópole, mais uma vez ele investe na vida de Saulo e vai buscá-lo em Tarso. Em Atos 13.2 o Espírito o separa como o líder regente da primeira viagem missionária. Em Atos 15.37-41 Barnabé mais uma vez está investindo na vida de alguém; desta feita na vida de João Marcos. Precisamos de líderes que sejam homens bons, homens que dediquem seu tempo e seu coração para investir na vida de outras pessoas.

2. Um líder cristão deve esvaziar-se de si para ser cheio do Espírito Santo. Barnabé era um homem cheio do Espírito Santo. Sua vida, suas palavras e suas atitudes eram governadas pelo Espirito de Deus. Um líder cheio do Espirito tem o coração em Deus, vive para a glória de Deus, ama a obra de Deus e serve ao povo de Deus. Barnabé é um homem vazio de si mesmo, mas cheio do Espírito Santo. A plenitude do Espírito não é uma opção, mas uma ordem divina. Não ser cheio do Espírito é um pecado de negligência. Precisamos de líderes que transbordem do Espírito, homens que sejam vasos de honra, exemplo para os fiéis, bênção para o rebanho de Deus. Quando os líderes andam com Deus, eles influenciam seus liderados a também andarem com Deus. Por isso, a vida do líder é a vida da sua liderança. Deus está mais interessado em quem o líder é do que no que o líder faz. Vida com Deus precede trabalho para Deus. Piedade é mais importante do que performace.

3. Um líder cristão deve colocar seus olhos em Deus e não nas circunstâncias. Barnabé era um homem cheio de fé. Ele vivia vitoriosamente mesmo diante das maiores dificuldades, porque sabia que Deus estava no controle da situação. A fé tira nossos olhos dos problemas e os coloca em Deus que está acima dos problemas. A fé é certeza e convicção. É certeza de coisas e convicção de fatos (Hb 11.1). É viver não pelo que vemos ou sentimos, mas na confiança de que Deus está no controle, mesmo que não estejamos no controle. A fé sorri diante das dificuldades, não porque somos fortes, mas porque embora sejamos fracos, confiamos naquele que é onipotente. Barnabé é um exemplo de um líder que deve ser seguido. Precisamos de líderes que vejam o invisível, creiam no impossível e toquem o intangível. Precisamos de líderes que ousem crer no Deus dos impossíveis e realizar coisas para ele. Precisamos de líderes que olhem para a vida na perspectiva de Deus, que abracem os desafios de Deus e realizem grandes projetos no reino de Deus.

 

Fonte: Hernandes Dias Lopes

 

FONTE: HERNANDES DIAS LOPES

Por que estou Comprometido em Ensinar a Bíblia

 

Por que estou Comprometido em Ensinar a Bíblia

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John MacArthur

John MacArhtur, autor de mais de 150 livros e conferencista internacional, é pastor da Grace Comunity Church, em Sum Valley, Califórnia, desde 1969; é presidente do Master’s College and Seminary e do ministério “Grace to You”; John e sua esposa Patrícia têm quatro filhos e quatorze netos.

Jamais aspirei ser conhecido como um teólogo, um apologista ou um erudito. Minha paixão é ensinar e pregar a Palavra de Deus. Embora tenha abordado questões teológicas e controvérsias doutrinárias, em alguns de meus livros, nunca o fiz sob o ponto de vista da teologia sistemática. Pouco me inquieta o fato de que algum assunto doutrinário se enquadra nesta ou naquela tradição teológica. Desejo saber o que é bíblico. Todas as minhas preocupações estão voltadas às Escrituras, e meu desejo é ser bíblico em todo o meu ensino.

Pregue a Palavra

Esta é a atitude com a qual abracei o ministério desde o início. Meu pai é um pastor, e, quando lhe disse, há alguns anos, que senti haver Deus me chamado para o ministério, ele me presenteou uma Bíblia em que havia escrito essas palavras de encorajamento: “Pregue a Palavra!” Esta simples frase se tornou um estímulo em meu coração. Isso é tudo que tenho me esforçado para fazer em meu ministério — pregar a Palavra.

Os pastores de nossos dias sofrem tremenda pressão para fazerem tudo, exceto pregar a Palavra. Eles são instruídos pelos eruditos do Movimento de Crescimento de Igreja que têm de alcançar as “necessidades sentidas” dos ouvintes. São encorajados a se tornarem contadores de histórias, comediantes, psicólogos e preletores que motivam. São aconselhados a evitarem assuntos que os ouvintes acham desagradáveis. Muitos já abandonaram a pregação bíblica em favor de mensagens devocionais que têm o objetivo de fazer as pessoas sentirem-se bem. Alguns têm substituído a pregação por dramatização e outras formas de entretenimento.

Mas o pastor cuja paixão é completamente bíblica tem apenas uma opção: “Prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina” (2 Tm 4.2).

Quando Paulo escreveu essas palavras a Timóteo, ele acrescentou este aviso profético: “Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos; e se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fá- bulas” (vv. 3,4).

Com certeza, a filosofia de ministério do apóstolo Paulo não incluía a teoria de “dar às pessoas o que elas desejam”. Ele não instou Timóteo a realizar uma pesquisa a fim de descobrir o que as pessoas queriam; mas ordenou que ele pregasse a Palavra, com fidelidade, repreensão e paciência.

Na verdade, ao invés de insistir que Timóteo idealizasse um ministério que acumularia elogios do mundo, Paulo advertiu o jovem pastor a respeito de sofrimentos e dificuldades! O apóstolo não estava ensinando Timóteo sobre como ser bem-sucedido; estava encorajando-o a seguir o padrão divino. Paulo não o estava aconselhando a buscar prosperidade, poder, popularidade ou qualquer outro conceito mundano de sucesso. O apóstolo instava o jovem pastor a ser bíblico, apesar das conseqüências.

Pregar a Palavra nem sempre é fácil. A mensagem que somos exigidos a pregar é, com freqüência, ofensiva. O próprio Senhor Jesus é uma pedra de tropeço e uma rocha de escândalo (Rm 9.33; 1 Pe 2.8). A mensagem da cruz é uma pedra de escândalo para alguns (1 Co 1.23; Gl 5.11) e loucura para outros (1 Co 2.3).

Não temos permissão para embelezar a mensagem ou moldá-la de acordo com as preferências das pessoas. O apóstolo Paulo deixou isto claro, ao escrever a Timóteo: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça” (2 Tm 3.16 — ênfase acrescentada). Esta é a mensagem a ser proclamada: todo o conselho de Deus (At 20.27).

No primeiro capítulo de sua segunda carta a Timóteo, Paulo lhe dissera: “Mantém o padrão das sãs palavras que de mim ouviste” (2 Tm 1.13). O apóstolo se referia às palavras reveladas por Deus nas Escrituras — todas elas. Paulo instou Timóteo a guardar o tesouro que lhe havia sido confiado. No capítulo seguinte, o apóstolo aconselhou Timóteo a estudar a Palavra e manejá-la bem (2 Tm 2.15). E, no capítulo 3, Paulo o aconselhava a proclamá-la. Deste modo, todo o ministério de um pastor fiel gira em torno da Palavra de Deus — manter, estudar e proclamar.

Em Colossenses, Paulo, ao descrever sua própria filosofia de ministério, escreveu: “Da qual me tornei ministro de acordo com a dispensação da parte de Deus, que me foi confiada a vosso favor, para dar pleno cumprimento à palavra de Deus” (Cl 1.25 — ênfase acrescentada). Em 1 Coríntios, ele foi um passo além, afirmando: “Eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não o fiz com ostentação de linguagem ou de sabedoria. Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado” (1 Co 2.1-2). Em outras palavras, seu objetivo como pregador não era entreter as pessoas com um estilo retórico ou diverti-las com esperteza, humor, novos pontos de vistas ou metodologia sofisticada; o apóstolo simplesmente pregou a Cristo.

A pregação e o ensino fiel da Palavra de Deus têm de ser o âmago de nossa filosofia de ministério. Qualquer outra filosofia de ministério substitui a voz de Deus pela sabedoria humana. Filosofia, política, psicologia, conselhos despretensiosos, opiniões humanas jamais são capazes de fazer o que a Palavra de Deus faz. Essas coisas podem ser interessantes, informativas, entreter as pessoas e, às vezes, serem úteis, mas elas não constituem o objetivo da igreja. A tarefa do pregador não é ser um canal para a sabedoria humana; ele é a voz de Deus para a igreja. Nenhuma mensagem humana tem o selo da autoridade divina — somente a Palavra de Deus. Como ousa qualquer pregador substituí-la por outra mensagem? Sincera-mente, não entendo os pregadores que estão dispostos a abdicarem deste solene privilégio. Por que devemos proclamar a sabedoria dos homens, quando temos o privilégio de pregar a Palavra de Deus?

Seja Fiel, Quer Seja Oportuno, Quer Não

Nossa tarefa nunca se acaba. Não apenas temos de pregar a Palavra de Deus, mas também precisamos fazê-lo apesar das opiniões divergentes que nos rodeiam. Somos ordenados a nos mostrarmos fiéis quando esse tipo de pregação for tolerado e quando não o for.

Encaremos esse fato: pregar a Palavra agora não é oportuno. A filosofia de ministério norteada por marketing, que está em voga no presente, afirma claramente que proclamar as verdades bíblicas está fora de moda. Exposição bíblica e teologia são vistas como antiquadas e irrelevantes. Essa filosofia de ministério declara: “As pessoas que freqüentam a igreja não querem mais ouvir a pregação da Palavra. A geração do pós-guerra simplesmente não agüenta ficar sentada no banco, enquanto à sua frente alguém prega. Eles são frutos de uma geração condicionada pela mídia e precisam de uma experiência de igreja que os satisfaça em seus termos”.

O apóstolo Paulo disse que o pregador excelente tem de ser fiel em pregar a Palavra, mesmo quando isso não está na moda. A expressão que ele utilizou “esteja pronto” (no grego, ephistemi) literalmente significa “permanecer ao lado”, retratando a idéia de prontidão. Era freqüentemente usada para descrever uma guarda militar, sempre a postos, preparada para o dever. Paulo estava falando sobre uma intensa prontidão para pregar, assim como a de Jeremias, o qual afirmou que a Palavra de Deus era como um fogo em seus ossos. Isto era o que Paulo estava exigindo de Timóteo: não relutância, e sim prontidão; não hesitação, e sim coragem; não mensagens que motivavam os ouvintes, e sim a Palavra de Deus.
Corrige, Repreende e Exorta

Paulo também deu a Timóteo instruções a respeito do tom de sua pregação. Ele utilizou duas palavras que têm conotação negativa e uma que é positiva: corrige, repreende e exorta. Todo ministério de valor precisa ter um equilíbrio entre coisas positivas e negativas. O pregador que falha em reprovar e corrigir não está cumprindo sua comissão.

Recentemente, ouvi uma entrevista no rádio com um pregador bastante conhecido por sua ênfase em pensamento positivo. Esse pregador tem afirmado em seus escritos que evita qualquer menção do pecado em suas pregações, porque ele acha que as pessoas, de alguma maneira, estão sobrecarregadas com excessiva culpa. O entrevistador perguntou-lhe como ele poderia justificar essa atitude. O pastor respondeu que bem cedo em seu ministério havia decidido focalizar as necessidades das pessoas e não atacar seus pecados.

Entretanto, a mais profunda necessidade das pessoas é confessar e vencer seus pecados. Portanto, a pregação que não confronta e corrige o pecado, através da Palavra de Deus, não satisfaz a necessidade das pessoas. Falas sentirem-se bem e res- ponderem com entusiasmo ao pregador. Mas isso não é o mesmo que satisfazer suas verdadeiras necessidades.

Corrigir, repreender e exortar é o mesmo que pregar a Palavra de Deus, pois estes são os ministérios que as Escrituras realizam – “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça” (2 Tm 3.16). Observe o mesmo equilíbrio de tom positivo e negativo. Repreensão e correção são negativos, ensinar e educar são positivos.

O tom positivo é crucial também. A palavra “exorta” é para kaleo, um vocábulo que significa “encoraja”. O pregador excelente confronta o pecado e, em seguida, encoraja os pecadores arrependidos a comportarem-se de maneira cor-reta. Ele tem de fazer isso, com “paciência e longanimidade” (2 Tm 4.2). Em 2 Tessalonicenses 2.11, Paulo falou sobre exortar, encorajar e implorar, “como um pai a seus próprios filhos”. Isto freqüentemente exige muita paciência e instrução. Todavia, o pastor excelente não pode negligenciar esses aspectos de sua vocação.

Não se Comprometa em Tempos Difíceis

Existe urgência no encargo de Paulo ao jovem Timóteo: “Haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças como que sentindo coceira nos ouvidos” (2 Tm 4.3). Esta é uma profecia que lembra aquelas que encontramos em 2 Timóteo 3.1 (“Sabe, porém isto: Nos últimos dias, sobrevirão tempos difíceis”) e 1 Timóteo 4.1 (“O Espírito afirma expressamente que, nos últimos tempos, alguns apostatarão da fé”). Este, portanto, é o terceiro aviso profético de Paulo advertindo Timóteo a respeito dos tempos difíceis que estavam por vir. Observe a progressão: o primeiro aviso dizia que viria o tempo em que as pessoas se apartariam da verdade. O segundo advertia Timóteo sobre o fato de que tempos perigosos estavam vindo à Igreja. E o terceiro sugere que viria o tempo em que haveria na igreja aqueles que não suportariam a sã doutrina e, em vez disso, desejariam ter seus ouvidos coçados.

