sábado, 16 de janeiro de 2010
DEUS DIRIGE OS MINISTÉRIOS DOS SEUS SERVOS
A direção divina tem sido uma herança que os servos de Deus têm recebido dele. Todos os homens úteis na igreja de Cristo recebem a direção divina. Os grandes líderes (servos) do povo de Deus têm sido contemplados com a companhia divina na realização de seus ministérios. Todos eles haveriam de testemunhar da direção divina em suas vidas.
Quando me refiro a ministérios estou querendo dizer do serviço que alguém presta no corpo de Cristo no exercício da vocação (no AT) e no exercício dos dons espirituais (no NT). O ministério tem a ver com o lugar e com as pessoas onde a vocação e os dons são exercidos.
Abaixo seguem apenas alguns exemplos ilustrativos da direção que Deus dá àqueles que ele dotou para servirem no corpo do seu Filho Jesus Cristo, a igreja.
Deus dirigiu o ministério de Josué
Análise de Texto
Js 1.1-5, 9 – “(1) Sucedeu depois da morte de Moisés, servo do Senhor, que este falou a Josué, filho de Num, servidor de Moisés, dizendo: (2) Moisés, meu servo, é morto; dispõe-te agora, passa este Jordão, tudo e todo este povo, à terra que eu dou aos filhos de Israel. (3) Todo lugar que pisar a planta do vosso pé vo-lo tenho dado, como eu prometi a Moisés. (4) Desde o deserto e do Líbano, até ao grande rio, o rio Eufrates, toda a terra dos heteus, e até ao Grande Mar para o poente do sol, será o vosso termo. (5) Ninguém te poderá resistir todos os dias da tua vida; como fui com Moisés, assim serei contigo: não te deixarei nem te desampararei... (9) Não to mandei eu? Se forte e corajoso; não temas, nem te espantes, porque o Senhor teu Deus é contigo, por onde quer que andares.”
Josué é um exemplo típico de um servo que recebeu a companhia divina que o guiou em todos os dias da sua vida como administrador do povo de Israel durante sua entrada na terra e nos primeiros anos de seu estabelecimento ali. Deus havia guiado Moisés. Agora, Deus promete ser com Josué como havia sido com Moisés.
Josué foi vitorioso por causa da companhia divina
O texto citado acima diz que “ninguém te poderá resistir todos os dias da tua vida”. Não havia adversários à altura de Josué. Isso não significa que ele simplesmente era habilidoso na guerra ou que ninguém conseguia derrotá-lo num duelo. Ao contrário, ele era um homem comum, que carecia da assistência diretiva de Deus. Jamais seria um vencedor não fora a companhia de Deus com ele. Por isso que o texto completa dizendo: “como fui com Moisés, assim serei contigo: não te deixarei nem te desampararei”. Deus havia dirigido Moisés em todo o seu ministério de legislador, governador e profeta do seu povo. Por essa razão, ele conquistou toda a terra em que pisou, sendo vitorioso sobre todos os exércitos dos inimigos que habitavam a terra.
Essa mesma companhia diretiva de Deus é que seria a causa da vitória de Josué. Quando Deus vocacionava uma pessoa no Antigo Testamento, ele permanecia na companhia dela o tempo todo do exercício da vocação, e isto dava a vitória na ministério dos seus servos. O mesmo acontece no período do Novo Testamento. Quando Deus dota uma pessoa para servir no seu corpo, ele não deixa nem desampara o seu servo. Ele é o Deus-presente que orienta os seus filhos no cumprimento dos ministérios deles.
Josué foi vitorioso porque Deus é fiel na sua promessa de companhia.
Deus não é um ser mutável como as suas criaturas. Ele é absolutamente fiel nas suas promessas. Se ele prometeu a Josué que seria a sua companhia “por onde quer que ele andasse”, nunca Deus iria falhar nessa promessa. Ao final de seu ministério como servo do Altíssimo, ele convoca a congregação de Israel e dá testemunho da fidelidade das promessas de Deus na sua vida e na vida do povo. Quando estava para morrer, disse:
Js 23.14 – “Eis que já hoje sigo pelo caminho de todos os da terra; e vós bem sabeis de todo o vosso coração, e de toda a vossa alma, que nem uma só promessa caiu de todas as boas palavras que falou de vós o Senhor vosso Deus: todas vos sobrevieram, nem uma delas falhou.”
Josué e o povo haviam entrado na terra e fincado os pés nela por causa da fidelidade das promessas divinas. Deus nunca deixou de guiar os seus servos nas suas tarefas. Onde quer que tenha andado Deus esteve com ele. A direção divina foi uma constante na vida de Josué. Nunca Josué ficou desamparado da companhia divina e, por essa razão, foi vitorioso Josué no seu ministério.
