SATANÁS,O ENGANADOR

quinta-feira, 22 de julho de 2010

 

Satanás, o Enganador Também dos Filhos de Deus

O arquienganador não é somente o enganador de todo o mun­do não-regenerado, mas também dos filhos de Deus, com esta diferen­ça: no engano que pratica nos santos, ele muda suas táticas e trabalha por meio das mais precisas estratégias, em artimanhas de erro e enga­no a respeito das coisas de Deus (Mt 24.24; 2 Co 11.3, 13-15).

A principal arma em que o príncipe-enganador das trevas se apoia para manter o mundo sob seu poder é o engano. O inimigo planeja enganar o homem em cada estágio de sua vida, quais sejam: 1) engano dos irregenerados que já são enganados pelo pecado; 2) engano adaptado para o crente carnal e 3) engano ajustado para o crente espiritual, que já passou pelos estágios anteriores e chegou a um plano onde estará aberto para artimanhas mais sutis. Que o en­gano seja removido ainda nos dias de sua condição nâo-regenerada ou no estágio da vida cristã carnal, pois quando o homem emerge para os lugares celestiais, descritos por Paulo na Epístola aos Efésios, ele se encontrará envolvido pelas obras mais intensas das artima­nhas do enganador, onde os espíritos enganadores trabalham ativa­mente para atacar aqueles que estão unidos ao Senhor ressurreto.

O Engano: O Perigo do Finai, dos Tempos

Em Apocalipse, temos a plena revelação da confederação satâ­nica no controle abrangente de toda a terra e da guerra contra os santos como um todo; mas a obra do enganador entre os principais santos de Deus c descrita de forma especial na carta do apóstolo Pau­lo aos efésios, onde, em 6.10-18, o véu é removido e os poderes satâ­nicos são vistos em sua guerra contra a Igreja de Deus e a armadura e as armas para que o crente individual vença o inimigo são descri­tas. Nessa passagem, podemos aprender que no plano da experiência mais elevada do crente em sua união com o Senhor e nos "lugares eleva­dos" da maturidade espiritual da Igreja, as batalhas mais acirradas e intensas contra o enganador e suas hostes serão travadas.

Portanto, conforme a Igreja de Cristo se aproxima do tempo do fim e vai sendo amadurecida para sua transformação pelo poder interior do Espírito Santo, mais o enganador e suas hostes de espíri­tos enganadores dirigem sua força total contra os membros vivos do Corpo de Cristo. Um vislumbre desse ataque de espíritos enganado­res sobre o povo de Deus no final dos tempos é descrito no Evange­lho de Mateus, onde o Senhor usa a palavra enganar para descrever alguns dos sinais especiais dos últimos dias. Ele disse: "Vede que ninguém vos engane. Porque virão muitos em Meu nome, dizendo: Eu sou o cristo, e enganarão a muitos (...) levantar-se-ão muitos falsos profetas e enganarão a muitos (...). Porque surgirão falsos cristos e falsos profetas operando grandes sinais e prodígios para enganar, se possível, os próprios eleitos" (24.4, 5, 11, 24).

O Engano Relacionado com o Mundo Sobrenatural

A forma especial de engano também é apresentada como rela­cionada com coisas espirituais, e não terrenas, o que mostra que o povo de Deus, no fim dos tempos, estará esperando a volta do Se­nhor e, por isso, ficará bastante aberto a todos os movimentos vindos do mundo sobrenatural, a tal ponto que os espíritos enganadores serão capazes de tirar proveito desse fato e antecipar a vinda do Senhor com falsos cristos e falsos sinais e maravilhas, ou de misturar suas imitações com as verdadeiras manifestações do Espírito de Deus. O Senhor diz que homens serão enganados:

1) a respeito de Cristo e Sua parousia, ou vinda;

2) a respeito de profecias, ou seja, ensinamentos vindos do mun­do espiritual por mensageiros inspirados, e

3) a respeito ao fornecimento de provas em relação aos "ensinamentos" serem verdadeiramente de Deus, por meio de sinais e maravilhas tão semelhantes aos de Deus e, portanto, imitações tão exatas da obra de Deus que seriam indistinguíveis das verdadeiras por aque­les descritos como "Seus eleitos", os quais precisarão utilizar algum outro teste, adicional ao julgamento das aparências, para saber se um sinal é de Deus, se quiserem discernir o falso do verdadeiro.