Isso está acontecendo na Igreja hoje. O evangelicalismo perdeu sua tolerância em relação à pregação confrontadora. As igrejas ignoram o ensino bíblico sobre o papel da mulher na igreja, a homossexualidade e outros assuntos. O instru- mento humano tem sobrepujado a mensagem divina. Esta é a evidência do sério comprometimento doutrinário. Se as igrejas não se arrependerem, esses erros e outros semelhantes se tornarão epidêmicos.

Devemos observar que o apóstolo Paulo não sugeriu que o caminho para alcançar nossa sociedade é abrandar a mensagem, de modo que as pessoas sintam-se confortáveis com ela. O oposto é verdade. Esse coçar os ouvidos das pessoas é uma abominação. Paulo instou Timóteo a estar disposto a sofrer por amor à verdade e continuar pregando a Palavra com fidelidade.

Um intenso desejo por pregação que causa coceira nos ouvidos tem conseqüências terríveis. O versículo 4 diz que essas pessoas “se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas” (2 Tm 4.4). Elas se tornam vítimas de sua própria recusa em ouvir a verdade. “Se recusarão” está na voz ativa. As pessoas voluntariamente escolherão essa atitude. “Entregando-se às fábulas” está na voz passiva; descreve o que acontece a tais pessoas. Tendo se afastado da verdade, elas se tornam vítimas do engano. Ao se afastarem da verdade, tornam-se presas de Satanás.

A verdade de Deus não coça nossos ouvidos; pelo contrário, ela os golpeia e os queima. Ela reprova, repreende, convence; depois, exorta e encoraja. Os pregadores da Palavra têm de ser cuidadosos em manter esse equilíbrio.
Sempre houve nos púlpitos homens que reuniram grandes multidões porque eram oradores dotados, interessantes contadores de histórias e preletores que entretinham os ouvintes; tinham personalidades dinâmicas; eram perspicazes manipuladores das multidões, políticos populares, elaboradores de mensagens que estimulavam os ouvintes e eruditos. Esse tipo de pregador pode ser popular, mas não é necessariamente poderoso. Ninguém prega com poder, se não pregar a Palavra de Deus. Nenhum pregador fiel minimiza ou negligencia todo o conselho de Deus. Proclamar toda a Palavra – essa é a vocação do pastor.

 

CRÉDITO: EDITORA FIEL

 

Editora Fiel - Artigo: Por que estou Comprometido em Ensinar a Bíblia

Barnabé um homem de larga visão

terça-feira, 11 de outubro de 2011

 

Barnabé um homem de larga visão

E os que foram dispersos pela perseguição que sucedeu por causa de Estêvão caminharam até à fenícia, Chipre e Antioquia, não anunciando a ninguém a palavra, senão somente aos judeus. E chegou a fama destas coisas aos ouvidos da igreja que estava em Jerusalém; e enviaram Barnabé a Antioquia. O qual quando chegou, e viu a graça de Deus se alegrou, e exortou a todos a que permanecessem no Senhor, com propósito de coração; Porque era homem de bem e cheio do Espírito Santo e de fé. E muita gente se uniu ao Senhor" (At 11:19; 22:24).

“O futuro tem muitos nomes. Para os fracos é o inatingível. Para os temerosos, o desconhecido. Para os valentes é a oportunidade”. Victor Hugo

Problemas é tudo que vemos quando não olhamos para Jesus. Uma vontade enérgica é a alma de um grande caráter. Onde ela existe, há vida; onde não existe, ha desânimo, impotência e depressão. Conseguimos da vida aquilo que nela pomos. O mundo tem para nós exatamente o que temos para ele. É como um espelho que reflete os gestos que fazemos.

Entre as frases mais citadas, nenhuma é mais sutil, e mais repleta de adamantina verdade do que esta que tantas vezes é proferida pelos lábios humanos: “QUERER É PODER”. Quem decide fazer uma coisa, por força dessa mesma decisão bate todas as barreiras e assegura a realização dessa coisa. “Assim como o homem pensa em seu coração, assim ele é”. Pensar que somos capazes é quase sê-lo; decidir sobre uma realização é muitas vezes própria realização.

Gosto de Barnabé não somente pelo que realizou, mas porque, embora não haja muitas coi­sas escritas sobre seus feitos, eles estão presentes por onde passou. Conhecemos pessoas tão famo­sas que contribuíram tão pouco para o avanço do cristianismo, mas vemos em Barnabé alguém que de modo simples e produtivo se destacou de for­ma singular entre os apóstolos do Senhor. Agora, em Antioquia, vamos observar suas qualidades, habilidades e sua larga visão do Reino.

ANTIOQUIA

As pessoas fracas esperam as oportunidades, as for­tes, as criam”.

Antioquia da Síria era a terceira maior cidade do mundo romano, ficava cerca de 25 quilômetros do mar, às margens do rio Orontes. A cidade era um magnífico exemplo de planejamento e ar­quitetura, testemunho da supremacia da civiliza­ção grega realçada pela paz romana. Os habitan­tes de Antioquia tinham reputação de imoderada exuberância, em parte por causa do seu humor satírico e senso vivo do ridículo, mas, principal­mente, pela vida sexual que até a Roma antiga achava excessiva.

Oito quilômetros ao sul, na passagem para os montes, estava o extenso Bosque de Dafne, dominado por uma enorme estátua do deus Apolo. Nesse lugar, centenas de prostitutas ofereciam o corpo a qualquer homem que desejasse adorar a deusa do amor. Entre as árvores e os templos, vivia uma ralé humana composta de escravos fu­gidos, criminosos, endividados e outros que iam procurar refugio ali.

As vielas e os bosques de Dafne eram ter­renos férteis, Antioquia possuía uma grande va­riedade racial e social. Foi em Antioquia que os do Caminho, foram chamados de cristãos pela primeira vez, significando este termo aqueles que se assemelhavam a Cristo. Antioquia era uma ci­dade onde, desde tempos remotos, havia muitos judeus, abrigando nos dias de Barnabé e Paulo uma colônia muito numerosa com várias sinago­gas espalhadas. Era também um lugar de idolatria e licenciosidade, e Barnabé foi visto pelos após­tolos como a pessoa ideal a ser enviada para lá, a fim de liderar, fazer crescer a igreja.

HERÓIS DESCONHECIDOS ROMPEM EM ANTIOQUIA

E os que foram dispersos pela perseguição que suce­deu por causa de Estêvão caminharam até à Fenícia, Chi­pre e Antioquia, não anunciando a ninguém a palavra, senão somente aos judeus. E havia entre eles alguns ho­mens cíprios e cirenenses; os quais entrando em Antioquia falaram aos gregos, anunciando o Senhor Jesus. E a mão do Senhor era com eles; e grande número creu e se converteu ao Senhor” (At 11.19-21).

A igreja de Antioquia nasceu com uma ca­racterística muito especial, ela surgiu do sobrena­tural. Ficamos perplexos com métodos utilizados por Deus para realizar grandes feitos. Primei­ro, Ele não usou gente famosa, os pioneiros de Antioquia até hoje são desconhecidos; segundo, escapando da morte, esses homens espalhavam vida por onde passavam; terceiro, a mensagem que pregaram aos sábios de Antioquia era a mais simples do mundo: “eles anunciavam o Senhor Jesus” (At 11.20).

Outro fato importante na vida desses desco­nhecidos era que “a mão do Senhor era com eles” (At 11.21). Quando a mão do Senhor governa vidas, ou uma igreja, as notícias que o vento leva a seu respeito não são de dissensão, ciúmes ou escânda­los. Aquela era uma obra do Espírito Santo, e Ele se utilizou de homens de Chipre e de Cirene, pes­soas de pele negra, que venceram preconceitos e, no poder do Espírito Santo, abriram a porta para que Barnabé administrasse e desse seguimento.

Foi em Antioquia que as barreiras raciais ruíram. Alguns judeus helenistas, não contentes de pregar a Jesus nas sinagogas aos seus companheiros igualmente helenistas, puseram-se a pregar também aos gentios gregos, resultando em que muitos deles abraçaram a nova fé, de modo que a segunda igreja cristã a ser fundada contava com numerosos membros de origem gentílica.

Era uma época de muito preconceito, pois os gentios eram vistos pelos judeus como pessoas impuras e indignas de relacionarem-se com Deus, mesmo que o evangelho já tivesse alcançado os gentios através da pregação de Pedro na casa de Cornélio. O vento da dispersão impulsionou os que fugiam do Imperador romano para Antioquia. Esses que até hoje não são conhecidos, incendia­ram aquela cidade impura, de cerca de meio mi­lhão de habitantes, com a pregação do evangelho.

Como um fogo que incendeia uma floresta seca, esses intrépidos e desconhecidos homens de pele negra pregaram com ousadia, quebraram barreiras e preconceitos raciais, inaugurando uma grande igreja num ambiente totalmente idólatra e imoral. Existem pessoas que precisam se tor­nar renomadas e conhecidas da mídia, para assim, anunciar o evangelho com mais alcance. Estes, até hoje não foram conhecidos, não têm nomes, não possuíam credenciais, não eram apóstolos, mas uma coisa se diz com relação a eles: “a mão do Senhor era com eles”. Se a mão do Senhor for co­nosco, já é suficiente.

Como o evangelho é poderoso. Enquanto os apóstolos estavam em Jerusalém, os frutos da pregação já haviam florescido entre os gregos. “E chegou a fama destas coisas aos ouvidos da igreja que estava em Jerusalém” (At 11.22). A fama que che­gou não era como a fama que ouvimos hoje em determinadas igrejas. Quando a mão do Senhor governa, os ventos espalham grandezas e maravi­lhas realizadas pelo Senhor no meio do seu povo. Não há espaços para fofocas ou coisas que nada edificam.

BARNABÉ CHEGA À ANTIOQUIA

E enviaram Barnabé à Antioquia. O qual, quando chegou, e viu a graça de Deus, se alegrou, e exortou a todos a que permanecessem no Senhor, com propósito de coração; Porque era homem de bem e cheio do Espírito Santo e de fé. E muita gente se uniu ao Senhor” (At 11. 22b-24).

Os apóstolos parecem não ter compreendi­do que deveriam ficar em Jerusalém apenas até o momento do revestimento (Lc 24.49). Mesmo assim, Deus não deixou de trabalhar, não contou com nenhum deles, e a igreja de Antioquia foi fundada. Ainda sem sentir o calor de uma nova experiência, enviaram Barnabé à Antioquia para que fortalecesse a igreja e administrasse segundo a unção e graça que estavam sobre sua vida.

Deus tem projetos guardados em sem cora­ção para frustrar os mais sábios dos homens. Ele nunca está desprevenido e havia um propósito por Ele desenhado para que Barnabé assumisse o controle daquela missão. Primeiro, manteve os apóstolos em Jerusalém, depois fez com que Bar­nabé fosse enviado por eles. Nada é por acaso no Reino de Deus.

Barnabé tinha algumas vantagens, e também desafios para enfrentar em Antioquia. Era nativo de Chipre, conhecia a língua grega e compreendia a cultura da época. Todavia, Antioquia era uma cidade moralmente imunda e de péssima reputa­ção. A Fenícia seguia uma religião pagã, e Antio­quia, o seu centro, era uma cidade espalhada, com cerca de meio milhão de habitantes, conhecida pelas corridas de bigas, jogo, prostituição, sistema de governo corrupto.

Outro fato importante é que o templo da deusa Diana ficava a 8 quilômetros da cidade e era um antro daquelas que eram chamadas de prostitutas sagradas. Para Barnabé era um grande desafio, pois os novos convertidos poderiam ser seduzidos pela imoralidade da cidade, visto que não possuíam qualquer conhecimento sobre a rica herança religiosa do judaísmo. Eles não conheciam a Deus e não haviam aprendido as Escrituras.

As vantagens de Barnabé se concentram em conhecer a cultura, falar a língua grega, e acima de tudo, por suas qualidades morais, pessoais e espirituais. Pois não existe nenhum outro homem citado no Novo Testamento que reunisse em si as qualidades que Barnabé possuía. “Ele era homem de bem, cheio do Espírito Santo e de fé”. Qualidades que raramente encontramos combinadas nos servos de Deus, inclusive em nós mesmos (At 11.24).

Às vezes encontramos pessoas cheias do Espírito Santo que nem sempre são pessoas de bem; é possível encontrar pessoas de fé que não são cheias do Espírito Santo; ou pessoas de bem, cheias dos Espírito Santo, cuja fé é baixíssima e destoante.

Na verdade, ter essas qualidades combinadas na época de Barnabé era muito diferente do que ocorre em nossos dias. Hoje uma pessoa cheia do Espírito Santo é a que salta, dança e faz piruetas; observemos a vida de Barnabé e veremos o que realmente era ser cheio do Espírito Santo; ser de bem e ser cheio de fé. Era realmente um conceito muito superior ao que existe hoje em dia

BARNABÉ, UM LÍDER DE LARGA VISÃO

A águia gosta de pairar nas alturas, acima do mun­do, não para ver as pessoas de cima, mas para estimulá-las a olhar para cima”. Elisabeth Klüber – Ross

Existem muitas pessoas que não têm visão para a vida nem sabem como obtê-la. Existem outras que até têm uma visão, mas estão presas na lama da confusão, sem saber o que fazer. Existem também aquelas que um dia tiveram uma visão, mas a abandonaram por causa de desânimo, de­silusão ou por conta do fracasso e da frustração. Mas a grande verdade é que todos nascemos com um propósito individual. Todavia, o aspecto trá­gico dessa realidade, é que muitos de nós vive­mos toda uma vida sem jamais identificar para que nascemos.