Deus dirigiu 0 Ministério de Ananias
O exemplo da direção divina no ministério de Ananias é bastante extraordinário no sentido de ser fora do comum. Ele está registrado em Atos 9.10-19.
Análise de Texto
O Senhor se adianta a Paulo e chega primeiro do que ele em Damasco, fazendo todos os preparativos para que Paulo seja recebido devidamente. Jesus Cristo apareceu a Ananias e o chamou pelo nome. Ao que parece, Ananias já conhecia quem o chamava pelo nome, pois respondeu sem relutar “Eis-me aqui, Senhor.” (v.10).
Deus dirigiu Ananias, um homem sem importância
(v.10)
É óbvio que Paulo fazia parte do processo da história redentora de Deus para a vida de toda a sua igreja. Ele seria o veículo através do qual a revelação divina viria a muitos cristãos, mas quem era esse Ananias que ministrou a Paulo? Um discípulo obscuro ali na cidade de Damasco, na Síria. O óbvio seria que um dos grandes de Jerusalém recebesse a Paulo, como Pedro ou João, apóstolos de Cristo. Todavia, coube a esse desconhecido discípulos o privilégio de ser dirigido por Deus para introduzir Paulo nos primeiros passos do caminho da fé.
Todavia, é admirável ver como Deus dirigiu Ananias, um homem sem qualquer expressão na igreja apostólica, para ministrar a Paulo. Era um discípulo humilde, um homem devoto à lei, segundo os habitantes da cidade. A única outra referência a Ananias é a que o próprio Paulo dá, quando recorda a ministração que ele lhe havia feito. Nada mais (At 22.12-16).
A economia divina, em sua direção providencial, sempre faz cousas grandiosas através de vasos de barro, vasos sem muita honra, pessoas comuns como Ananias. A direção divina não é sempre feita a pessoas de grande destaque na vida do seu povo. Muitos pequeninos são objetos da direção divina para Deus executar grandes coisas. Ananias é um desses.
Deus dirigiu Ananias através de uma Visão (v.10)
Este não é o método usual de Deus dirigir os seus servos a respeito dos seus ministérios. Mas esse tempo ainda era tempo da revelação especial de Deus, pois Paulo haveria de ser o maior pregador e mestre da igreja cristã.
A direção através da visão tinha que acontecer para convencer Ananias da sua tarefa. Houve resistência da parte de Ananias, a princípio. Ele não se sentiu confortável em receber Paulo como irmão, pois as informações recebidas dos atos de Paulo não o recomendavam (v. 13-14). Todavia, Deus o convenceu de que Paulo era um “vaso escolhido para o seu nome aos gentios e reis, bem como perante os filhos de Israel” (v.15). A despeito das objeções de Ananias com respeito à pessoa de Paulo, Deus o dirige de maneira inequívoca para que ele realize a sua função de receber Paulo, impondo-lhe as mãos e curando-o da sua enfermidade (v.17).
Deus dirigiu Ananias numa ordem expressa
Não foi apenas uma visão que Ananias contemplou e depois a descreveu. Foi uma visão com o aparecimento de Jesus Cristo a ele que se lhe dirigiu numa forma imperativa. O verso 11 diz que Jesus Cristo “lhe ordenou: Dispõe-te e vai...”
Não era apenas uma sugestão do Senhor, mas sua ordem era um imperativo categórico, sem a possibilidade de ser questionado na sua ordem.
Dispõe-te – A idéia é de “levanta-te”, “prepara-te”. Ananias precisava estar aprontado para fazer aquela tarefa. A tarefa veio a ser difícil porque Jesus Cristo sabia das objeções de Ananias, certamente. Ele precisava se refazer do “susto” da visão e aprontar-se mental e psicologicamente para dirigir-se a Paulo e chamá-lo “irmão” (v.17).
Vai – Essa palavra é repetida no verso 15, pois Ananias estava pondo obstáculos à sua ida a Paulo. Ananias sabia muito bem quem Paulo era. Ele já havia ouvido informações a respeito da violência de Paulo aos santos em Jerusalém (v.13). Paulo estava agora perseguindo os cristãos ali nas proximidades de Damasco (v.14). Um comentarista foi ao ponto de ver a relutância e Ananias num possível ódio que Paulo já houvera nutrido por Ananias: “Talvez, algum dia, na presença do Senhor, quando todas as coisas escondidas se tornarão manifestas, possamos perceber que o ódio de Saulo era dirigido especialmente contra Ananias, que deve ter sido o líder da Assembléia de Damasco. Saulo tinha estabelecido prender Ananias e todos quantos se chamam pelo nome do Senhor, e colocá-los todos na prisão. Mas agora Ananias ouve que ele é que deve ir a Saulo e procurar por ele., que tinha vindo pegá-los e persegui-los.” Nesse caso, os papéis foram invertidos.
