domingo, 5 de junho de 2011
5 de Junho de 2011
A luta contra o farisaísmo hipócrita
Texto Áureo
"Guias cegos, que coais o mosquito e engolis o camelo!". Mt 23.24
Verdade Aplicada
Guardamos coisas insignificantes por tradição e não temos o mesmo cuidado com relação a outras mais sérias que acontecem no nosso meio.
Objetivos da Lição
► Mostrar que não adianta guardar tradições, usos e costumes, se a vida não estiver de acordo com o Evangelho de Jesus Cristo.
► Explicar que muitos estão iludindo as pessoas com uma roupagem externa como se ela fosse suficiente para a salvação.
► Conscientizar o cristão de que precisamos manter a justiça, a misericórdia e a fé.
Textos de Referência
Mt 23.4 Atam fardos pesados e difíceis de carregar, e os põem sobre os ombros dos homens; entretanto, eles mesmos nem com o dedo querem movê-los.
Mt 23.5 Praticam, porém, todas as suas obras com o fim de serem vistos dos homens; pois alargam os seus filactérios e alongam as suas franjas.
Mt 23.24 Guias cegos, que coais o mosquito e engolis o camelo!
Mt 23.27 Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque sois semelhantes aos sepulcros caiados, que, por fora, se mostram belos, mas por dentro estão cheios de ossos de mortos, e de toda imundícia!
O Pecado da Hipocrisia At 4.32-5.11
Os crentes, movidos por amor cristão, vendiam seus imóveis espontaneamente. Faziam isto para distribuírem a importância apurada conforme a necessidade de cada um. Provavelmente, o dinheiro era trazido aos apóstolos num culto especial como ato de consagração. Barnabé, que era decerto um homem de bens e de influência, vendeu um campo e publicamente depositou seu valor em dinheiro aos pés dos apóstolos. Este ato de consagração despertou a admiração dos crentes. Talvez tenha havido durante aquele culto um derramamento poderoso do Espírito Santo. No meio daquele entusiasmo, Ananias e Safira venderam uma propriedade. Ananias entrou em acordo com sua mulher e reteve parte do preço, depositando o restante aos pés dos apóstolos.
Até ali, tudo havia sido glorioso na vida da igreja. Suas características típicas eram o amor fraternal, a bondade altruísta, a coragem heroica e a real devoção a Cristo. Não era, no entanto, nenhum Milênio espiritual. Satanás, longe de estar amarrado, trabalhava com vigor! Não conseguiu destruir a Igreja através das perseguições vindas de fora. Procurou, então, estragá-la por dentro, seduzindo alguns dos seus membros. Não conseguindo destruir o trigo, semeou seu joio (Mt 13.24-30). Suas primeiras vítimas, aliás indesculpáveis, foram Ananias e Safira. Daquele tempo para cá, a hipocrisia sempre tem seguido a realidade da religião como uma sombra negra.
I - Manifestada a Hipocrisia
Provavelmente os elementos principais do pecado de Ananias e Safira eram:
1. Cobiça. Como no caso de Judas, o amor ao dinheiro foi a raiz do seu pecado, "porque o amor do dinheiro é a raiz de toda a espécie de males" (1 Tm 6.10). Cobiçavam honra e glória na igreja e ao mesmo tempo o dinheiro. Planejavam um meio termo: dariam parte do dinheiro para obter a glória de terem dado tudo, e ao mesmo tempo, guardariam parte para desfrutar dela em particular.
2. Falta de fé. A falta de fé está por detrás de quase todos os pecados do crente. Ananias pensava, decerto, que valia a pena fazer uma boa contribuição para o glorioso reavivamento espiritual, uma obra contínua e sólida. Mas, o que aconteceria se o movimento chegasse ao fim? Já não haveria "fundo de garantia". Precisava evitar o fanatismo e garantir o dia de amanhã.
3. Desejo de honra. O casal admirava o caráter generoso de Barnabé. Mas passaram a cobiçar o alto conceito e louvor recebidos por ele, devido seu ato de abnegação. Os dois queriam receber o louvor que se dá aos heróis da fé, porém, sem esforços nem sacrifícios.
4. A hipocrisia. O desejo de parecer virtuoso sem pagar o preço de ser - esta é a essência da hipocrisia. Literalmente, a palavra "hipócrita" originalmente queria dizer "ator". O hipócrita está sempre representando um papel que nada tem a ver com sua verdadeira personalidade. Quando Ananias trouxe o dinheiro, estava encenando uma mentira. Fingia estar contribuindo com a renda total da sua venda.