Visão é a habilidade de enxergar além do que nossos olhos físicos conseguem ver. A capa­cidade de não apenas ver como é, mas também de como pode vir a ser uma realidade. Visão é um conceito inspirado por Deus no coração de um ser humano. A vista é uma função dos olhos, mas a visão é uma função do coração. Nós podemos enxergar e ao mesmo tempo não ter visão.

É simples. Deus deu à humanidade o dom da visão para que não vivêssemos somente por aquilo que podíamos ver. As palavras visão e re­velação são, às vezes, usadas de maneira interca­lada. Revelar significa desvendar. Algo que é des­vendado estava lá o tempo todo, mas não podia ser visto exteriormente.

Por exemplo: o destino de um fruto do car­valho é ser uma árvore. Pela fé, conseguimos ver a árvore dentro da semente. Você tem uma visão dela pelos olhos da mente, porque identifica o potencial na semente. A mesma coisa ocorre co­nosco. Deus nos criou para um propósito, e para Deus esse propósito já está terminado porque Ele colocou dentro nós o potencial para cumpri-lo.

O que vemos é uma semente, mas o que re­almente está ali é uma árvore com frutos, frutos com sementes, e sementes com muitas outras árvores, que formarão em uma floresta. Nosso olhar vê uma semente, mas ali está uma floresta. Para verdadeiros visionários, o mundo projeta­do por suas visões é mais real do que a realidade concreta ao redor deles.

Conta-se que quando a Disney World foi inaugurada, havia apenas um aparelho de diversão. Walt Disney estava sentado em um banco, olhando fixamente para cima. Um dos trabalhadores, que estava cuidando do gramado, passou por ele e perguntou: “Como está, senhor?”. “Bem, obri­gado” respondeu Disney, sem olhar para o ho­mem, e continuou olhando para cima. Então o homem disse: “Sr. Disney, o que o senhor está fa­zendo?”. “Estou olhando para minha montanha. Vejo a montanha bem ali”, ele respondeu.

Walt contou aos seus arquitetos a respeito dessa montanha. Enquanto a descrevia, eles es­creveram o que ele falava, e, em seguida, elabora­ram os projetos. Walt morreu antes que a Space Mountain (Montanha Espacial) fosse construída, portanto não chegou a vê-la edificada. Quando a Space Mountain foi inaugurada, o governador e o prefeito estavam presentes, e a viúva de Walt também estava lá.

Um jovem levantou-se para apresentá-la e disse: “E uma pena que o Sr. Walt Disney não es­teja aqui hoje para ver esta montanha, mas esta­mos felizes pelo fato de sua esposa estar aqui”. A Sra. Disney foi até o pódio, olhou para a multidão e disse: Devo corrigir este jovem. “Walt já viu a montanha. É você que a está vendo apenas agora”.

A visão é a energia de uma liderança eficaz. Quando um líder vive a reclamar, sente-se opri­mido e cansado, é porque está sem visão. Quem tem visão vive por ela, ela é sua força. Veja quão grande exemplo nos deixou Calebe, que após ter visto e entrado na terra prometida, foi incluído no grupo dos insurretos de Israel e condenado mesmo sem culpa a rodear o deserto por quaren­ta lastimosos anos. Ele nunca se cansou, e quan­do chegou o fim daquele castigo, disse a Josué:

E agora eis que o Senhor me conservou em vida, como disse; quarenta e cinco anos são passados, desde que o Senhor falou esta palavra a Moisés, andando Israel ainda no deserto; e agora eis que hoje tenho já oitenta e cinco anos; E ainda hoje estou tão forte como no dia em que Moisés me enviou; qual era a minha força então, tal é agora a minha força, tanto para a guerra como para sair e entrar. Agora, pois, dá-me este monte de que o Senhor falou aquele dia; pois naquele dia tu ouviste que estavam ali os anaquins, e grandes e fortes cidades. Porventura o Senhor será comigo, para os expulsar, como o Senhor disse” Js 14. 10-12).

Um líder precisa ter um destino, um lugar onde chegar. O sentido de uma liderança é a vida. Pois um verdadeiro líder deve dar sentido à vida de seus liderados. Barnabé incentivou os irmãos a permanecer no Senhor com propósito, procu­rou instruí-los, e eles receberam o reconhecimen­to público de que se pareciam com Jesus Cristo. Nada muda sem liderança, nada acontece sem liderança, nada melhora sem liderança, nada se corrige sem liderança. Os líderes não mantêm as coisas, eles as melhoram.

A qualidade de um líder determina a qua­lidade do povo. Jamais devemos culpar o povo pelo fracasso de nossa organização se somos os líderes. Quando melhoramos, o povo também melhora, e se afundamos, o povo também afun­da. Por que o povo de Antioquia foi comparado a Cristo? Simplesmente porque sua liderança se pa­recia com Cristo. Os líderes não gerenciam alvos, eles projetam destinos. Não possuem visões am­biciosas, estão dispostos a morrer por uma visão.

Na verdade, não podemos acreditar na visão de quem não é capaz de morrer por ela. Quem tem visão se torna um catalizador, sempre doa ao povo. Infelizmente, muitos líderes fracassam porque dão ao povo sua personalidade e não sua visão. Líderes passam, mas a visão é de gerações, não é pessoal, não é nossa, é para os filhos que ainda não nasceram. O fracasso está em querer transferir ao povo a nossa personalidade e não a visão que Deus nos deu. Porque na morte, tudo morre sem a transferência.

O que faz o bom pastor? O que disse Jesus? O bom pastor dá a vida por sua ovelhas. Será que suportamos ataques por causa da visão? Seriamos nós como Calebe algum dia? Entenda: se não es­tamos dispostos a morrer pela visão, ela não é visão, é apenas um emprego. A visão dada por Deus sempre irá edificar o povo e nunca destruí- lo. Líderes que espalham não são líderes. Líderes verdadeiros sabem reconhecer até seus limites, sabem reconhecer quem irá além deles, sabem incentivá-los, sabem prepará-los.

Quem você está preparando para assumir seu lugar amanhã? Ninguém? Então você não é líder. Líderes projetam outros líderes, sabem que não são eternos. Barnabé, preparou os crentes de Antioquia, a única igreja da Ásia que nunca re­cebeu uma repreensão. Preparou Saulo, preparou João Marcos, isto é ser líder. Líderes que têm vi­são sabem até onde podem ir, sabem seu tempo, sabem que não podem fazer tudo sozinhos, sa­bem que são limitados.

Uma vida sem visão é uma existência pobre. Sem uma visão do futuro, a vida perde o seu sig­nificado. E a ausência de significado leva à falta de esperança. Sempre que as pessoas estão desani­madas com a sua própria vida, elas podem se tor­nar rancorosas em relação a tudo em redor. Elas se sentem como se estivessem desperdiçando a vida e começam a viver vagamente. Não importa quanto dinheiro uma pessoa tenha, qualquer um que viva assim é pobre.

É profundamente desolador saber que, ape­sar de termos recebido uma visão singular, mui­tos de nós acabamos enterrando nossos sonhos e nos conformando com uma existência inferior, transformando-nos num cemitério do precioso tesouro de Deus. Muitas pessoas passam a vida inteira se distanciando daquilo que Deus plane­jou que elas fossem, porque nunca reconheceram quem são em primeiro lugar.

Diz-se que há três tipos de pessoas no mun­do: Primeiro, há aquelas que parecem que nunca percebem o que está acontecendo ao redor delas. Segundo, há aquelas que perguntam: “O que aca­bou de acontecer?” E, terceiro, há aquelas que fazem as coisas acontecerem. Qual dessas será você? Já se perguntou para que propósito você foi criado? Já capturou a visão que Deus tem para sua vida? Pessoas de visão nunca se deixam abater, sabe por quê? Porque estão sempre no futuro. Nada aqui poderá detê-las.

Elas não enfraquecem, não desistem em hi­pótese alguma. Elas são como Neemias, jamais descem, jamais param o que estão fazendo quando são incomodadas por pessoas que não têm o que fazer. Sabe de uma verdade? Quem não tem o que fazer sempre vai querer que você faça o mesmo que ele. Seja como Barnabé, veja, tenha sempre seus olhos no amanhã, sonhe e transfor­me em realidade o que Deus já colocou em sua vida. A propósito, você é um líder?

AS TRÊS VISÕES DE BARNABÉ

E chegou a fama destas coisas aos ouvidos da igreja que estava em Jerusalém; e enviaram Barnabé a Antioquia. O qual, quando chegou, e viu a graça de Deus, alegrou-se, e exortou a todos a que permanecessem no Senhor, com propósito de coração; porque era homem de bem e cheio do Espírito Santo e de fé. E muita gente se uniu ao Senhor. E partiu Barnabé para Tarso, a buscar Saulo; e, achando-o, o conduziu para Antioquia. E sucedeu que todo um ano se reuniram naquela igreja, e ensinaram muita gente; e em Antioquia foram os discípulos, pela primeira vez, chamados cristãos (At 11. 22-26).

OLHOU PARA A IGREJA E VIU A GRAÇA DE DEUS

Barnabé era um homem de qualidades com­binadas. Um homem de bem, cheio do Espírito Santo e acima de tudo, cheio de fé (At 11.24). Um homem de grande sensibilidade espiritual para conhecer coisas divinas. Assim que chega à Antioquia e olha para a igreja ali estabelecida vê a graça de Deus e se alegra (At 11.23).

O que Barnabé contemplou é o que todo homem espiritual sabe existir na igreja do Senhor, uma graça sobrenatural que nos alegra. Todavia, para os espirituais isso é notório e verdadeiro, mas não para os que estão de fora. Sabemos que essa graça impactante está na igreja, mas necessita estar incorporada não no templo, mas na vida de cada membro que a compõe.

Essa glória vista por Barnabé necessitava impregnar a vida daqueles membros para que os de fora fossem contagiados por ela também. Barnabé era o homem escolhido para conduzir Antioquia a um nível de unção diferente e contagiante naquela região. Então, de modo especial, ele sente que sozinho não poderia e, embora, fos­se um homem de grandes qualidades, necessitava da ajuda de alguém que rompesse com o natural. Assim, ele tem uma segunda visão: descer a Tar­so em busca de Saulo para que se una a ele nesse propósito.

BARNABÉ NÃO TEMEU SER SUPERADO

O que hoje para muitos é um risco, signifi­cou foi o sucesso da igreja que estava em Antio­quia. Barnabé não viu Saulo como alguém que fosse superá-lo e tomar seu lugar. Em primeiro lugar ele pensou no bem estar da igreja, dando-lhe o melhor. Pensou legitimamente no Reino e não em sucesso ministerial. Viu Saulo como um aliado na tarefa de elevar a performance espiritual daquele povo e assim, glorificar o nome do Senhor naquela região.

Barnabé reconheceu suas limitações. Sabia que a obra de Deus não se faz somente por que se é bom, cheio do Espírito Santo e por fé. Ela se faz com unidade e determinação. Pois ainda que tenhamos todos os dons nada se deve fazer de forma egoísta. É preciso aprender que outros precisam brilhar e brilhar através de nós.

Barnabé foi uma ponte para o ministério de Saulo. Ele era o líder da obra, mas a sabedoria para moldar aquele povo estava sobre Saulo. É neste momento que surge a sua terceira visão.

A VISÃO DO FUTURO

Em Saulo havia algo que não havia em Bar­nabé, como em todos nós existe algo que não existe em outros. Mas Barnabé pensou no futuro de seu povo e não em seu sucesso como pastor de Antioquia.

Ele olhou para Saulo e viu o futuro, viu uma igreja estruturada e juntos formaram uma equipe sobrenatural. Saulo foi o instrumento que conduziu os crentes de Antioquia ao exercício da Pa­lavra. Durante todo um ano, eles se ampararam da tarefa de ensinar. O resultado foi tão surpre­endente que a graça que Barnabé havia visto na igreja impregnou de tal modo a vida dos crentes que, ao passar pelas ruas, eles foram confundidos com miniaturas de Cristo.

Essa dupla não formou grandes homens, crentes famosos, formou pequenos Cristos. Em Antioquia eles foram pela primeira vez reconhecidos, não como seguidores de Cristo, mas como réplicas menores daquele a quem serviam. Infe­lizmente, hoje, criamos não miniaturas de Cris­to, mas homens que se acham deuses e donos de uma igreja pela qual jamais teriam a capacidade de morrer.

QUE VIU BARNABÉ?

1 — Que nem tudo o que valorizamos como bom está em cima. É necessário descer para Tar­so, é necessário olhar para baixo. Que tal descer?

2 — Existem muitas peças que foram ungidas para grandes obras, mas que precisam ser eleva­das. Não foram ainda utilizadas. Estão ainda embaixo esperando que surja um Barnabé para lhes estender a mão.

3 — O medo de serem superados impede que levantemos aqueles que avançarão mais do que nós. Barnabé foi a ponte para Saulo desenvolver seu ministério. Ser ponte é saber se colocar embaixo, muitos não observam a ponte, mas o que está sobre ela. Barnabé soube ser ponte, você saberá?

4 — Não importa ser bom e ter muitas qualidades no Reino de Deus, o importante é saber se relacionar, unir forças e trabalhar, não para si; mas para que o Reino se desenvolva.