Por isso, caro custou para Ananias entender que Deus havia mudado o Saulo em Paulo, transformando a sua vida, agora “sendo um vaso escolhido”.
A ordem de Deus para Ananias era categórica e este não teve como relutar mais e foi ao endereço dado por Deus e fez tudo quanto Deus lhe mandou.
Deus dirigiu Ananias completamente (v.11-12)
Os passos de um homem justo são ordenados, firmados e dirigidos por Deus (Sl 37.23). Ananias era um homem justo e a ele Deus dirigiu de um modo completo naquele passo mais importante do seu ministério: introduzir Paulo no caminho do apostolado.
Deus deu todas as indicações necessárias para que Ananias encontrasse Saulo. O endereço e as informações de fichário foram completos:
Deus deu o nome da pessoa a ser procurada (Saulo).
Ananias já havia ouvido falar de Saulo anteriormente, mas Jesus não queria que ele pensasse que era outra pessoa. Jesus estava apontando para Ananias o objeto da sua graça. Ananias foi dirigido por Deus a procurar o inimigo do evangelho, que agora havia sido atingido pela graça.
Deus deu a origem de Saulo (de Tarso).
Para que não houve dúvida na mente de Ananias, Jesus Cristo disse: “É o Saulo de Tarso mesmo! Não é outro. É o perseguidor da igreja, Ananias”. Ananias foi dirigido de tal forma que ele não poderia nunca procurar um outro homem.
Deus deu o nome da rua onde Saulo seria encontrado (rua Direita).
Deus deu o endereço completo para que Ananias não errasse. Deu-lhe o nome correto da rua, que nessa época não usava número. Apenas o ponto de referência foi dado: era a casa ou o ponto comercial de alguém. Pois também isto não faltou na informação.
Deus deu o nome do hospedeiro de Paulo (Judas).
Provavelmente Judas era dono de algum tipo de hospedaria e que recebia qualquer tipo de pessoas, inclusiva alguém que andava prendendo e arrastando pessoas violentamente pela sua sanha assassina. Não há indicação de que esse Judas fosse discípulos, mas possivelmente um comerciante no ramo de hotelaria da região. Não obstante, Jesus o citou pelo nome. Deus dirigiu Ananias de tal forma que ele não errasse nem o nome do dono da hospedaria.
Deus dirigiu Ananias dando-lhe informações sobre Paulo
Deus informou a Ananias que Saulo estava orando (v.11)
A direção divina foi tanta que já deu uma indicação de que alguma coisa diferente havia acontecido àquele homem. Era uma indicação de que uma vida nova estava começando a manifestar-se em Paulo. Somente um homem crente poderia orar da forma como Saulo estava fazendo. Era uma indicação para desarmar Ananias e tirá-lo da sua indisposição contra Saulo.
O Paulo que Ananias conhecia era inimigo do Evangelho, mas o Paulo que Jesus estava apresentando era um outro homem.
Deus informou a Ananias o que Paulo iria ser (v.15)
A providência diretiva de Deus foi sábia para tornar mais fácil a tarefa para Ananias. Provavelmente, Ananias curtia algum tipo de repulsa para com aquele homem a quem devia se dirigir. Para dirimir dúvidas, Jesus Cristo dá algumas “dicas” do que ele haveria de fazer com Saulo. A fim de deixar Ananias tranqüilo e pronto para exercer o seu ministério, Jesus Cristo deixou claro para ele quem Paulo viria a ser: o grande embaixador do cristianismo perante gentios e autoridades constituídas.
Deus informou a Ananias o que Paulo estava para sofrer (v.16)
Deus ainda informou Ananias que Paulo iria enfrentar grande oposição pelo fato de ser embaixador no lugar de Cristo. Da condição de perseguidor passaria para a condição de perseguido. Agora, a razão da sua perseguição seria o seu amor a Cristo e o seu testemunho sobre ele.
Somente depois de toda essa direção divina é que Ananias veio e ministrou a Paulo, conforme o Senhor lhe ordenara anteriormente. Verifique o que Ananias fez a Paulo nos versos 17-18. Ele o chamou de irmão, impôs as mãos sobre ele, e lhe contou que o mesmo Senhor que lhe havia aparecido no caminho de Damasco, o havia enviado para que o servisse naquela hora.
Deus dirigiu Ananias e Paulo igualmente
A direção divina neste caso aqui tem duas mãos, não sendo unilateral. Não somente Ananias foi dirigido para procurar Paulo, mas Paulo foi avisado da vinda de Ananias (antes mesmo de Deus falar a Ananias) e o viu entrando na sala para impor-lhe as mãos (At 9.10-12). Deus informou a Ananias o que estava se passando do outro lado, isto é, na mente de Paulo. Ele disse a Ananias que Paulo já estava ciente do que haveria de acontecer com ele através de um homem chamado Ananias (v.12).