II - Detectada a Hipocrisia
1. Desmascarado o pecado. O Espírito Santo, habitando no meio da Igreja, detecta todo o pecado. Ananias escolheu um lugar muito perigoso e uma época desfavorável à pratica da hipocrisia. O divino Espírito de pureza, sinceridade e verdade tinha sido derramado em abundância. Portanto, era imediatamente reconhecido o espírito da falsidade e hipocrisia que, em tais circunstâncias, era ainda mais imperdoável. Num ambiente de tanta espiritualidade, havia pessoas dispostas à hipocrisia. O que aconteceria, então, em tempos mais difíceis se não condenassem este pecado? Pedro, mediante o dom do discernimento de espíritos, viu o que havia em Ananias. Ele não pertencia àquele ambiente espiritual. Pela inspiração divina, Pedro disse: "Ananias, por que encheu Satanás o teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo, e retivesses parte do preço da herdade? Guardando-a não ficava para ti? E, vendida, não estava em teu poder? Por que formaste este desígnio em teu coração? Não mentiste aos homens, mas a Deus". Notamos aqui o seguinte:
2. A origem do pecado. "Por que encheu Satanás o teu coração?" Como na situação do cobiçoso Judas, Satanás derramava suas pecaminosas sugestões no coração de Ananias (cf. Jo 13.2). O diabo, no entanto, não pode entrar em nossa vida a não ser mediante permissão nossa. Por isso Pedro indagou: "Por quê?" - "Resisti ao diabo, e ele fugirá de vós" (Tg 4.7). Por isso, a responsabilidade do homem permanece: "Por que formaste este desígnio em teu coração?"
3. A falta de desculpas para o pecado. Não havia a obrigação de os crentes venderem suas propriedades e trazerem aos apóstolos os montantes apurados. Não fora abolido o direito da posse individual de bens. Ananias não teria violado nenhum preceito se tivesse conservado sua propriedade. O ato de vender era da exclusiva responsabilidade do dono, bem como o ato de entregar aos apóstolos o dinheiro recebido. Os apóstolos não possuíam autoridade sobre o dinheiro, a não ser quando o recebiam para o fundo de assistência. "Guardando-a não ficava para ti? E, vendida, não estava em teu poder? Por que formaste este desígnio em teu coração?" Ananias não podia alegar a existência de alguma necessidade urgente, forçando-o a enganar, retendo parte da soma dedicada à igreja.
4. A natureza do pecado. "Não mentiste aos homens, mas a Deus." Provavelmente, imaginava que estivesse logrando a Pedro, líder da igreja. Não entendia que o verdadeiro líder da igreja é o Espírito Santo, onisciente, que a tudo perscruta. A Igreja Primitiva se constituía de um grupo sob a liderança do Espírito Santo (cf. At 8.29,39; 10.19; 13.2; 16.6,7).
III - Castigada a Hipocrisia
"E Ananias, ouvindo estas palavras, caiu e expirou, e um grande temor veio sobre todos os que isto ouviram".
1. O autor do julgamento. Pedro, como porta-voz do Espírito Santo, denunciou o pecado que lhe fora revelado de modo sobrenatural. O Espírito Santo, doador da vida, confirmando as palavras de Pedro, retirou seu apoio do corpo de Ananias, que expirou.
2. A natureza do julgamento. Pela narrativa, o castigo parece ter sido apenas a morte física. O que se pode dizer, no entanto, do destino eterno de Ananias e Safira? A Palavra não o declara aqui, mas, outros trechos podem lançar luz sobre o assunto: 1 Co 11.30-32; 5.4,5; 3.15; 1 Jo 5.16,17.
3. A severidade do julgamento. Era severo. No entanto, devemos considerar que o pecado foi cometido no meio de uma grande luz espiritual. Os dois tinham entrado em contato com as mais extraordinárias manifestações do Espírito Santo. Estavam conscientes da presença de um grande poder sobrenatural no seu meio. Embora Deus nem sempre castigue este pecado de uma forma tão imediata, severa e pública, fez deste casal um exemplo. Demonstrava que não seria tolerável a repetição da hipocrisia dos fariseus no meio dos cristãos. O registro deste incidente deveria ser suficiente para todos os séculos da história da Igreja.
4. O propósito do julgamento. "E houve um grande temor em toda a igreja e em todos os que ouviram estas Coisas". Na tenra infância do Cristianismo, era necessário que toda a corrupção fosse afastada do seu meio. O terrível castigo sobre Ananias e Safira ensinou a todos ser a Igreja uma instituição sagrada. Não seria tolerada a desonestidade em seu meio. Muitos dos que souberam do acontecimento tinham admiração pelo Cristianismo sem ousar se filiar a ele (v. 13). Ninguém, a não ser mediante conversão e transformação, iria se ajuntar a uma organização em que os hipócritas caíam mortos.
IV - Ensinamentos Práticos
1. Mentiras encenadas. "Por que é que entre vós vos Concertastes...?" (v. 9) sugere que o pecado não era fruto de algum súbito impulso. Fora premeditado. Pior ainda, o pecado fora "encenado em palco", como uma peça teatral. Fizeram de conta que estavam dando tudo, quando, na realidade, entregavam apenas uma parte. Planejar e deliberadamente dar uma falsa impressão, por atos ou gestos, representa um mal maior do que a mentira falada.
2. Evite que o pecado germine. Tomás Kempis escreveu: "Em primeiro lugar, chega à mente um simples pensamento sobre o mal, então chega à mente uma forte impressão do mesmo, e, depois, o deleite no mal com o impulso de praticá-lo, e finalmente, o consentimento". Estas palavras descrevem o caráter gradual do pecado. Talvez um impulso generoso tenha levado Ananias e Safira a vender a propriedade. Ao verem o dinheiro em mãos, porém, é que o tentador conseguiu fazer seus corações encherem-se de ganância. Fazendo-a depois dominar seus pensamentos e atos. Ananias e Safira se deixaram encantar por Satanás. Deixaram seu amor a Deus ceder lugar à concupiscência pelo ouro.