5 — Todo Saulo precisa de um Barnabé. Alguém que lhe estenda a mão, que lhe dê espaço para trabalhar e que apoie suas ideias. Saulo encontrou, você também encontrará. No Reino ninguém é ungido para não se movimentar. Na hora certa Deus enviou Barnabé, na hora certa a mão que precisamos se estenderá.

 

Bibliografia Pr Abner Ferreira

 

EBD AREIA BRANCA

 

 

Barnabé um homem de larga visão

Os desafios do pentecostalismo (2ª parte)

 

07/10/2011 13:25

Os desafios do pentecostalismo (2ª parte)

Hoje, falaremos de mais dois desafios: o desafio da apostasia e a mensagem com poder pentecostal.
3) O desafio da apostasia – A que assemelharei a apostasia? A um abismo que chama outros abismos. Hoje, incomodado com a verdade; amanhã, apóstata e herege (1 Tm 4.1). Hoje, com a Bíblia; amanhã, com a própria escritura. Hoje, ainda com a unção de Deus; amanhã, feiticeiro (1 Sm 15.23). Hoje, despindo-se da humildade cristã; amanhã, revestindo-se de orgulho e soberba (Ez 28.1-19; 1 Tm 3.6).
Se caminharmos de apostasia em apostasia, com que nos apresentaremos ante o Senhor? Com profecias e milagres? Com sinais e maravilhas? Ou com exorcismos? Tais coisas, porém, jamais nos farão conhecidos diante de Deus. Apresentemos tudo isso ao Senhor, e ainda correremos o risco de ouvir do Rei: “Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade” (Mt 7.21-23).
Somente uma coisa faz-nos conhecidos diante do Cristo: o amor sacrifical que, mansa e humilhadamente, lhe devotamos. Este é o argumento mudo, dolorido e pungente dos santos. Somente a humildade traz a ortodoxia doutrinária. 
4) Uma mensagem com poder pentecostal – Se me perguntarem, hoje, que mensagem apresentar nestes tempos impiamente pós-modernos, responderei: “Jesus Cristo salva, batiza no Espírito Santo, cura as enfermidades, opera sinais e maravilhas e, brevemente, haverá de arrebatar-nos”.
Nossa homilética, por conseguinte, não necessita de nenhum sucedâneo; é completa em si mesma, pois essencialmente bíblica. Teológica e historicamente, é a mesma mensagem que nos trouxeram Daniel Berg e Gunnar Vingren nos alvores do século XX. Aí, o Calvário e o Cenáculo. Também, aí, o avanço da Igreja e o estrugir da trombeta do arcanjo.
Hoje, portanto, não carecemos de nenhuma confissão positiva; carecemos urgentemente, sim, de confissão de pecados, a fim de que alcancemos a misericórdia divina. Não carecemos, de igual modo, da teologia da prosperidade, pois a prosperidade de certas teologias enoja o Nazareno. Não tinha Ele onde reclinar a cabeça, mas uma cruz para adormecer a fronte. Quanto aos que, ousada e impiamente, nos invadem as igrejas e congregações com mensagem exóticas, não tem eles cabeça para reclinar; fizeram-se loucos diante do Cordeiro. Endureceram de tal maneira a cerviz, que já não podem curvar a cabeça ante a soberania divina.
Que futuro espera os pentecostais? Não me preocupo com essa questão, pois os dois últimos capítulos do Apocalipse mostram, detalhadamente, o porvir que nos aguarda. Minha preocupação é com o presente. O que temos feito deste presente que nos concedeu o Senhor Jesus no Cenáculo? Já de posse deste presente, estamos nós, de fato, presentes onde o Nazareno jamais estaria ausente?
O nosso presente exige que sejamos espiritual e biblicamente coerentes. Doutra forma, não haverá futuro; haverá apenas um passado glorioso; escreveremos história; mas, história, jamais faremos. Somente quem aceita e vence os desafios é que participa da História da Salvação (Ml 3.16).

 

PERFIL
Pastor Claudionor de Andrade é gerente de Publicações da CPAD, membro da Casa de Letras Emílio Conde, teólogo, conferencista, comentarista de Lições Bíblicas da CPAD, apresentador do programa radiofônico “O Som da Profecia” da Rádio CPAD FM 96.1 em João Pessoa (PB), e autor dos livros “As Verdades Centrais da Fé Cristã”, “Manual do Conselheiro Cristão”, “Teologia da Educação Cristã”, “Manual do Superintendente da Escola Dominical”, “Dicionário Teológico”, “As Disciplinas da Vida Cristã”, “Jeremias – O Profeta da Esperança”, “Geografia Bíblica”, “História de Jerusalém”, “Fundamentos Bíblicos de um Autêntico Avivamento”, “Merecem Confiança as Profecias?”, “Comentário Bíblico de Judas”, “Dicionário Bíblico das Profecias” e “Comentário Bíblico de Jó”, dentre outros títulos da CPAD

 

 

 

CRÉDITO: CPADNEWS

 

 

 

 

 

CPAD - Os desafios do pentecostalismo (2ª parte)

OS DESAFIOS DO PENTECOSTALISMO (1° PARTE).

 

30/09/2011 15:42

Os desafios do pentecostalismo (1ª parte)

No início do século 20, não passávamos de um punhado de crentes que, refugiados na Rua Azuza, em Los Angeles, buscávamos uma porção dobrada do Espírito Santo. Entramos no cenáculo e a promessa do Cristo não mentiu. Já revestidos de poder e usufruindo já de todos os dons, saímos a conquistar um mundo que se evidenciava moderno. Em menos de cinquenta anos, eis-nos em todos os continentes e ilhas. Beirando agora o centenário, os confins da terra já não nos parecem tão estranhos; revelam-se palmilháveis.
No Brasil, chegamos em 1910 e deparamo-nos com uma terra que, embora descoberta pela cristandade, achava-se ainda coberta para o cristianismo. Hoje, vêmo-la descobrir-se cristianamente, ensejando-nos grandes desafios evangelísticos, missionários e apologéticos.
Se na gênese do Movimento Pentecostal o mundo exibia-se moderno, o mesmo mundo, passado um século, presume-se evoluído e pós-moderno. Como enfrentar-lhe os desafios? O irmão Seymour não se assustou com a modernidade de seu tempo; encarou os desafios e, pela fé, ousadamente, venceu-os. Diante de tal exemplo, que alternativa nos resta?  Se não vencermos os desafios da pós-modernidade, podemos até florescer algumas conquistas. Todavia, jamais frutificaremos a expansão do Reino de Deus até aos confins da terra.
Eis os desafios que estão a subestimar-nos; por isso, não temos de superestimá-los.
1) Conquistas inacabadas – Ufanamo-nos por ser a maior igreja da América Latina. O Brasil, porém, continua a esperar por uma ação evangelizadora integral, completa e global (Js 13.1). Se nas cidades avançamos, nos campos e regiões ribeirinhas, muito há por fazer. E se a mensagem evangélica já está adaptada à língua portuguesa, urge levarmos o Cristo àqueles povos de estranhas línguas que, desde o achamento do Brasil, jazem escondidos nos verdores ainda virgens de nossas matas.
O desafio não pode ser ignorado. É um gigante a afrontar-nos no vale de uma decisão que reivindica uma coragem singular. Tão singular quanto o povo que, revestido de poder, reúne as condições todas para evangelizar a terra que é vista e as que se acham nos confins (At 1.8). Não foi o que fizeram os dois jovens suecos ao se depararem com os longes de nosso chão? Por que haveríamos nós de ignorar as searas que clamam por salvação?
2) O desafio apologético – Este século não é a favor nem contra Deus; é indiferente a Deus e à sua Palavra. Tal indiferença, todavia, é iniquidade e grosseria intelectual (Jr 2.6; Sl 14.1). De relance, quem não indaga acerca das necessidades espirituais e morais do ser humano, apruma-se refinado e culto. Mas escrutinado pelos santos profetas e apóstolos, revela-se como aquele que, arrogando-se por sábio, faz-se louco (Rm 1.22).
A luta pela santíssima fé não se dá apenas no terreno da polimia; fere-se, renhidamente, num teatro de operações sutis e quase invisíveis. Assim é o palco da apologética. Num estressante cotidiano, somos desafiados por uma gente bárbara e intelectualmente perversa; uma gente divorciada da fé e inimiga de Deus. Diante dessa gente cultamente inculta, mas disfarçada sempre com os requintes da civilização, urge-nos apresentar as razões de nossa fé (1Pe 3.15).
Não somos apenas uma comunidade evangelística. Ergamo-nos apologeticamente. As armas para deflagrar essa guerra, têmo-las nós (Rm 13.12; 2Co 6.7; 10.4; Fp 1.7).
Muitas são as perguntas a responder. Existe um Deus único e verdadeiro que intervém na história? Tem a mensagem do Cristo relevância para os nossos dias? E a Bíblia? É possível a sua contemporaneidade?  Existe, de fato, uma religião verdadeira? Há valores absolutos? A verdade é possível? As perguntas são muitas; as respostas que temos, porém, não são poucas; a Bíblia é um grande manancial.


 

 

PERFIL
Pastor Claudionor de Andrade é gerente de Publicações da CPAD, membro da Casa de Letras Emílio Conde, teólogo, conferencista, comentarista de Lições Bíblicas da CPAD, apresentador do programa radiofônico “O Som da Profecia” da Rádio CPAD FM 96.1 em João Pessoa (PB), e autor dos livros “As Verdades Centrais da Fé Cristã”, “Manual do Conselheiro Cristão”, “Teologia da Educação Cristã”, “Manual do Superintendente da Escola Dominical”, “Dicionário Teológico”, “As Disciplinas da Vida Cristã”, “Jeremias – O Profeta da Esperança”, “Geografia Bíblica”, “História de Jerusalém”, “Fundamentos Bíblicos de um Autêntico Avivamento”, “Merecem Confiança as Profecias?”, “Comentário Bíblico de Judas”, “Dicionário Bíblico das Profecias” e “Comentário Bíblico de Jó”, dentre outros títulos da CPAD.

 

 

 

CRÉDITO: CPADNEW

 

 

CPAD - Os desafios do pentecostalismo (1ª parte)

Revista Betel 20 anos de benção

 

 

06 DE OUTUBRO DE 1991 – 06 DE OUTUBRO DE 2011 – 20 ANOS DE BENÇÃOS

Quero parabenizar a Editora Betel e seu primeiro comentarista Pr Manoel Ferreira, pelo dia de hoje, quando exatamente completa 20 anos da primeira aula dominical da revista Betel.

Quero deixar para nossa meditação o 1º Texto Áureo da Betel

"O Espírito de verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece: mas vós o conheceis, porque habita convosco, e estará em vós." Jo 14.17

Abaixo fotos da Revista Nº 1

Hoje EXATAMENTE 06 de outubro de 2011, comemora-se os primeiros 20 anos da primeira Lição Dominical da Editora Betel.

Que Deus possa continuar abençoando a Editora Betel para que o FUTURO continue sempre PRESENTE em nossas vidas.

 

EBD AREIA BRANCA

 

Revista Betel 20 anos de benção

A SUFICIÊNCIA DAS ESCRITURAS

 

 

A suficiência das Escrituras

A Reforma do século dezesseis foi um divisor de águas na vida da igreja e também na história da humanidade. A Reforma não foi uma inovação, mas uma restauração. Não foi a abertura de um novo caminho, mas uma volta às veredas antigas. Não foi a introdução de um novo evangelho, mas uma volta ao antigo evangelho. A Reforma foi uma volta à doutrina dos apóstolos, um retorno ao Cristianismo puro e simples. As verdades enfatizadas na Reforma podem ser sintetizadas em cinco “solas”: Sola Scriptura, Sola Fide, Sola Gratia, Solu Christu e Soli Deo Gloria. Vamos destacar agora o Sola Scriptura.
Todas as igrejas cristãs creem nas Escrituras e aproximam-se dela como Palavra de Deus. Porém, nem todas têm o mesmo conceito das Escrituras. A Bíblia não apenas contém a Palavra de Deus, a Bíblia é a Palavra de Deus. A Bíblia não é uma dentre as regras de fé e prática, mas nossa única regra de fé e prática. Destacaremos, aqui, três pontos importantes para a nossa reflexão.
Em primeiro lugar, as Escrituras são inerrantes. Jesus Cristo foi enfático em dizer que as Escrituras não podem falhar. Ele disse, também, que a Palavra de Deus é a verdade. Não há erros nas Escrituras. Não há contradição nos seus registros. Seus relatos não são mitológicos. A Palavra de Deus é fiel e verdadeira e digna de inteira aceitação. Nem uma das palavras de Deus pode cair por terra. Nenhuma de suas promessas pode fracassar. Pode passar o céu e a terra, mas a Palavra de Deus não vai passar. Ela permanece para sempre. Suas profecias se cumpriram, estão se cumprindo e cumprir-se-ão à risca. Deus conhece a história antes de ela acontecer. O próprio Deus que inspirou as Escrituras é quem dirige os destinos da história.
Em segundo lugar, as Escrituras são suficientes. Nada pode ser acrescentado às Escrituras. Ainda que um anjo venha do céu e pregue outro evangelho, além do que está registrado nas Escrituras, deve ser decisivamente rejeitado. Há dois desvios perigosos com respeito às Escrituras atualmente. O primeiro deles é o liberalismo teológico. Os teólogos liberais não creem na infalibilidade nem na suficiência das Escrituras. Aproximam-se dela não com fé, mas com suspeitas; não com humildade, mas com insolência; não com submissão, mas com rebeldia. Atribuem às Escrituras muitos erros. Afirmam que ela está cheia de falhas e que seus relatos históricos estão repletos de contradição. Afirmam que seus milagres não passam de mitos. Esses paladinos do engano e arautos da incredulidade retiram das Escrituras o que está nas Escrituras, atraindo sobre si mesmos a merecida punição de seu erro. O segundo desvio é o sincretismo religioso. Há muitos crentes que olham para as Escrituras como um livro mágico, usando-a apenas como uma espécie de amuleto religioso. Não a estudam com profundidade nem a aceitam como a única regra de fé e prática. Estão sempre buscando novas revelações e correndo atrás de novos sonhos e visões para nortear-lhes os passos. Se os liberais removem das Escrituras seu conteúdo, os adeptos do sincretismo acrescentam às Escrituras suas novas visões e revelações. Desta maneira, ambas as posições são um sinal de rebeldia contra Deus e uma evidência de insolente apostasia. Não precisamos de novas revelações. Tudo que precisamos saber para a nossa salvação, santificação e serviço está contido nas Escrituras. Devemos conhecê-la, obedecê-la e proclamá-la com fidelidade e senso de urgência.
Em terceiro lugar, as Escrituras são eficientes. As Escrituras não são apenas inerrantes e suficientes, elas são também eficientes. Elas realizam todo o propósito de Deus. Elas não voltam para Deus vazia. Elas são mais preciosas do que o ouro e mais doces do que mel. Elas são não apenas inspiradas, mas também úteis para toda a correção, repreensão e ensino. É por meio delas que Deus chama seus eleitos. É por meio delas que Deus santifica seu povo. É por meio delas que Deus consola seus filhos. É por meio delas que Deus fortalece a sua igreja e a equipada para cumprir sua missão.