Deus deu a conhecer ambos o que estava se passando do outro lado. A direção do Senhor foi tanto para o ministrador como para aquele que estava sendo ministrado.
Deus dirigiu o ministério de Filipe
Filipe era dotado por Deus com um dom muitíssimo necessário para o crescimento numérico da igreja. Ele possuía o dom de evangelista. O texto de Atos 8 mostra o ministério evangelístico de Filipe.
Primeiramente, Filipe aparece anunciando Cristo na cidade de Samaria (At 8.5). A prova de que ele era dotado para aquela tarefa está no fato de Deus abençoar sobremaneira o seu trabalho. O texto diz que “multidões atendiam, unânimes, às cousas eu Filipe dizia (At 8.6). É hábito de Deus abençoar aqueles a quem ele dota, no exercício do seu ministério.
Segundo, Filipe agora aparece sendo dirigido de maneira clara para que exercesse o seu dom com uma pessoa específica:
Análise de Texto
At 8.26, 39-40 – “(26) Um anjo do Senhor falou a Filipe, dizendo: Dispõe-te e vai para a banda do sul, no caminho que desce de Jerusalém a Gaza; este se acha deserto. Ele se levantou e foi.... (39) Quando saíram da água o Espírito do Senhor arrebatou a Filipe, não o vendo mais o eunuco; e este se foi seguindo o seu caminho, cheio de júbilo. (40) Mas Filipe veio a achar-se em Azoto; e, passando além, evangelizava todas as cidades até chegar a Cesaréia.”
Observe os passos da direção divina para Filipe:
Deus dirigiu Filipe através da mensagem de um anjo (v.26)
A direção divina foi dada através de um anjos, provavelmente numa visão ou num sonho durante a noite. Todavia, não há nada que impeça de um anjo tomar alguma forma visível e Ter aparecido a ele, como ocorreu em outras ocasiões na Escritura.
Afinal de contas, os anjos de Deus são mensageiros e ministros de Deus para servir os que vão herdar a salvação (Hb 2.14), e eles não precisam aparecer somente em sonhos ou visões, mas podem perfeitamente ser vistos pelos homens quando tomam alguma forma visível.
Os anjos nunca foram comissionados para pregar o evangelho, mas eles foram comissionados para trazer mensagens aos ministros da Palavra, a fim de que pudessem fortalecê-los e orientá-los.
Nós não precisamos esperar este tipo de mensageiros hoje, porque não é mais da administração divina que isto aconteça, mas a Providência nos dirige dando-nos convicção sobre onde devemos exercer os nossos ministérios, de acordo com os nossos dons espirituais.
Deus dirigiu Filipe apontando-lhe o caminho a seguir (v.26)
Filipe estava em Samaria, na região central da Palestina, pregando o evangelho, juntamente com Pedro e João, nas aldeias dos samaritanos (At 8.25). Agora, o Senhor resolve dirigir Filipe para uma região mais ao sul.
Esta ordem de Deus a Filipe nos mostra que é ele quem dirige os seus servos no estabelecimento dos limites da pregação da Palavra. É Deus quem remove um pregador de um lugar e o leva para outro, a fim de que os seus propósitos salvadores se estendam por outras plagas.
O caminho de Jerusalém a Gaza era o caminho percorrido por aqueles que vinham do norte da África para Israel e vice-versa. Era a estrada que cortava o deserto da Judéia. Todavia, Deus dirige Filipe até aquele lugar deserto, pois o seu ministério evangelístico tinha que ser com um homem específico. Ali, Filipe iria encontrar um viajor, que acabara de adorar em Jerusalém, e estava de volta para casa (v.27-28). Filipe não se demorou. O texto diz que ele “levantou-se e e foi” (v.26).
Freqüentemente, Deus concede oportunidades únicas aos seus servos para que eles ministrem de acordo com seus dons.
Deus dirigiu Filipe indicando-lhe o homem a ser evangelizado (v.29)
Houve uma direção muito clara sobre o seu ministério. Deus queria que a Etiópia conhecesse o evangelho. Então, ele comissionou Filipe especialmente para evangelizar apenas um homem. Nas outras ocasiões Filipe foi evangelista de massas. Agora, um evangelista pessoal. Veja a orientação divina para Filipe:
O homem apontado era um estrangeiro (v.27)
O homem era da Etiópia, um país localizado abaixo do Egito, quase na África central, que havia viajado muito para chegar a Jerusalém. A grande comissão começava a ser posta em prática. A pregação do evangelho começava a atingir aos estrangeiros. A noção de que os gentios também haveriam de fazer parte da igreja estava no seu processo de iniciação. Os “confins da terra” começavam a ouvir do evangelho. Era para lá que o eunuco se dirigia. Filipe foi o grande instrumento do começo da universalização do evangelho.