As palavras do apóstolo Paulo a Timóteo, contendo a profecia especial dada a ele pelo Espírito para a Igreja de Cristo nos últimos dias da dispensação, coincidem exatamente com as palavras do Se­nhor registradas por Mateus.

As duas cartas de Paulo a Timóteo são as últimas epístolas que ele escreveu antes de sua partida para estar com Cristo. Ambas foram escritas na prisão, que foi para Paulo como Patmos foi para João, quando ele, "em espírito" (Ap LIO)3, viu as coisas que estavam por vir. Paulo estava dando suas últimas orientações para Timóteo para a ordem da Igreja de Deus até seus últimos dias na terra; ele estava dando as diretrizes para orientar, não só a Timóteo, mas a todos os servos de Deus, a como lidar com a casa de Deus. Em meio a todas essas instruções detalhadas, sua visão precisa se volta para os "últimos tempos" e, por ordem expressa do Espírito de Deus, ele descreve em breves sentenças, o perigo da Igreja nesses tempos fi­nais, da mesma forma que o Espírito de Deus havia dado aos profe­tas do Antigo Testamento algumas profecias "em gestação", que só seriam completamente compreendidas depois que os eventos vies­sem a acontecer.

Uma Análise Bíblica Sobre o Engano Satânico

O apóstolo disse: "O Espírito afirma expressamente que, nos últimos tempos, alguns apostatarão da fé, por obedecerem a espíritos enganadores e a ensinos de demônios, pela hipocrisia dos que falam mentiras, e que têm cauterizada a própria consciência" (1 Tm4.1, 2).

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3 "Ele estava em espírito - numa condição completamente liberada da terra - transportado por meio do Espírito - no dia do Senhor". (Seiss) (NE)

O Relato de Paulo em 1 Timóteo 4.1, 2: A Única Declara­ção Específica Sobre a Causa do Perigo

A declaração profética de Paulo parece ser tudo o que é dito em palavras específicas sobre a Igreja e sua história no fim da dispensação. O Senhor falou em termos gerais sobre os perigos que Seu povo teria de enfrentar no fim dos tempos, e Paulo escreveu aos tessalonicenses mais especificamente sobre a apostasia e os enganos malignos do Corrupto nos últimos dias, mas a passagem em Timó­teo é a única que mostra de forma explícita a causa especial do perigo que a Igreja enfrentaria em seus últimos dias na terra e como os espí­ritos malignos de Satanás se lançariam sobre os membros dela e, por meio de engano, afastariam a alguns da pureza da fé em Cristo.

O Espírito Santo, na breve mensagem dada a Paulo, descreve o caráter e a obra dos espíritos malignos, reconhecendo: 1) sua exis­tência, 2) seus esforços dirigidos aos crentes com o objetivo de enganá-los e, por meio de engano, afastá-los do caminho da fé simples em Cristo e de tudo que está incluído na "fé que uma vez por todas foi entregue aos santos" (Jd 3).

Pode-se entender, a partir do original grego, que é o caráter dos espíritos que está descrito em 1 Timóteo 4.1-3, e não o dos homens que eles, por vezes, usam em sua obra de engano.4

Guerra Contra os Santos

O perigo da Igreja no final dos tempos é, portanto, proveniente de seres sobrenaturais hipócritas, que fingem ser o que não são, que dão ensinamentos que aparentam produzir maior santidade, por meio da severidade ascética para com a carne, mas são, em si mesmos, malignos e impuros, e trazem para aqueles a quem enganam toda a maldade de sua própria presença. Onde eles enganam, ganham a posse; e enquanto o crente enganado pensa estar mais santo e mais santificado, esses espíri­tos hipócritas defraudam o enganado com sua presença e sob uma capa de santidade tomam posse de seu terreno legal e ocultam suas obras.