 

Rev. Hernandes Dias Lopes

Copyright ©2011 Hernandes Dias Lopes. Todos os direitos reservados.

 

HERNANDES DIAS LOPES

A importância das conexões na comunicação o evangelho

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

 

 

A importância das conexões na comunicação do evangelho

Jesus foi o maior de todos os mestres. Seus discípulos o chamaram de mestre. Ele mesmo se apresentou como mestre e até seus inimigos reconheceram que ele era mestre. Jesus foi o maior de todos os mestres por causa da variedade de seus métodos e por causa da sublimidade de sua doutrina. Jesus não foi um alfaiate do efêmero, mas um escultor do eterno. Sendo o Mestre dos mestres, o maior comunicador de todos os tempos, Jesus usou com perícia invulgar importantes conexões em sua comunicação. Quero ilustrar esse fato incontroverso com suas cartas endereçadas às igrejas da Ásia Menor. Visitando as ruínas dessas históricas cidades recentemente, pude constatar de forma inequívoca essas conexões usadas por Jesus. Vejamos, por exemplo a carta enviada à igreja de Laodicéia.
1. Jesus usou a conexão geográfica. Laodicéia era uma rica cidade situada no Vale do Lico, uma fértil região, entre as cidades de Hierápolis e Colossos. Hierápolis é uma fonte termal, de onde jorram águas quentes do topo de uma montanha branca, chamada castelo de algodão. Essas águas quentes eram terapêuticas. Em Colossos, do outro lado do vale, ficavam as fontes de águas frias, também terapêuticas. Porém, Laodicéia não tinha fontes de águas. Suas águas vinham por meio de dutos desde as montanhas e chegavam à cidade mornas e sem qualquer efeito terapêutico. Jesus usa essa conexão geográfica para dirigir-se à igreja, dizendo-lhe: “Conheço as tuas obras, que nem és quente nem frio. Quem dera fosses frio ou quente. Assim, porque és morno nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca”.
2. Jesus usou a conexão econômica. Das três cidades do Vale do Lico, Laodicéia era a mais rica. Era um poderoso centro comercial. O comércio de ouro vindo de Sardes era famoso. A cidade era um dos maiores centros bancários da Ásia Menor. A igreja longe de influenciar a cidade, foi por ela influenciada. Ao olhar-se no espelho, julgou-se rica e abastada. Jesus, porém, repreende a igreja afirmando que ela era pobre e miserável e deveria comprar ouro puro para se enriquecer. Conforme o ensino de Jesus a riqueza material não é sinônimo de prosperidade espiritual.
3. Jesus usou a conexão industrial. Laodicéia era famosa pela indústria têxtil. A lã de cor escura, fabricada em Laodicéia, era famosa em toda a Ásia Menor. A cidade tinha orgulho de sua indústria têxtil. Jesus usa esse gancho para exortar a igreja, ordenando-lhe a comprar vestes brancas para se vestir, a fim de que sua vergonha não fosse manifesta.
4. Jesus usou a conexão científica. Laodicéia era o maior centro oftalmológico do Império Romano. Naquela cidade asiática fabricava-se o pó frígio, um remédio quase milagroso na cura das doenças dos olhos. Pessoas de todos os cantos do mundo viajavam para essa próspera cidade em busca de tratamento. Na cidade mais importante do mundo no tratamento de doenças dos olhos, havia uma grande cegueira espiritual, que estava atingindo a própria igreja. Então, Jesus exorta a igreja a comprar colírio para ungir os seus olhos, a fim de ver com clareza as realidades espirituais.
A mensagem do evangelho é imutável. Ela atravessa os séculos e não sofre variação. Porém, precisamos conhecer a geografia, a história e a cultura da cidade onde estamos inseridos, para fazermos conexões oportunas e pertinentes na comunicação do evangelho. Precisamos ler o texto e o contexto; precisamos interpretar a palavra e o povo. John Stott, um dos maiores expositores bíblicos de todos os tempos, falecido no dia 27 de julho de 2011, disse acertadamente que o sermão é uma ponte entre dois mundos: o texto antigo e o ouvinte contemporâneo. Que Deus nos ajude a abrir os olhos espirituais para fazermos as conexões necessárias, a fim de comunicarmos com mais eficácia a mensagem gloriosa do evangelho.

 

Rev. Hernandes Dias Lopes

A HISTÓRIA DOS LEPROSOS II RS 7.3-20

terça-feira, 26 de julho de 2011

 

Fim do Cerco II Rs 7.3-20

A História dos Leprosos 7.3-10

A intervenção divina que Eliseu havia predito (II Rs 7.1,2) logo teve lugar. O autor sagrado contou-nos uma interessante história lateral que esteve relacionada à sua história principal, sobre o levantamento do cerco por parte dos sírios. Aqueles miseráveis leprosos tornaram-se mensageiros das boas-novas, embora tivesse levado algum tempo para o rei de Israel descobrir pessoalmente a verdade dos fatos. De fato, o cerco havia sido levantado, e a profecia de Eliseu, ainda que improvável, fora cumprida com precisão. Isso demonstrava, uma vez mais, que ele era um verdadeiro profeta do único Deus vivo e verdadeiro, Yahweh. Israel deveria tê-lo ouvido e abando­nado sua idolatria e apostasia. Contudo, a despeito das histórias maravilhosas de milagres, Israel preferia persistir no mal. O cativeiro assírio não estava longe. Israel em breve deixaria de existir como uma nação.

7.3

Quatro homens leprosos. Os leprosos, muito provavelmente, estavam abri­gados em cabanas que havia fora do portão da cidade de Samaria.

A legislação mosaica requeria que eles fos­sem isolados (ver Lv 13.46). A palavra hebraica sara'at, traduzida pelas versões mais antigas como "lepra", provavelmente incluía essa enfermidade, mas também incorporava outras enfermidades cutâneas, até mesmo míldios e fungos que nada têm a ver com a lepra (doença de Hansen).

A fantasia judaica põe o ex-servo de Eliseu, Geazi, e seus filhos, entre os leprosos que figuram nessa história (Talmude Bab. Sotah, folha 47.1 e Sanh. foi. 107.2). Ver II Rs 5.20 ss quanto à história de Geazi, sobre como ele se tornou um leproso por causa de sua ganância.

7.4

Vamos, pois, agora. As vítimas da sara'at dependiam de sua própria agricul­tura e da caridade alheia. Elas tinham de organizar-se em comunidades separa­das e autossustentadas, mas as referências históricas e literárias mostram-nos que, com frequência, viviam como esmoleres. É provável que os leprosos que figuram na presente história também vivessem como esmoleres. O povo de Samaria deixou de suprir-lhes alimentos, porquanto eles mesmos nada tinham para comer, em face do cerco dos sírios. Portanto, fora das muralhas da cidade, lá estavam eles, padecendo fome, tal como o resto dos cidadãos de Samaria e daquela região geral.

A Condição Era Desesperadora. Eles estavam famintos. Portanto resolveram entregar-se aos sírios, pois eram estes que tinham alimentos. A pior coisa que poderia acontecer seria os sírios matarem aqueles pobres esmoleres leprosos. Mas talvez lhes fosse dado algo para comer e assim salvar a vida deles. Em desespero, resolveram arriscar a própria sorte.

7.5

Levantaram-se ao anoitecer. Os leprosos dirigiram-se ao acampamento dos sírios, em seu ato de desespero. Mas, chegando ali, não encontraram um único homem. Marcharam atravessando o acampamento inteiro. Procuraram al­guém por toda a parte. De fato, o acampamento estava totalmente deserto.

A nossa versão portuguesa diz "ao anoitecer". O versículo nono confirma que eles foram até o acampamento dos sírios durante a noite. Ao amanhecer o dia, entretanto, foram contar as boas-novas aos habitantes de Samaria. Por outra parte, é difícil ver por que os leprosos se internaram no acampamento dos sírios à noite. A palavra hebraica nehshaf pode indicar o começo ou o fim da noite, um tempo quando ainda há alguma luz do sol, ou no fim da madrugada, antes do sol aparecer no horizonte.

7.6

Fizera ouvir no arraial dos sírios ruído. A razão da partida dos sírios. Yahweh fizera soar o ruído como de um imenso exército, equipado com inúmeros cavalos e carros de combate. Os sírios chegaram imediatamente à conclusão de que o rei de Israel havia alugado um grande exército de mercenários para lutar contra eles. Seus inimigos perenes, os hititas e os egípcios, facilmente concorda­riam em lutar em troca de dinheiro, de modo que esses povos deveriam estar envolvidos, raciocinaram os sírios.

O modus operandi do ruído não foi explicado pelo autor sagrado. Alguns estudiosos supõem que uma hoste de anjos tenha sido responsável pelo ruído.

7.7

Pelo que se levantaram, e, fugindo ao anoitecer. A fuga dos sírios foi completa e precipitada. Os sírios, aterrorizados pelo ruído divinamente provo­cado, partiram sem levar coisa alguma. Deixaram intacto o próprio acampa­mento e até abandonaram os animais, seguindo a pé. Deixaram para trás todos os seus objetos valiosos e seus alimentos. Os saqueadores certamente tiveram um dia de abundância! "Este versículo nos dá um vívido quadro de uma fuga apressada, na qual tudo foi esquecido, exceto a segurança pessoal" (Ellicott, in loc).

7.8

Comendo e Enriquecendo. Os leprosos atravessaram todo o acampamento dos sírios, apossaram-se de toda espécie de alimento e bebida, e reuniram coisas valiosas como prata, ouro e vestes. Eles entravam e saíam do acampamento, recolhendo cada vez mais e escondendo tudo. Josefo diz-nos que eles fizeram quatro assaltos ao acampamento (ver Antiq. 1.9, cap. 4, sec. 4). Aqueles leprosos tinham acabado de tornar-se financeiramente independentes. Eles tinham um suprimento para a vida inteira de tudo quanto poderiam precisar. Oh, Senhor! Concede-nos tal graça!

Era uma prática oriental comum esconder artigos de valor no chão ou em lugares secretos nas casas. Isso lhes servia de bancos. Os antigos não dispu­nham de cofres, como nós os possuímos modernamente.

7.9

Não fazemos bem: este dia é dia de boas novas. Um toque de consciên­cia. Aqueles leprosos, antes pobres mas agora ricos, tiveram um estalo em sua consciência. Ali estavam eles, comendo, bebendo e alegrando-se, e enriquecen­do, enquanto mulheres e crianças sofriam de inanição na cidade de Samaria. Eles não estavam "agindo corretamente". Além disso, se continuassem a agir como estavam fazendo, não compartilhando do que tinham achado, algum castigo poderia alcançá-los, por causa de seu-egoísmo. Assim sendo, chegaram à conclu­são de que era tanto no interesse próprio como no interesse da comunidade, que eles espalhassem as boas-novas.

"Nessas verdades encontramos uma verdade profunda. Em nenhum departa­mento da vida pode alguém receber um grande presente e recusar-se a comparti­lhar sem que pratique grande mal. Quando um homem tem grandes riquezas mas as guarda para si mesmo, sofre deterioração moral. Quando uma pessoa tem o benefício de ter recebido uma boa educação, mas usa essa vantagem somente para fins pessoais e egoístas, em lugar de usá-la como um instrumento de serviço social, sua educação torna-se uma maldição para ele, em lugar de uma bênção" (Raymond Calking, in loc).

Precisamos publicar as nossas boas-novas. Já recebemos o dom inefável, as insondáveis riquezas de Cristo. Uma maldição aguarda aqueles que não compar­tilham essas bênçãos (ver I Co 9.16).