O homem apontado era importante (v.27b)
O homem apontado por Deus era um alto oficial de Candace, rainha dos etíopes. Há quem diga que Candace era a rainha que ocupava o trono da antiga Rainha de Sabá, que era chamada de “a rainha do sul” (Mt 12.42). A Etiópia, provavelmente, era um país governado por rainhas.
O eunuco de Candace era um homem importante do setor financeiro da Etiópia, altamente respeitável, de grande qualidades morais. Talvez por isso tenha sido eunuco, um homem sem manchas morais na corte etíope, coisa rara. Além disso, ele possuías a chave de todos os tesouros do seu país. Ele superintendia todas as transações financeiras da Etiópia (v.27). Certamente, ele era um homem digno de confiança da soberana.
É curioso que Filipe foi dirigido a evangelizar um nobre, um dos poucos poderosos do mundo a quem a graça atingiu (1 Co 1.26). Deus dirige os seus servos a que ministrem também a camadas altas da sociedade, não somente às baixas. Eles são tão carentes da pregação do evangelho quanto os pequenos e os pobres da sociedade. Isso mostra que o amor salvador de Deus inclui gente de todas as classes.
O homem apontado era religioso (v.27c)
Ele era um prosélito da fé judaica. Certamente, ele havia adquirido alguns costumes judaicos, como as orações e a celebração das festas judaicas. Provavelmente, de tempos em tempos, ele vinha a Jerusalém para adorar ao Deus de Israel, mas não conhecia a salvação de Cristo Jesus. Então, Filipe lhe apresentou Cristo explicando-lhe o texto de Isaías que ele estava lendo no caminho de volta à sua terra. O resultado foi que esse homem religioso, mas sem Cristo, acabou voltando para sua terra com Cristo em sua vida, tendo sido iluminado pela graça divina para entender agora, as coisas que acabara de ler (At 8.30-38).
Isso nos mostra que pessoas religiosas também precisam desesperadamente do conhecimento de Cristo. Pessoas que adoram a Deus necessariamente não são salvas. Os gregos de Atenas adoravam a Deus sem conhecer (At 17.23), mas não eram salvos.
Se Deus dirige você para evangelizar os religiosos (e o nosso país está cheio deles), não hesite! Obedeça como Filipe e você será participante da grande obra de evangelização do mundo!
Deus dirigiu Filipe de um modo imediato (v.39-40)
Na primeira vez, acima, Deus dirigiu Filipe através de um anjo. Agora, desta vez, Deus o dirige de modo imediato, isto é, sem o uso de meios. Logo após o batismo do eunuco de Candace, houve um fenômeno absolutamente sobrenatural na vida desse evangelista. De repente, Filipe foi separado do eunuco, num piscar de olhos, antes mesmo que pudessem se despedir um do outro. Filipe nem mesmo teve tempo de dar outras instruções ao neo-convertido, como é próprio de todos os ministros da Palavra. Deus o estava dirigindo para que ele exercesse o seu ministério em outro lugar.
O texto diz que “o Espírito do Senhor arrebatou a Filipe, não o vendo mais o eunuco” (v.39). Ele foi elevado de maneira súbita para os ares e transportado para uma outra região. É curioso que o verbo grego traduzido como “arrebatou” é o mesmo usado por Paulo para descrever o arrebatamento da igreja que ocorrerá quando da vinda de Cristo (1 Ts 4.17). O que aconteceu a Felipe foi algo repentino e ele foi sacado do lugar onde estava e transportado para outro. O texto da Escritura diz que “Filipe veio a achar-se em Azoto” (v.40).
Seja como for, o importante para os nossos propósitos não é sobrenaturalidade do transporte de Filipe, mas mostrar que, às vezes, o Senhor agiu de modo imediato para dirigir os seus ministros da Palavra, a fim de que eles pudessem cumprir propósitos extraordinários de Deus na pregação da Palavra. Deus trabalhou imediatamente em Filipe para que algumas cidades, outrora filistéias, na região de Azoto, pudessem conhecer a mensagem do evangelho pelo ministério de Filipe. O texto diz que Filipe não perdeu tempo. De volta para a cidade de Cesaréia, Filipe “evangelizava todas as aldeias” (v.40).
Temos de admitir que esse modo imediato de Deus trabalhar não é comum nos dias de hoje. Contudo, onde quer que Deus nos coloque para ministrar, não podemos perder a oportunidade de servir os que necessitam da Palavra de Deus. A sua providência pode dirigir-nos até de modos estranhos aos padrões habituais, mas sempre devemos estar prontos para “portar-nos com sabedoria para com os que são de fora, aproveitando as oportunidades” (Cl 4.5). Filipe fez exatamente isso, debaixo da direção de Deus!