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4 Pember diz que o v. 2 se refere ao caráter dos espíritos enganadores e deve ser lido deste modo: "ensinamento direto de espíritos impuros, que, apesar de carregarem uma marca em sua própria consciência, como um criminoso é desfigurado - pretendem santificar (i. e., santidade) para ganhar crédito por suas mentiras" (NE)

O Perigo de Espíritos Enganadores

Afeta a Todos os Filhos de Deus

O perigo diz respeito a todos os filhos de Deus, e nenhum crente espiritual ousa dizer que está livre do perigo. A profecia do Espírito Santo declara que:

1) "alguns" apostatarão da fé;

2) a razão da apostasia será obedecer a espíritos enganadores, isto é, a natureza da obra deles não será declaradamente má, mas, sim, engano, que é uma obra disfarçada. A essência do engano é que a obra é vista como sincera e pura;

3) a natureza do engano será doutrinas de demônios, isto é, o engano se dará numa esfera doutrinária;

4) o engano se dará pelo fato de que as doutrinas serão entre­gues com hipocrisia, ou seja, serão faladas como se fossem verdade;

5) dois exemplos do efeito dessas doutrinas de espíritos malig­nos são mostrados: a proibição do casamento e a abstinência de ali­mentos; ambos, disse Paulo, criados por Deus. Portanto, o ensinamento deles é marcado pela oposição a Deus, até mesmo em Sua obra como Criador.

Os Poderes Satânicos Descritos em Efésios 6

Doutrinas demoníacas têm sido geralmente considerados como pertencendo também à Igreja de Roma, devido aos dois resultados de ensinos demoníacos mencionados por Paulo, que caracterizam essa Igreja, ou as "seitas" posteriores do século XX, com sua omissão da idéia de pecado e da necessidade do sacrifício remidor de Cristo e de um Salvador Divino. Mas há um vasto domínio de engano doutri­nário por meio de espíritos enganadores penetrando e interpenetrando a cristandade evangélica, por meio do qual os espíritos malignos, em maior ou menor grau, influenciam a vida até de homens cristãos, exercendo domínio sobre eles; até cristãos espirituais são assim afe­tados no plano descrito pelo apóstolo, em que os crentes unidos ao Cristo ressurreto encontram "forças espirituais do mal nas regiões celestiais." Os poderes satânicos descritos em Efésios (5.12 são apre­sentados divididos em:

1) Principados: poderes e dominadores que lidam com nações e governos;

2) Potestades, com autoridade e poder de ação em todas as esfe­ras abertas a elas;

3) Dominadores do mundo, governando as trevas e cegando o mundo de forma geral;

4) Forças espirituais do mal nos lugares celestiais, que dirigem suas forças contra a Igreja de Jesus Cristo, em artimanhas, dardos infla­mados, ataques violentos e todo engano imaginável sobre doutrinas que sejam capazes de planejar.

O perigo para a casa de Deus não é, portanto, para poucos, mas para todos, pois, obviamente, para começar, ninguém pode apostatar da fé a não ser aqueles que estejam verdadeiramente na fé. O perigo tem sua origem em um exército de espíritos ensinadores derramados por Satanás sobre todos os que estejam abertos aos ensinamentos provindos do mundo espiritual e, por meio da igno­rância a respeito de tal perigo, sejam incapazes de discernir as arti­manhas do inimigo.

O perigo assalta a Igreja vindo do mundo sobrenatural e vem de seres espirituais sobrenaturais que são pessoas (Mc 1.25) com capaci­dade inteligente de planejar (Mt 12.44, 45), com estratégia (Ef 6.11), o engano daqueles que lhes obedecerem.

O perigo é sobrenatural. E os que estão em perigo são os filhos espirituais de Deus, que não serão enganados pelo mundo ou pela carne, mas estão abertos a tudo o que possam aprender das coisas "espirituais", com desejo sincero de ser mais "espirituais" e mais avan­çados no conhecimento de Deus. Pois o engano por meio de doutri­nas não preocuparia tanto o mundo quanto preocupa a Igreja. Os espíritos malignos não tentariam atrair cristãos espirituais para peca­dos declarados, como assassinato, bebedeira, jogatina, etc, mas pla­nejariam o engano na forma de ensino e doutrinas, aproveitando-se do fato de o crente não saber que o engano por meio de ensino e doutrinas permite a espíritos malignos "possuírem" o enganado tan­to quanto por meio de pecado.