"Em lugar de sofrer como criminosos, eles preferiram ser tratados como heróis. Assim sendo, decidiram retornar a Samaria e proclamar suas boas-novas" (Thomas L. Constable, in loc).

7.10,11

Logo os leprosos estavam nos portões de Samaria, comunicando as boas-novas aos porteiros da cidade. Dali, o recado espalhou-se até a casa do rei. Aqueles homens tinham cumprido os ditames de sua consciência, e ninguém tiraria deles as riquezas que haviam adquirido de maneira tão surpreendente. Yahweh tinha feito intervenção em favor de Israel; os sírios haviam fugido por causa do ruído divino (ver o vs. 6 deste capítulo). Yahweh também havia intervin­do em favor daqueles miseráveis leprosos: agora eram homens financeiramente independentes. Isso reflete a posição do teísmo. O Criador não é uma força distante que criou, mas então abandonou o seu universo (conforme ensina o deísmo). Pelo contrário, Ele continua vivendo entre os ho­mens; Ele recompensa e castiga; Ele intervém na história humana, coletiva e pessoal. Ele se preocupa até com os pardais que caem no chão (ver Mt 10.29).

Os leprosos contaram a história exatamente conforme tinham acontecido as coisas, sem nada adicionar e sem nada subtrair. Os sírios haviam realmente fugido; eles tinham, na realidade, deixado para trás seus animais, seus alimentos e seus objetos valiosos. O acampamento deles tinha sido reduzido a uma cidade-fantasma.

7.12

Bem sabem eles que estamos esfaimados. Um alegado truque dos sírios. O rei de Israel não aceitou a palavra dos leprosos como se eles representassem a verdade inteira. Sim, os sírios haviam abandonado o seu acampamento. Não, eles não tinham voltado para a Síria, pensou o rei. Antes, estavam tramando um ardil. Os famintos israelitas sairiam correndo pelos portões da cidade para obter alimen­to no acampamento dos sírios. E, então, de súbito, os inimigos se atirariam sobre o povo e matariam todos. Por conseguinte, o rei de Israel recomendou extrema cautela. Os sírios não tinham sido capazes de romper a resistência dos samaritanos (conforme estes poderiam pensar); e assim, um truque faria o que a fome não tinha conseguido fazer.

7.13,14

Tomaram, pois, dois carros com cavalos. Um Teste. Um dos oficiais do rei de Israel sugeriu que se fizesse uma espécie de teste, conforme o que os lepro­sos tinham feito. Samaria enviaria uma companhia de pessoas que serviria de teste. Eles sairiam com duas carroças e cavalos, para ver se os sírios os atacari­am. Além disso, observariam cuidadosamente todo o terreno em redor, para ver se o inimigo estaria escondido em algum lugar. Assim fazendo, eles poderiam ser mortos; mas, se permanecessem na cidade, morreriam de fome de qualquer maneira. Portanto, lançaram sua sorte ao destino. Foi um esforço de "fazer ou morrer".

O oficial sugeriu que cinco cavalos e seus cavaleiros se arriscassem. Em lugar disso, entretanto, saíram duas carroças puxadas por dois cavalos cada uma.

O versículo 14 pode dar a entender que uma única carroça, com seus dois cavalos, e provavelmente uma equipe de dois homens, saiu da cidade. Mas o hebraico diz, literalmente, "duas carroças de cavalos", isto é, duas carroças com dois cavalos cada uma.

Assim sendo, eles saíram, tendo pouco que perder e (talvez) muito que ganhar, a mesma situação que os leprosos haviam enfrentado. Situações desesperadoras exigem esforços desesperados.

7.15

O grupo de risco aproximou-se primeiramente do acampamento dos sírios, e depois foi até o Jordão, espiando o território. Isso significa que eles percorreram cerca de quarenta quilômetros no total. Não encontraram, contudo, um único sírio. O que eles encontraram foram evidências de uma retirada precipitada. De fato, a retirada havia sido caótica. Eles haviam deixado para trás uma trilha de vestes e equipamento. Ao que tudo indica, haviam atravessado o rio Jordão e desapareci­do. "Em seu espanto e medo, eles lançaram fora as vestes e as armaduras de guerra que os tolhiam" (John Gill, in loc). Josefo fala em armaduras como inclu­sas entre os itens abandonados pelos sírios (ver Antiq. 1.9, cap. 4, sec. 4). (na ajuda 2 estarei colocando a historia por Josefo)

Um bom relatório foi dado ao rei de Israel, e muitos dos habitantes de Samaria imediatamente mobilizaram-se para ir buscar tanto quanto pudessem; que servis­sem primeiramente a si mesmos, e depois, vendessem o que pudessem a outros.

7.16

Comendo e saqueando. Os famintos israelitas imediatamente invadiram o rico acampamento sírio. Havia ali muitos alimentos e artigos valiosos que os leprosos não tinham conseguido tomar. Primeiramente, cada pessoa encheu o estômago com alimentos, e então encheu suas sacas com objetos de valor. Assim, de repente, houve abundância de alimentos, que logo eram comerciados. Os preços cobrados pelos artigos foram exatamente aqueles preditos pelo profeta (ver em II Rs 7.1). Isso foi o cumprimento da "palavra de Yahweh", visto que o profeta tinha proferido a palavra do Senhor, e não a sua própria palavra. Aqueles que não tinham corrido para o ex-acampamento dos sírios, e que haviam preferido ficar em Samaria, logo estavam comprando alimen­tos dos que tinham ido. Admiramo-nos por qual motivo, naquele dia, o alimento não poderia ter sido distribuído de graça; mas a verdade é que a generosidade do homem não é muito grande. O eu sempre se faz presente, querendo mais. Assim, vemos o espetáculo de "comerciantes" de estômago cheio a vender cereal sírio para seus vizinhos famintos!

7.17

O povo o atropelou na porta, e ele morreu. Cumprimento da terrível predi­ção. O oficial do rei que havia duvidado da verdade da profecia de Eliseu, contra quem fora proferida uma maldição (vs. 2), ficou encarregado de cuidar do portão, para manter as coisas sob controle. Mas a multidão se precipitou loucamente, e o pisoteou até a morte, tal e qual o "homem de Deus" havia dito que aconteceria. O comércio pegou fogo naquele dia. O cereal sírio estava sendo vendido em grande quantidade. A multidão parecia enlouquecida, de tanto vender e comprar. O pobre oficial do rei perdeu a vida no meio daquela loucura. "Portanto, ele viu a abundân­cia de alimentos, mas não participou dela, conforme Eliseu havia predito que aconteceria (vs. 2)" (John Gill, in loc).

Além da atividade de comprar e vender, o povo se precipitava pelo portão da cidade para ir visitar o ex-acampamento sírio, o que só aumentava a confusão. Era impossível manter a ordem.

"Aquele homem havia ridicularizado a capacidade de Deus fazer aquilo que Ele disse que faria (ver o vs. 2). A sorte que Eliseu havia predito o alcançou" (Thomas L. Constable, in loc).

7.18

Assim se cumpriu o que falara o homem de Deus. Este versículo repete o que já fora dito nos versículos segundo e décimo sexto deste capítulo. Foi algo realmente notável, que mereceu ser reiterado. O "homem de Deus" havia dito que "amanhã" o cereal estaria sendo vendido pelos preços mencionados, e essa pre­dição parecera claramente impossível, considerando os itens pouco apetecíveis (cabeças de jumentos e esterco de pombas, II Rs 6.25) que, no dia anterior, estavam sendo vendidos a preços astronômicos. Yahweh fizera o impossível. Foi um dos maiores milagres esse de livrar o povo dos inimigos de Israel, ao mesmo tempo que havia provisão alimentar abundante, tudo ao mesmo tempo.

7.19

Este versículo faz referência ao versículo segundo deste capítulo, o ridículo lançado pelo oficial do rei de Israel. Seria claramente impossível que o cereal fosse vendido por qualquer preço em Samaria, no dia seguinte, quanto menos ao preço que o profeta havia estipulado. Para que isso acontecesse, seria necessário que Yahweh abrisse as janelas do céu e vertesse o cereal sobre a terra, conforme fazia cair a chuva. O homem falou com sarcasmo sobre a profecia de Eliseu, e no dia seguinte pagou com a própria vida a sua insolência.

O autor sagrado queria que entendêssemos que fora Yahweh quem fizera aquele milagre. Ele deu ao povo alimento mediante um método miraculoso. Quem fez aquilo não foi Baal, que era apenas um conceito imaginário, circundado por ídolos destituídos de vida. O milagre foi mais um chamado para Israel arrepender-se e abandonar a idolatria. Mas foi outro convite inútil. Israel estava enterrado até o pescoço em sua degradação.

7.20

Este versículo tece considerações sobre os versículos segundo e décimo sétimo deste capítulo. O homem que havia ridicularizado a profecia de Yahweh e Seu profeta, por meio de quem, se dera a conhecer, sofreu exatamente aquilo que foi predito a respeito dele. Ele foi pisoteado até morrer, no portão da cidade, para onde o rei o enviara para ajudar a manter a ordem. Foi vítima de sua própria incredulidade, uma história muito antiga entre os homens.

Bibliografia R. N. Champlin

 

FONTE:EBD AREIA BRANCA

A MULTIPLICAÇÃO DOS PÃES PARA OS CINCO MIL

 

 

Multiplicação Dos Pães Para os Cinco Mil

I. Descrição

Esta seção, que é um dos milagres sobre a natureza feitos por Jesus, é o único milagre relatado em todos os quatro evangelhos. (Ver Mc 6:30-44; Lc 9:10-17; Mt 14:13-21; Jo 6:1-14). Sem dúvida chegou até nós proveniente de várias fontes, conforme se demonstra no manuseio diferente do incidente nos quatro evangelhos. Alguns estudiosos supõem, entretanto, que o que temos é apenas o manuseio diverso de uma única tradição. Isso é menos provável, entretanto. A menção dos «pães de centeio» (Jo 6:9) faz-nos lembrar do milagre de Elias, em II Reis 4:42-44. (Ver também I Rs 17:9-16). Porém, a despeito das similaridades, não há motivo para supor-se que temos aqui meramente uma narrativa inventada, mediante a qual o evangelista queria ensinar que Jesus é, espiritualmente falando, o pão da vida. Não tenhamos dúvidas de que Jesus possuía o poder de realizar o que lhe é atribuído aqui, rejeitando todas as interpreta­ções — céticas e racionalistas — que buscam roubar-lhe — sua glória — e o seu altíssimo desenvolvimento espiritual, obtido mediante a comu­nhão com o Espírito Santo. Isso também está franqueado a nós, pelo que temos grande lição para as nossas próprias vidas. Assim, se quedamos admirados ante o que ele dizia e fazia, resta-nos lembrar que o intuito do evangelho é que tudo quanto havia em Cristo também se acha em nós (ver Jo 12:14; Cl 2:10; II Co 3:18; Ef 3:19 e II Pe 1:4). Esse é o aspecto da vida de Jesus que mais facilmente esquecemos. Sua vida, e não apenas sua morte, se reveste de imensa importância. Ele é o Caminho; mas é também o Pioneiro do caminho, o qual mostra aos homens como eles podem e devem retornar ao Pai. Nesse retorno há comunhão de natureza dentro da família divina, conforme se aprende em Hb 2:10 ss. Essas são doutrinas elevadíssimas, que excedem infinitamente à mensagem do mero perdão de pecados e de transferência de cidadania para os céus. O evangelho consiste muito mais do que se realiza em nós, e não do lugar onde habitaremos.

Comer e beber são metáforas familiares que apontam para a satisfação de nossas necessidades espirituais. (Ver Jesus como o pão da vida, em Jo 6:48).

O milagre envolveu a multiplicação de matéria física, um ato de criação. Existem pessoas que, a despeito de aceitarem diversos outros milagres de Jesus, especialmente curas, negam este prodígio, achando que só pode ter tido origem psicológica ou psíquica. É evidente que, nessa ocasião, Jesus se utilizou de seus poderes divinos, ou, pelo menos, sobrenaturais, em vez de expressar a sua personali­dade humana, que no caso dele era extraordinaria­mente desenvolvida por causa de busca e experiência espirituais. Jesus usualmente usou esses poderes, disponíveis a qualquer indivíduo que use os meios fornecidos por Deus para desenvolver-se espiritual­mente. É verdade que nos utilizamos do poder do Espírito Santo, porém devemos lembrar que esse poder é dado ao homem não somente como instrumento para ser usado em separado da personalidade humana, porquanto o poder do Espírito Santo é outorgado ao homem para que faça parte de sua própria personalidade.

O plano do evangelho é transformar o ser humano até que ele se torne um ente superior, mais poderoso e mais inteligente do que os anjos; portanto, o poder do Espírito Santo vem fazer parte da expressão humana. Ver em Rm 8:29 sobre essa transformação do ser humano segundo a imagem de Cristo. Mas aqui, neste texto, achamos um tipo de milagre que certamente está além da capacidade da personalidade humana, pois se trata de um milagre que ilustra os poderes divinos de Jesus. Lembremo-nos que ele operou outros milagres sobre a natureza, como quando a água foi transformada em vinho (João 2), quando andou à superfície do mar (vss. 22,23 deste capítulo), ou quando fez cessar a tempestade (Mt 8:23-27), etc. Jesus, portanto, mostrou que era capaz de operar milagres de criação.