Deus dirigiu o Ministério de Pedro
Análise de Texto
Este exemplo da direção divina está registrado em Atos 10.1-22.
Deus dirigiu Pedro e Cornélio igualmente
Como no caso de Ananias e Paulo, estudado acima, a direção divina foi uma espécie de estrada com duas mãos. A direção divina não ficou exclusivamente para Pedro, mas também para Cornélio. A instrução foi nas duas vias: primeiramente Deus dirigiu Cornélio e, no dia seguinte, dirigiu Pedro. O evangelizando, depois o evangelizador.
Deus dirigiu a ambos através de visões
O anjo do Senhor apareceu primeiro a Cornélio, por volta das três da tarde (hora nona), que era um dos períodos de oração dos judeus. No dia seguinte, Pedro teve uma visão por volta do meio-dia, enquanto subia ao eirado para orar.
Nos dois casos as visões foram para orientação: no Caso de Cornélio, Deus queria que ele conhecesse Pedro e recebesse dele algumas coisas que havia pedido ao Senhor (v.4)
Deus dirigiu a ambos de modo completo
Deus dirigiu Cornélio dando-lhe detalhes sobre o que ele tinha de fazer:
Da mesma forma que Deus fez com Ananias a respeito de Paulo, de modo inverso Deus fez com Cornélio, que foi o homem a quem Pedro ministrou. Veja os detalhes semelhantes que Deus deu a Cornélio:
O Senhor deu a Cornélio o nome da cidade (v.5)
O Senhor manda que ele envie mensageiros a Jope. Cornélio vivia em Cesaréia, uma cidade fortaleza edificada por Herodes, o grande, em honra a César Augusto, que ficava mais ou menos 50 quilômetros ao norte de Jope, na mesma linha costeira do Mediterrâneo.
O Senhor deu a Cornélio o nome do homem a quem procurar
Deus disse que Cornélio deveria procurar por Simão, que também era conhecido como Pedro. Não havia como errar. Ninguém mais que estava hospedado ali era conhecido por esse nome. Esse era o homem certo para que pudesse lhe ser útil.
O Senhor deu a Cornélio o nome e profissão do hospedeiro de Pedro
A fim de que os homens de Cornélio não tivessem dificuldade de encontrar Simão Pedro na pequenina cidade Jope, Deus deu o nome do hospedeiro Simão. Como esse nome era muito comum entre judeus, Deus deu a profissão dele, pois as pessoas eram muito conhecidas pelo que faziam. Simão era curtidor.
O Senhor deu a Cornélio o endereço do hospedeiro
A fim de tornar ainda mais fácil para os servos de Cornélio encontrarem Pedro, Deus disse a Cornélio o endereço exato. Simão, o curtidor, morava “numa residência situada à beira-mar.” Os homens de Cornélio foram exatamente nesse endereço e, ali, perguntaram por Simão Pedro (v.17).
O Senhor disse a Cornélio o que ele deveria Pedir a Pedro
Quando Pedro chegou à sua casa, sem saber o propósito de Cornélio ao mandar chamá-lo, lhe perguntou: “Por que razão me mandastes chamar?” (v.29b). Então Cornélio lhe respondeu, a direção que o Senhor lhe havia dado: “Agora, pois, estamos todos aqui, na presença de Deus, prontos para ouvir tudo o que te foi ordenado da parte do Senhor” (v.33).
Cornélio foi instruído por Deus para ouvir as Palavras salvadoras de Deus através da pregação de Pedro. Deus dispôs o coração de Cornélio para ouvir as boas-novas. Certamente o Espírito de Deus já estava trabalhando no interior do centurião, a fim de que ele pudesse crer naquela mensagem que haveria de ouvir. Deus dirigiu Cornélio completamente de forma que nenhuma dúvida apareceu no coração daquele religioso, mas sem a fé salvadora, porque ainda não conhecia o Salvador.
Deus dirigiu Pedro dando-lhe informações importantes sobre o que ele deveria fazer:
Não somente Deus deu informações a Cornélio, mas Pedro simultaneamente o Senhor dirigia os passos de Pedro, numa outra perspectiva. Deus lhe deu orientação que envolvia a idéia de obediência ao seu plano de redenção dos gentios.
Como qualquer um de nós, Pedro estava tentando compreender o significado do que havia visto. Esse é o procedimento que todos nós devemos ter: meditar no significado da revelação divina.
