O ENIGMÁTICO SANSÃO

domingo, 18 de julho de 2010

 

O Enigmático Sansão

 

Por Esdras Bentho

 

O Sansão do enigma e o enigma de Sanção


Apesar de Sansão ser alistado no rol dos
Heróis da Fé (Hb 11.37), está longe de ser um paradigma da fé neotestamentária. O jovem Sansão, no hebraico, “pequeno sol”, perfila no livro de Juízes como um personagem enigmático. Não somente pelo fato de gostar de propor enigmas, mas antes porque só tarde resolveu o mistério de sua própria vida.
O voto de nazireu (heb. “abster-se”), obrigava o israelita a consagrar-se a Deus por um período ou por tempo vitalício, como foi o deste (Nm 6). No pacto, a pessoa era proibida de beber vinho (Nm 6.3,4), cortar o cabelo (Nm 6.5), ou de aproximar-se de um cadáver (Nm 6.6,7). A dedicação e consagração a Deus era solene. A partir de então, o sujeito era “nazireu de Deus” (Jz 13.5c).
A mitologia grega classifica e atribui doze trabalhos a Hércules. Porém, deixando o lendário para o histórico e o ficto para o real, a Bíblia não descreve doze, mas sete maravilhas feitas por Sansão: o estrangulamento manual de um leão (Jz 14.6); a morte de trinta homens em Asquelom (v.9); a destruição da seara dos filisteus com ajuda de trezentas raposas (Jz 15.4,5); a matança de mil homens com a queixada de um jumento (Jz 15.15); o genocídio e vingança de Sansão (vv.7,8); a destruição dos portões de bronze de Gaza (Jz 16.2); e a destruição do templo de Dagom, principal divindade dos Filisteus.
Sansão é símbolo de força e coragem; juventude e disposição. Todavia, tais qualidades contrastam com a falta de temperança, domínio próprio e obediência desse personagem. O que faltava de sobriedade sobrava em virilidade. Uma juventude plena de energia desperdiçada nas avenidas, tabernas e ruelas escuras das cidades dos gentios. O raro era a paciência e o vulgar a condescendência aos desejos latentes. A virtude e o vício impunham-se como tiranos, aguardando apenas uma decisão.
Sansão é uma figura exacerbada em contrastes: destruiu um leão que rugia à sua frente, mas não conseguira vencer o ego que urrava dentro de si; extinguiu a vinha dos adversários, no entanto, não fora capaz de viver longe dos vícios das cidades; propôs enigmas para outros, mas, de fato, jamais resolvera os mistérios de sua própria vida e juventude; carregou nos ombros os fortes ferrolhos de Gaza, mas fora arrastado pelos seus costumes condenáveis; matara tantos com a queixada de um animal impuro, contudo, deixou-se vencer pelas impurezas que deveria subjugar; embora forte o suficiente para matar trinta homens, não fora corajoso o bastante para dominar sequer três vícios que silenciosamente o desafiavam no coliseu íntimo da consciência e do desejo; o apetecia olhar as linda mulheres dos inimigos e, por esta razão, seus olhos foram vazados, arrancados como protesto.
Sansão... o mais forte guerreiro nas batalhas e o jovem mais admirado nas praças. Era temido pelos inimigos, cobiçado pelas donzelas de Israel, paparicado pelos pais, mas jamais compreendera sua missão. Um bonifrate levado ao talante das circunstâncias!
Dominava tantos inimigos, mas não conseguia dominar e conquistar a si mesmo. Cedeu aos vícios dos inimigos até ser cativo deles. Rodeou a vida impudica de Gaza até girar um moinho no cárcere da cidade. Brincava de se deixar amarrar por Dalila e, por fim, ficara amarrado nas colunas de Dagom. Gostava tanto de seus lindos cabelos trançados que ficou calvo. Era um jovem alegre, brincalhão, mas acabou divertindo os inimigos com pilhérias e momices – ele próprio.
Todavia, em certo momento, por um ato soberano e gracioso de Javé, coloca a mão sobre a cabeça e, com o crescimento paulatino do cabelo, percebe que a aliança de Javé permanecia firme. Seu cabelo crescera... o voto fora renovado... sua oração ouvida...e o resto virou história e seu retrato posto na galeria dos
Heróis da Fé!

FONTE: http://www.cpad.com.br/

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