II. Interpretações

1. Interpretação natural. Como as pessoas que tinham levado alimentos repartiram-nos com os que nada tinham levado, quando Jesus distribuiu os dois peixinhos e cinco pães, e então todos fizeram o mesmo com o que cada um possuía, fica eliminado o elemento miraculoso. Essa é a interpretação exegéti­ca, pela qual não houve milagre, mas apenas exemplo moral.

2. Interpretação mitológica. Não há base histórica para essa narrativa. Mateus lançou mão de exemplos do V.T., como Êx 16; I Rs 17:8-16 e II Rs 4:1,42, onde há histórias de fornecimento de alimentos por meios milagrosos.

3. Há a interpretação simbólica, que diz que diversas referências feitas a Jesus como o pão da vida, ou a instituição da Ceia, etc, formaram a mentalidade da igreja sobre a necessidade de inventar (ou de admitir a existência de) um milagre dessa natureza. Essa interpretação nega que o milagre tenha qualquer base na realidade histórica.

4. Há a interpretação parabólica, que diz que a intenção do autor foi apresentar um tipo de parábola, e não a de narrar um acontecimento verídico. Todas essas quatro interpretações represen­tam esforços da imaginação. O texto não dá nenhuma indicação de tais possibilidades. É óbvio que a intenção dos quatro autores dos evangelhos foi mostrar que ocorreu um milagre notável na vida de Jesus.

5. A interpretação verdadeira é a que aceita a narrativa como um milagre notável e autêntico, feito por Jesus. Os intérpretes oferecem diversas ideias sobre á natureza do milagre e sobre o modo de agir de Jesus, como: a. Milagre abstrato, feito pelo poder divino, sem qualquer tentativa para explicar seja o que for, acerca das influências morais ou mentais que provocaram o milagre ou seu registro nos evangelhos. Essa ocorrência, pois, simplesmente demonstrou o poder divino de Jesus, que ultrapassa qualquer possibilidade de explicação, b. O milagre foi realizado a fim de ilustrar o poder miraculoso de Jesus e para ensinar lições espirituais e morais. Alguns intérpretes estendem essa ideia à eucaristia. O ato de Cristo serviu de exemplo ou símbolo da provisão de Deus para todas as necessidades do homem, em Cristo. Alguns expositores chegam a pensar que esse milagre foi símbolo do «milagre» da eucaristia, no qual o sangue e o corpo de Cristo são miraculosamente multiplicados, naquilo que se chama de doutrina da «transubstanciação». Aqueles que defendem essa interpretação também tentam explicar como o ato se verificou: a. pelo uso de matéria física já presente nos peixes e no pão, porém multiplicada. Assim Jesus não fez alguma coisa do nada, mas tão somente usou o seu poder para aumentar a quantidade de matéria já existente. Talvez seja possível essa explicação do milagre, mas dificilmente se pode afirmar outro tanto no que tange ao milagre da transformação da água em vinho; b. outros acham que o milagre deve ter incluído criação e não apenas multiplicação de matéria, o que o tornaria um milagre notabilíssimo, porque representou, em miniatura, uma nova criação. Por essa razão, sendo um milagre tão notável, é que os quatro evangelistas o teriam registrado. Todas essas explicações envolvem questões que dificilmente podem ser explicadas, porquanto nada se sabe sobre o poder de Deus quanto à criação da matéria. Pelo menos, podemos confirmar que o texto ensina um milagre verdadeiro, e que com grande probabilidade os autores dos evangelhos tiveram a intenção de ilustrar o notável poder de Jesus; outrossim, quiseram ensinar que Jesus era o pão da vida (conforme ele mesmo explica no sexto capítulo de João). A doutrina da transubstanciação, ensinada à base deste texto, não passa de um exagero de interpretação. Ver Mt 14:16,17.

A despeito do fato de que este texto relata um importante milagre de Jesus, também devemos notar que fica ilustrado, ao mesmo tempo, o intenso ministério de Jesus no tocante ao ensino. Durante todo esse tempo, a principal atividade de Jesus foi a do ensino. Ver Mt 15:32.

 

Bibliografia R. N. Champlin

 

FONTE:EBD AREIA BRANCA

QUANDO DEUS TRANSFORMA O SOFRIMENTO EM PORTA DE ENTRADA PARA O EVANGELHO

terça-feira, 19 de julho de 2011

 

 

Quando Deus transforma o sofrimento em porta de entrada para o evangelho

O apóstolo Paulo enfrentou toda sorte de provações e sofrimentos desde sua conversão. Foi perseguido em Damasco, rejeitado em Jerusalém, esquecido em Tarso, apedrejado em Listra, açoitado e preso em Filipos, escorraçado de Tessalônica, enxotado de Beréia, chamado de tagarela em Atenas e de impostor em Corinto. Enfrentou feras em Éfeso, foi preso em Jerusalém, acusado em Cesaréia, enfrentou um naufrágio na viagem para Roma e foi picado por uma cobra em Malta. Mas, ao chegar algemado na maior metrópole do mundo, a capital do império, Paulo escreveu sua carta aos filipenses, dizendo que as coisas que lhe haviam acontecido tinham contribuído para o progresso do evangelho. A palavra “progresso”, na língua grega, era usada para os engenheiros que abriam estradas para as viagens do imperador. O sofrimento do cristão abre portas e caminhos para o avanço do evangelho. Porque Paulo estava preso, três coisas muito importantes aconteceram:
1. Os crentes foram mais encorajados a pregar a Palavra. O ministério de Paulo não foi limitado com sua prisão, pois se considerava prisioneiro de Cristo e embaixador em cadeias. Mas o ministério da igreja foi ampliado com suas cadeias. A igreja sentiu-se mais encorajada a pregar. É bem verdade que algumas pessoas passaram a pregar o evangelho com motivações duvidosas, com o propósito de despertar ciúmes em Paulo. Mas, como estavam pregando o evangelho e não uma outra mensagem, Paulo se regozijava em ver que seu sofrimento estava abrindo picadas para o avanço de novos obreiros e alargando estradas para a caminhada mais rápida do evangelho. Deus não desperdiça sofrimento na vida de seus filhos. O sofrimento dos filhos de Deus contribui para o progresso do evangelho.
2. Os membros da guarda pretoriana foram evangelizados. Porque Paulo estava algemado, sob os cuidados do imperador, dois soldados da guarda pretoriana eram algemados a ele, em três turnos por dia, durante dois anos. Esses guardas faziam parte de um grupo de elite. Eram dezesseis mil soldados de escol, gente que tinha trânsito livre no palácio e influência política no império. Nesses dois anos, Paulo estava com as mãos presas, mas seus lábios estavam livres para testemunhar. Nesse tempo, Paulo evangelizou esses soldados e os demais membros do palácio. Nero, o imperador, não sabia, mas Deus o havia constituído em presidente das missões estrangeiras do império, pois havia colocado no palácio o maior missionário da igreja e diante dele o seu auditório. Durante essa prisão em Roma, Paulo ganhou muitas pessoas para Cristo, a ponto de escrever aos filipenses: “Os santos vos saúdam, especialmente os da casa de César” (Fp 4.22). No sofrimento os filhos de Deus podem testemunhar e colher muitos frutos para a glória de Deus.
3. Cartas abençoadoras foram escritas. Porque Paulo estava preso, ele não podia visitar as igrejas. O que ele fez? Começou a escrever cartas e essas cartas são verdadeiros tesouros ainda hoje. Que cartas foram escritas dessa primeira prisão em Roma? Efésios, Filipenses, Colossenses e Filemom. Essas epístolas têm sido luzeiros a brilhar para milhões de pessoas em todo o mundo. São cartas inspiradas pelo Espírito de Deus que têm edificado a igreja, consolado o rebanho de Cristo e sido instrumentos para levar tantos outros aos pés do Salvador. Para um observador desatento, a vida de Paulo estava à deriva. Por todo lado por onde passava era açoitado pelo azorrague do sofrimento, mas Deus estava no comando em cada circunstância, transformando os sofrimentos do apóstolo em abertura de novos caminhos para a proclamação do evangelho. De fato a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós eterno peso de glória acima de toda comparação. Não precisamos nos desesperar no vale da dor, pois nosso Deus é especialista em transformar nossos sofrimentos em portas de entrada para o evangelho.

Rev. Hernandes Dias Lopes

Ezequiel designado Atalaia de Israel (Ez.3.16-21)

sexta-feira, 8 de julho de 2011

 

Ezequiel Designado Atalaia de Israel (3.16-21)

3.16

Outra Etapa da Missão. O profeta teve sete dias de descanso e meditação. Então, o poder de Yahweh o pegou novamente. Agora chegara o tempo de agir, pois a mensagem tinha de ser entregue aos exilados. A comissão do profeta foi renovada e ele sentiu grande responsabilidade de agir como um herói. O Targum nos informa aqui que "a palavra de profecia" foi dada a Ezequiel, nesta experiên­cia; assim, ele ficou qualificado para agir como profeta de Yahweh.

3.17

Filho do homem. Yahweh frequentemente utilizou este título para referir-se ao profeta. Aquele fraco filho de homem seria feito o poderoso ataiaia de Israel. Cf. Is 56.10; Jr 6.17 e Os 9.8, onde o mesmo título é empregado. Os atalaias se posicionavam sobre os muros da cidade, sobre topos de colinas, às vezes sobre torres de água ou instalações militares, pois precisavam de visão panorâmica. O trabalho deles consistia em avisar o povo sobre a aproximação de qualquer perigo. Eles serviam como protetores do povo e trabalhavam em favor do seu bem-estar. Ezequiel tornou-se o atalaia espiritual do pequeno remanescente de judeus no cativeiro babilônico. Um Novo Israel estava sendo preparado por seus esforços. Seu trabalho era "pequeno", mas tinha grandes implicações. O ata­laia avisou o povo da chegada do julgamento, por causa de sua idolatria-adultério-apostasia. Ele deu instruções morais e espirituais. A figura do ata­laia será repetida em Ez 33.2-6. Ver também I Sm 14.16; II Sm 18.24-27; II Rs 9.17-20 e Is 21.6.

3.18

As advertências espirituais dos vss. 18-21 não se referem à alma e à condenação eterna em uma vida além do sepulcro, embora, comumente, intér­pretes utilizem este trecho com tal aplicação. Podemos fazer essa aplicação, porque as palavras são aptas a esse fim, mas o que está em pauta é a destrui­ção pelas mãos dos babilônios. As palavras podem incluir a ideia de desastres, pragas e revoltas da natureza, que massacram a vida humana. A vida prometi­da aos obedientes e convertidos seria tranquila e longa na Terra Prometida, onde os habitantes teriam o privilégio de promover o culto a Yahweh, fonte de todas as bênçãos. Em outras palavras, o texto se refere à salvação temporal, não espiritual.

Casos Específicos:

1. O primeiro caso estipulado é o do homem pecaminoso, rebelde, apóstata (coletivamente, Judá-Jerusalém); este ímpio recebe a advertência de Yahweh. Os babilônios trariam a morte, que chegaria na forma de um imenso massa­cre. Presumivelmente, o próprio profeta pereceria com o povo. Além dos ataques dos babilônios, haveria doenças, desastres naturais e uma variedade espantosa de calamidades. Mas nada, no trecho presente, fala sobre a alma e o julgamento do outro mundo.

É óbvio que este texto não menciona nada sobre o problema da segurança do crente, embora alguns intérpretes o utilizem desta maneira. "A referência aqui é obviamente à morte física" (Charles H. Dyer, in loc).

3.19

2. O segundo caso é o reverso do primeiro (vs. 18). Se o profeta cumprisse sua missão, mas os desobedientes permanecessem rebeldes e morressem nessa condição, ele entregaria sua vida por causas destas consequências. Cf. Is 49.4-5; At 20.26 e I Tm 4.16.

3.20

3. O terceiro caso é o do homem justo (segundo os padrões do Antigo Testa­mento, o homem que obedece à lei mosaica e participa do culto a Yahweh). Este homem cumpre seus deveres, mas finalmente abandona sua fé (como Judá fez quando correu atrás da idolatria de seus vizinhos). Este homem, ontem justo, agora é um ímpio como o resto da Judá apóstata; contra ele Yahweh agirá; sua bondade anterior não o ajudará nem um pouco. Com a iniquidade, ele anula sua condição anterior, cai e morre. Todavia, o ministro que o advertiu fica livre de sua culpa. O texto não se refere a um homem que ontem estava salvo, mas hoje está perdido, e, se morrer nesta condição, sofrerá julgamento eterno; esta é a interpretação de alguns ansiosos que querem um texto de prova para sua doutrina arminiana. O texto fala especifi­camente do golpe de morte do exército babilônico, que executou uma nação inteira e obviamente dos indivíduos daquela nação. A segunda morte não está em pauta.

Tropeço. Cf. Is 8.14; I Co 1.23; Rm 8.32-33; I Pe 2.8. A bondade que o homem praticou no passado não pode agir como um tipo de crédito, para evitar consequências desastrosas de uma vida pecaminosa presente. Ele não pode tirar algum dinheiro de seu banco espiritual e pagar os débitos de uma vida atual de apostasia. A Lei Moral da Colheita segundo a Semeadura garantirá que esse homem pague o que deve: ele morrerá.