Enquanto meditava, o Senhor lhe deu sua direção:
O Senhor informou a Pedro sobre os homens de Cornélio (v.19)
Depois da visão, perplexo, estava meditando sobre o significado dela, Pedro recebe a primeira instrução direta do Senhor. Observe que a direção é diretamente do Espírito do Senhor, não de anjos ou qualquer outro instrumento. Deus dirigia o ministério de Pedro de maneira extraordinária
O texto registra: “disse-lhe o Espírito: estão aí dois homens que te procuram” (v.19). Foi uma comunicação secreta do Espírito de Deus com o espírito de Pedro. Foi uma direção sobrenatural de uma Pessoa para outra. Pedro não poderia pensar outra coisa daqueles homens que bateram à porta da casa à beira-mar. Eles eram enviados de Cornélio, mas antes que isso, enviados de Deus. Deus lhe diz: “eu os enviei” (v.20).
O Senhor ordenou que Pedro não duvidasse daqueles homens (v.20)
O Espírito também dirige Pedro no sentido dele não Ter nenhuma dúvida sobre o que fazer diante da chegada daqueles homens. Aqueles homens pediram que Pedro fosse com eles, sem lhe contar antes o que havia acontecido e sem dizer o que Cornélio queria dele. O Espírito disse categoricamente que ele não duvidasse em nada daquilo que estava ocorrendo. Simplesmente ele deveria aquiescer ao pedido daqueles homens. Essa era uma direção clara sem mesmo saber o que haveria de acontecer, porque ele não havia entendido ainda o sentido da visão que tivera.
O Senhor ordenou que Pedro que fosse com aqueles homens sem hesitação (v.20)
O texto sagrado diz que Pedro é dirigido pelo Espírito para ir com os mensageiros de Cornélio (At 11.12). Então, Pedro se apresentou aos homens que o procuravam, e se pôs à disposição deles (v.21). A ordem do Espírito é: “Levanta-te, desce e vai com eles... porque eu os enviei” (v.20). Pedro saiu em direção a Cesaréia para ser o portador das verdades de Deus, segundo o pedido de Cornélio (v.22), mas sem saber exatamente o que dizer, até que encontrou-se com ele.
Deus dirigiu Pedro para evangelizar um gentio
Voltemos à visão que Pedro teve do lençol (v.9-16). A essa visão Pedro se referiu várias vezes no capítulo subseqüente. Foi muito significativa para ele a visão, porque ela serviu para mudar a sua mentalidade estreita de um judeu particularista. Deus deu um novo entendimento para aquele seu ministro de mentalidade tão estreita.
Deus ali lhe mostrou que o evangelho tinha um caráter universal no seu escopo. Deus não somente haveria de salvar judeus, mas também gentios de todas as partes do mundo.
Pedro veio a compreender isto, quando disse, perante Cornélio: “Reconheço por verdade que Deus não faz acepção de pessoas” (v.34). Ele estava capitulando diante do fato de que Deus não fazia distinção entre judeus e gentios. Cornélio era um gentio, um oficial do exército romano, que controlava a Palestina. Um inimigo de fato, mas a quem Deus amou. Pedro teve de reconhecer que ele não poderia continuar considerando imundo aquilo que Deus havia purificado (v.15).
Talvez esta tenha sido uma das maiores orientações que Pedro recebeu da parte do Espírito. Quando questionado em Jerusalém sobre o fato dele ter entrado na casa de incircuncisos e comido com eles (At 11.3), Pedro relatou em detalhes o acontecimento (At 11.5-16), e então, chegou à seguinte conclusão, em forma de justificativa: “Pois se Deus lhes concedeu o mesmo Dom [o Espírito Santo] que a nós outorgou quando cremos no Senhor Jesus, quem era eu para que pudesse resistir a Deus?” (At 11.17). Ele e os presentes em sua argumentação acabaram se regozijando em paz porque Deus havia dado aos gentios o mesmo que havia dado aos judeus (11.18).
Deus dirigiu Pedro para evangelizar um religioso
O anjo havia aparecido a Cornélio, mas não é tarefa de anjos anunciar o evangelho, mas sim, tarefa de homens. Então, Pedro foi dirigido por Deus para esse mister. A primeira palavra da pregação de Pedro a Cornélio foi sobre Jesus Cristo, o centro do evangelho (At 10.36-43).
Cornélio era religioso, mas não conhecia ainda ao Senhor Jesus Cristo. Pedro foi, então, dirigido por Deus, para ir a Cesaréia e testificar a um homem religioso, mas sem entendimento espiritual, a fim de que esse religioso pudesse ter o conhecimento salvador de Jesus Cristo. Portanto, a Providência dirigiu Pedro para que ele exercesse o seu ministério evangelístico a um gentio piedoso, mas ainda sem salvação.