Como os Espíritos Malignos Enganam

por meio de "Doutrinas"

A maneira pela qual os espíritos malignos, na qualidade de mestres, levam os homens a receber seus ensinamentos pode ser re­sumida em três pontos específicos:

1. Dando suas doutrinas ou ensinamentos como revelações espirituais àqueles que aceitam tudo que é sobrenatural como Divi­no simplesmente porque é sobrenatural — é certa classe desacostu­mada com o mundo espiritual, que aceita tudo o que é "sobrenatu­ral" como proveniente de Deus. Essa forma de ensino é direta à pes­soa, por meio de "flashes" de luz sobre um texto, "revelações" por meio de visões de Cristo ou seqüências de textos aparentemente dados pelo Espírito Santo.

2. Misturando seus ensinamentos com o próprio raciocínio do homem, para que ele pense que chegou às suas próprias conclusões. Os ensinos dos espíritos enganadores nesta forma aparentam ser tão naturais que parecem vir do próprio homem, como fruto de sua pró­pria mente e consideração. Os espíritos de engano imitam a obra do cérebro humano e introduzem pensamentos e sugestões na mente humana, pois podem se comunicar diretamente com a mente, sem a necessidade de possuir, em qualquer grau, a mente ou o corpo.

Os que são assim enganados acreditam que chegaram às suas próprias conclusões por meio de seus próprios raciocínios, ignoran­do o fato de que os espíritos de engano incitaram-nos a "raciocinar" sem dados suficientes ou baseados em uma premissa errada e, assim, chegar a falsas conclusões. O espírito de ensino atingiu seu próprio objetivo colocando uma mentira na mente do homem pela instrumentalidade de um raciocínio falso.

3. Indiretamente usando mestres humanos enganados, que supõem estar ensinando a "verdade" divina mais pura e em quem as pessoas implicitamente acreditam por causa de sua vida e caráter piedosos. Os crentes dizem: "Ele é um homem bom e um homem santo, e eu creio nele." A Eles tomam a vida do homem como garan­tia suficiente para seu ensino, em vez de julgarem o ensinamento por meio das Escrituras, independente do caráter pessoal de quem ensina. O fundamento disso é a idéia comumente aceita de que tudo o que Satanás e seus espíritos malignos fazem é manifestamente mau. A verdade que não se percebe é que eles operam sob o disfarce da luz (2 Co 11.14), ou seja, se conseguirem que um "homem bom" aceite algumas de suas idéias e as passe adiante como "verdade", ele se torna um instrumento muito melhor para os propósitos de enga­no do que um homem mau que não teria credibilidade alguma.

Falsos Mestres e Mestres Enganados

Há uma diferença entre falsos mestres e mestres enganados. Há muitos mestres enganados entre os mais dedicados mestres hoje em dia, porque não reconhecem que um exército de espíritos ensinadores tem-se apresentado para enganar o povo de Deus e que o especial perigo para a parte mais espiritual da Igreja está no campo sobrenatural, de onde os espíritos enganadores, com ensinamentos, estão sussurrando suas mentiras a todos os que são "espirituais", isto é, abertos a coisas espirituais. Os espíritos ensinadores com suas dou­trinas farão todos os esforços para enganar aqueles que têm de trans­mitir "doutrina," e buscam mesclar seus "ensinamentos" com a ver­dade, para fazer com que sejam aceitos. Hoje em dia, todo crente deve provar seus mestres por si mesmos, pela Palavra de Deus e de acordo com a atitude deles em relação à redentora cruz de Cristo e a outras verdades fundamentais do evangelho, e não ser levado a pro­var o ensino pelo caráter do mestre. Bons homens podem ser enga­nados, e Satanás precisa de bons homens para fazer com que suas mentiras passem por verdade.

Extraído do Livro: Guerra Contra os Santos - Tomo 1- Jessie Penn-Lewis

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