3.21

4. O quarto caso é o do homem bom que se tornou melhor ainda. Os ensinamentos do profeta fiel o ajudaram; ele obedeceu aos mandamentos e agiu com justiça. Esse homem será poupado das calamidades que trazidas pelos babilônios. Ele também escapará aos castigos da natureza, não ficará doente, terá uma vida longa, saudável e próspera. É bom negócio ser bom. Cf. o sentimento do Novo Testamento:

Obedecei aos vossos guias e sede submissos para com eles; pois velam por vossa alma, como quem deve prestar contas, para que façam isto com alegria e não gemendo. (Hb 13.17)

 

Bibliografia A T I

Fonte: EBD AREIA BRANCA

 

Ezequiel Designado Atalaia de Israel

O atalaia silencioso Ez 3:16-27

 

O atalaia silencioso Ez 3:16-27

16-21. Assim como Habacuque se postou na sua torre de vigia (Hc 2:1), assim também Ezequiel é nomeado atalaia para o povo de Israel (17). A expressão empregada é literalmente: "Dei-te para ser atalaia," o que significa que a nomeação de Ezequiel como profeta para avisar os exilados acerca da sua ruína iminente era, na realidade, um ato de graça da parte de Deus. O termo atalaia era comum para os verdadeiros profetas de Javé (cf. Is 56: 10; Jr 6: 17; Os 9:8). A função deles era ficar alerta à situação em derredor deles, escutar a palavra de Deus sempre que ela vinha a eles, e repeti-la ao povo com exatidão. Inevitavelmente isto significava que, tão frequentemente como o contrário, os profetas agiam como mensageiros de julgamento para um povo pecador, e Ezequiel não era exceção. Sua mensagem dizia respeito às consequências sérias do pecado. Para o perver­so, ou seja, o homem que não temia a Deus e vivia uma vida de desafio aberto aos Seus mandamentos, sua mensagem era: Certamente morrerás (18). O justo também precisava de ser avisado: se estava se desviando do caminho da justiça, precisava de uma advertência tanto quanto o perverso, e ainda que estivesse conservando-se na sua justiça, continuava necessitan­do do ministério constante de ser advertido a não pecar. O santo precisa dos avisos do atalaia tanto quanto o pecador.

Dizer, no entanto, que Ezequiel, mediante as suas advertências, salvaria a sua alma (19, 21) é muito enganoso. A palavra hebraica nepes tem uma vasta gama de significados, desde "garganta" até "pessoa," mas signi­fica "alma" somente no sentido em que chamamos uma pessoa de "uma alma." O hebraico não tem conhecimento de alma como uma parte consti­tuinte do homem. O homem era nepes, uma pessoa, uma unidade. A RSV, portanto, tem razão em traduzir "tu terás salvo a tua vida."

O que se quer dizer com o justo (20)? Devemos tomar o cuidado de não atribuir a doutrina do Novo Testamento ao Antigo e interpretar esta palavra à plena luz da justificação paulina. O justo (heb. saddiq) era essencialmente o homem que demonstrava, pela sua vida virtuosa, lealdade à aliança. Nem é preciso lembrar que era obediente na realização das observâncias religiosas necessárias, mas os profetas do século VIII deixam claro que muitos as realizavam com entusiasmo, e estavam longe de serem justos. Mesmo assim, dentro da esfera da comunidade da aliança, que incluía todos os israelitas, alguns seriam considerados como "tendo justiça" diante do tribunal imaginário da justiça de Deus, e assim possuiriam a retidão (heb. sedeq), ao passo que outros seriam condenados e classificados com os perversos. Não havia nenhuma regra prática fácil para guiar o homem em fazer esta avaliação, e não podia, portanto, haver qualquer coisa que se aproximasse de uma doutrina cristã da segurança. Ser atrevido para com a aliança era conhecidamente o primeiro passo no caminho para a condenação. Reduzida a uma base mínima, a qualificação para a justiça era a observância dos Dez Mandamentos, as estipulações da aliança. Na prática, porém, estes eram bem pouco observados, e as exigên­cias cultuais da lei mosaica recebiam, proporcionalmente, muito mais consideração; de modo que cada um dos profetas tinha de reiterar as exi­gências morais e espirituais da aliança para o benefício de uma geração mal ensinada. Destarte, as exigências constantes da justiça de Deus eram expostas: "Lavai-vos, purificai-vos, tirai a maldade de vossos atos de diante dos meus olhos: cessai de fazer o mal. Aprendei a fazer o bem; atendei à justiça, repreendei ao opressor; defendei o direito do órfão, pleiteai a cau­sa das viúvas" (Is 1: 16-17). Ou, ainda: "Buscai o bem e não o mal . . . Aborrecei o mal e amai o bem, e estabelecei na porta o juízo: talvez o SENHOR, o Deus dos Exércitos, se compadeça do restante de José" (Am 5: 14-15). Ou, ainda: "Ele te declarou, ó homem, o que é bom; e que é o que o SENHOR pede de ti, senão que pratiques a justiça e ames a mise­ricórdia, e andes humildemente com o teu Deus?" (Mq 6: 8). Este não era nenhum ensino novo, pelo contrário, era uma chamada de retorno às exi­gências de Javé, o Deus de Israel, conforme a antiga aliança, que teve sua origem nos dias de Moisés e do monte Sinai. Era uma exigência de ações justas que refletiriam um coração (i.é, a totalidade da personalidade, abran­gendo a mente, a vontade, as emoções e as atitudes) humilde diante de Deus e um estado de paz (heb. sàlôm) com Ele. Tendo em vista este fa­to, fica claro que não se pensava na justiça como uma característica in­delével: podia ser por demais facilmente perdida, e então, os atos justos prévios do homem não valeriam nada.

O aviso que dizia que o perverso morreria tinha uma referência puramente temporal. Dentro dos limites de nossa compreensão, Ezequiel provavelmente não tinha um conceito claro sobre a ressurreição, e muito menos da vida eterna; e a ameaça inerente nesta palavra de advertência era que o perverso teria uma morte precoce ou violenta. A morte que vinha no fim de uma vida longa não era adversidade alguma, especialmente se o homem tinha filhos e netos para continuar seu nome após ele. Mas uma vida curta e um fim precoce eram castigos mesmo. Se isto acontecesse co­mo resultado da falta de profeta quanto a cumprir seu dever de advertir o perverso a se converter dos seus caminhos, Deus disse: O seu sangue da tua mão o requererei (18, 20). Esta alusão ao princípio expressado em Gê­nesis 9:5-6 subentende que, assim como o sangue de um homem assassina­do exigia a retribuição por meio do parente próximo vingar-se do assassino, assim também um homem que morria sem ser avisado em tempo seria con­siderado virtualmente a vítima de um assassinato cometido pelo atalaia que fracassara no seu dever. A questão é colocada metaforicamente, é cla­ro, mas nem por isso deixa de enfatizar a responsabilidade esmagadora con­fiada a Ezequiel. A responsabilidade do cristão no sentido de avisar uma geração perdida não é, por certo, menos aterrorizadora.

A palavra tropeço (20; heb. miksôl), como seu equivalente no grego do Novo Testamento, skandalon, significa uma "ocasião para tropeçar," ou literalmente, ou num sentido ético. Não indica aqui que Deus deliberadamente Se propõe a derrubar o justo e fazê-lo estatelar-se no chão, mas, sim, que deixa oportunidades para o pecado nos caminhos dos homens, de maneira que, se seu coração está decidido no sentido de praticar o pecado, poderão fazê-lo, e assim merecer a sua condenação. Não há nenhum sentido em que o tropeço é inevitável: sempre envolve a escolha moral, e havia, também, a palavra de advertência da parte do atalaia pa­ra indicar onde estavam os tropeços e o que eram.

22-27. Mais uma vez sob o efeito do êxtase, Ezequiel sai para o vale. A palavra significa literalmente uma "fenda," e, portanto, uma área entre montanhas: alguns a traduziriam uma "planície no vale." É muito possível que se refira a uma localidade específica que Ezequiel frequentava nos seus períodos de solidão, e era, sem dúvida, o lugar onde haveria de ter sua visão do vale (a mesma palavra) dos ossos secos (cf. 37: 1).

A frase a glória do SENHOR estava ali (23) resume, não somente uma parte, mas, sim, toda a visão que o profeta vira no capítulo 1. A lembrança que permanecia não era dos equipamentos do carro-trono celestial, mas, sim, dAquele que estava assentado sobre ele. Ezequiel também indi­ca que esta era uma localidade diferente daquela da sua visão original jun­to ao rio Quebar.

Não fica claro se esta visão adicional da glória do Senhor aconteceu quase imediatamente depois da sua comissão para ser atalaia, ou se, entre os vv. 21 e 22, houve um período em que Ezequiel profetizou de acordo com os termos que lhe foram dados. Se assim fizera, isto explicaria a apa­rente inversão da sua comissão que os versículos seguintes contêm. Falara a palavra de advertência da parte de Deus; não lhe prestaram atenção; por­tanto, agora foi ordenado a ficar confinado à sua casa, e silencioso. A dificuldade é que a cronologia destes primeiros capítulos quase não deixa tempo algum para isto. A diferença entre as datas de 1: 1 e 8: 1 é de so­mente um ano e dois meses, e se esse período deve incluir os 390 dias de ficar deitado sobre o lado esquerdo para o castigo de Israel (4: 5), so­bra pouquíssimo tempo para qualquer coisa senão um ministério brevís­simo como atalaia. Parece, portanto, preferível considerar 3:22-27 como o episódio final num período prolongado de comissionamento que durou vários dias, durante o qual aconteceram estas várias experiências culminan­tes, nas quais Deus falou para Ezequiel, e o curso e o padrão do seu minis­tério foram paulatinamente revelados. Seria improvável que um profeta, numa só teofania, obtivesse a compreensão, não só da sua chamada, como lambem da sua mensagem e da terrível responsabilidade da sua tarefa, e da maneira em que deveria cumpri-la. Para Ezequiel, tudo isto veio por eta­pas, e somente quando foi alcançada a última etapa é que foi conclamado a fazer seu primeiro pronunciamento público no drama simbólico das obras de cerco contra Jerusalém (4:1).

Aqueles que defendem um ministério abortivo entre estas duas se­ções argumentariam que a frase eis que porão cordas sobre ti (25) refere-se ou a restrições físicas impostas sobre Ezequiel por seus oponentes, ou, metaforicamente, ao silenciar dos seus oráculos por formas de oposição menos violentas mas igualmente eficazes. O mesmo tipo de interpretação não pode, no entanto, ser atribuído à profecia de sua mudez, e, portanto, é melhor pensar numa restrição auto imposta do que numa causada pela oposição aos oráculos anteriores. A RSV interpreta desta maneira ao to­mar o verbo "porão" como um plural impessoal, que denota voz passiva: "cordas serão postas sobre ti, e serás ligado com elas." É importante perce­ber que tanto o ligar com cordas quando a mudez "não eram para evitar o exercício da sua vocação, mas, pelo contrário, torná-lo apto para a reali­zação bem-sucedida da obra que recebeu (Keil). As limitações impostas sobre ele eram parte integrante da sua mensagem: eram uma demonstra­ção ritual ao povo de Israel que eram casa rebelde (26,27).

Farei que a tua língua se pegue ao teu paladar, ficarás mudo, e inca­paz de os repreender (26). O silêncio não deveria ser total: de vez em quando, Deus falaria com o profeta, e permitiria que passasse adiante uma men­sagem para seu povo. Esta mudez, portanto, não foi do mesmo tipo que aconteceu a Zacarias, pai de João Batista (Lc 1:20). Duraria um tempo limitado, até que a queda de Jerusalém fosse anunciada para os exilados cerca de seis anos mais tarde. Então chegaria ao fim (33:22). Outras re­ferências ao fato ocorrem em 24:27 e 29:21, mas em nenhum outro lu­gar. Neste Ínterim, Ezequiel teve chance de fazer muitos pronunciamen­tos, alguns em conjunção com suas mensagens silenciosas, encenadas, e outros como simples oráculos diretos. Em certa ocasião (20: 3) recusou-se a responder a alguns anciãos que vieram a ele "para consultar o SENHOR," mas não o fez sem dar uma explicação completa das razões para não sa­tisfazer a curiosidade deles. Noutras ocasiões em que os anciãos vieram pa­ra ele a fim de procurar seus conselhos, não há qualquer sugestão que não esperassem que ele lhes pudesse responder de maneira perfeitamente nor­mal (cf. 8:1; 14: 1). Já notamos várias sugestões no sentido de Ezequiel sofrer de catalepsia ou dalgum distúrbio nervoso grave, é já vimos que ne­nhuma explicação deste tipo, que introduz a disfunção orgânica ou psico­lógica, soluciona de modo satisfatório os problemas levantados por uma aceitação literal destas palavras. É muito mais satisfatório e realista enten­der que esta é uma mudez ritual, ou seja: uma recusa divinamente ordena­da de fazer pronunciamentos públicos, a não ser sob o impulso direto da palavra de Deus. Daquele momento em diante, Ezequiel seria conhecido unicamente como o porta-voz de Javé. Quando falava, era porque Deus tinha algo para dizer; quando ficava silencioso, era porque Deus estava si­lencioso.

As duas palavras hebraicas: hassõmêa' yismà', lit. "que o ouvinte ou­ça," ou "o que ouve ouvirá" (27), são o protótipo para a fórmula predileta do nosso Senhor: "Quem tem ouvidos para ouvir, ouça." A mensagem falada visa confirmar os homens na sua atitude para com o Deus que a inspi­rou: ou a escutarão e obedecerão, ou a desconsiderarão e serão condena­dos. A resposta do ouvinte é ditada pelo íntimo do seu ser.

 

Bibliografia J. B. Taylor

Fonte:EBD AREIA BRANCA

 

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