Esse episódio nos mostra que há muitos em nosso meio que são religiosos e que, todavia, não conhecem Jesus Cristo como Senhor e Redentor. É tarefa nossa não somente ir atrás daqueles que nunca ouviram de Jesus em terras estrangeiras, terras chamadas missionárias, mas é também tarefa nossa nos lembrarmos de que há muitos religiosos em nossas terras cristãs a quem Deus nos dirige para que lhes preguemos a Cristo, e este crucificado, porque essas pessoas são desprovidas de qualquer conhecimento salvador dele.
Deus impediu Paulo de ministrar em alguns lugares
Este último exemplo é incrível porque nos mostra como, às vezes, queremos fazer alguma coisa, mas que não cumpre os propósitos de Deus, este nos impede que as façamos, mesmo que o que queremos fazer seja uma coisa boa e uma ordenança dele.
Pregar o evangelho a todas as pessoas e fazer discípulos em todas as nações são uma ordenança divina. Não há como discutir isso. Todavia, tudo o que vamos fazer tem que ser para cumprir os desígnios divinos.
Veja o que aconteceu com Paulo quando ele estava para realizar o seu ministério de evangelista em algumas ocasiões:
Análise de Texto
At 16.6-7 – “E percorrendo a região frígio-gálata, tendo sido impedidos pelo Espírito Santo de pregar a palavra na Ásia, defrontando Mísia, tentavam ir para Bitínia, mas o Espírito de Jesus não o permitiu.”
1. Paulo e Timóteo estavam viajando a região da Frígia e da Galácia (v.6).
O certo é que os dois estavam viajando para a Ásia para pregar o evangelho, no que foram impedidos pelo Espírito Santo.
Por que foram proibidos de pregar na Ásia? Qual a finalidade dessa direção aparentemente estranha do Espírito?
— Será que a Ásia não precisava do evangelho? Certamente que precisava. Toda ela haveria de ouvir da pregação do evangelho em alguns poucos anos.
— Será que o Espírito impediu Paulo de pregar lá porque outros já tinham estado lá antes? Se o evangelho já tivesse sido pregado lá não sabemos quem teria sido o instrumento da pregação. Certamente Paulo não foi. Todavia, não sabemos que isso já havia acontecido.
— Será que a Ásia ainda na estava preparada para receber o evangelho? Nunca existe um tempo em que uma nação não esteja preparada para receber o evangelho. A preparação que alguém possa Ter é dada sobrenaturalmente pelo Espírito. É o Espírito que predispõe as pessoas para receberem o evangelho.
Onde está a razão para a proibição do Espírito Santo? Andemos um pouquinho mais no texto, e poderemos ver claramente o objetivo final do Espírito.
2. Desistindo da região anterior por causa do impedimento causado pelo Espírito Santo, Paulo e Timóteo partiram em direção a uma outra região com o mesmo intuito de pregar o evangelho.
Novamente, no verso 7, é dito que o Espírito de Jesus “não permitiu” que Paulo e Timóteo pregassem o evangelho na Bitínia, que era uma região a noroeste da Ásia Menor.
Parece-me a mim que a razão última pela qual Paulo e Timóteo foram impedidos de pregar na Ásia e na Bitínia, pelo menos naquela circunstância, é porque Deus tinha um plano diferente e melhor para ajudar a Macedônia. Paulo, de noite, teve uma visão “na qual um varão macedônio estava em pé e lhe rogava, dizendo: Passa à Macedônia, e ajuda-nos” (v.9). Após essa visão, os dois homens de Deus “concluíram que Deus os havia chamado para lhes anunciar o evangelho” (v.10). Os dois impedimentos acima (v.6-7) estão explicados na determinação divina de apresentar a sua Palavra em outro lugar diferente daqueles que os seus servos queriam.
Eles não estavam fazendo nada errado. Estavam obedecendo ao “fazei discípulos em todas as nações”, mas eles compreenderam que Deus é quem os dirigia em todas as situações, quer nos impedimentos quer nas ordenanças dele para que exercessem o seu ministério evangelístico.
Deus orienta os seus ministros de modo que eles vêm a pregar onde é a determinação do Espírito. Este é o dirigente de todo o processo evangelizador do mundo. Nunca alguém vai fazer alguma coisa que não esteja dentro dos planos estabelecidos pelo Eterno, mesmo quando esses ministros sejam tão gabaritados como Paulo e Timóteo. Somente a direção do Espírito é que traz os seus ministros ao caminho correto.A direção do Espírito é fundamental para que o trabalho de Deus seja feito com eficiência.
*Extraído do livro: COLEÇÃO FÉ EVANGÉLICA - O Ser de Deus e as suas obras:
A PROVIDÊNCIA
e sua realização histórica,CULTURA CRISTÃ.
Dr. Heber Carlos de Campos
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