Houve, no entanto, um tempo em que tinham a possibilidade de resistir à tentação. E a lição que tiramos é: evite que o pecado germine. O pecado começa com um pensamento. É nesta altura que se trava a batalha decisiva contra o pecado. Devemos nos apegar firmemente à doutrina bíblica de que o diabo pode ser resistido (Tg 4.7).
3. "Filho da exortação" (ou "da consolação" - a palavra grega tem estes dois sentidos também no nome do Consolador). Em alto mar empregam-se dois tipos de faróis: um para advertir dos perigos e outro para mostrar o caminho certo. Ananias é farol de advertência; Barnabé, farol de orientação. Contrastam-se os dois tipos de "plenitude" em Atos 5.3 e 11.24.
Barnabé, após sua conversão, recebeu o nome de "filho da consolação". Seu novo nome evidenciava seu apoio generoso aos que estavam em dificuldades. Como ficou ilustrado nos casos de Saulo (At 9.26, 27) e de Marcos (At 15.39). Ao entregar seu dinheiro aos apóstolos, dava mais uma prova da sua disposição em dar seu tempo e talentos para ajudar aos irmãos. Utilizando seu dom de pregação, soube expressar em palavras a generosidade do seu coração para exortar e consolar os crentes. Chegando em Antioquia, após o início do despertamento ali, "exortou a todos a que permanecessem no Senhor com propósito do coração. Porque era homem de bem, e cheio do Espírito Santo e de fé" (At 11.23,24).
Barnabé deve servir de exemplo para todos nós. Muitas coisas acontecem para levar os outros à derrota e ao desânimo. Precisamos agir e falar em tais circunstâncias para sermos uma consolação e exortação ao nosso próximo.
4. Trigo e palha. Sempre sobra alguma palha no meio do trigo. Mesmo após a debulha mais severa. Mesmo nas melhores igrejas ainda haverá crentes hipócritas e sem consagração. No Estado de Oklahoma, EUA, criaram uma sociedade secreta a fim de combater os ladrões de cavalos. Queriam proteger os cavalos e levar os ladrões à justiça mediante um esforço conjunto. Fracassou. Em pouco tempo todo ladrão de cavalos daquela região se filiou à sociedade!
Não se justifica a desculpa dos que não querem ir à igreja dizendo: "Há muitos hipócritas na igreja". A fé cristã condena a hipocrisia. Todavia, a presença de crentes espúrios não é motivo para se rejeitar a fé cristã. Como a existência de uma nota falsificada não é motivo para alguém jogar no lixo todo o dinheiro que recebe.
5. A vida cristã tem suas próprias riquezas. Ananias e Safira eram seres humanos comuns, como todos nós. E eram crentes em Jesus Cristo. Entendemos seu pecado pois, num período de grande fervor espiritual, é possível alguém comover-se profundamente sem, contudo, progredir no caminho de verdade, retidão, justiça e pureza. Pode ter certeza quanto àquilo que crê, demonstrar zelo em propagar a fé e ainda fracassar quanto à distinção entre o certo e o errado (cf. Hb 5.11-14; 1 Co 3.1-3). Esta falha, nesse tipo de crente, torna-se uma pedra de tropeço para os de fora. A tentação que surge em muitos convertidos é permitir que as bênçãos transcendentes e gloriosas sejam procuradas mais do que o viver à altura da Palavra de Deus. Desta maneira sentir-se bem fica sendo sinônimo de praticar o bem.
Um membro contava ao seu pastor sobre a viagem marcada para a Terra Santa. Dizia entusiasticamente que, chegando ali, leria os Dez Mandamentos em voz alta, em pé no monte Sinai. "Não, irmão", disse o pregador com sinceridade. "Aceite meu conselho. Não precisa lê-los em voz alta. Fique em casa e guarde-os". O pregador tinha razão. O sentimentalismo não é substituto da justiça. A vida abençoada e santificada formam uma só vida cristã, com grandes riquezas espirituais, "porque esta é a caridade de Deus que guardemos os seus mandamentos..." (1 Jo 5.3).
6. O pecado estraga os melhores sistemas. Na Igreja Primitiva, havia uma esplêndida vida em conjunto. A comunhão de bens era a expressão de corações inflamados pela comunhão com Deus. Era a demonstração do amor divino que nutriam uns pelos outros. Hoje, o "comunismo", nome dado à falsificação feita pelo diabo, finge ter algo a ver com esta vida em comum. Mas é inspirado pelo ódio e não pelo amor. E este ódio é expressado em toda a sua fúria contra tudo quanto é de Deus.
A grande necessidade é a transformação dos corações humanos. Porque é do coração que procedem as coisas que arruínam qualquer sistema de economia. A história bíblica mostra que Israel, pela dureza de coração, não conseguia fazer as leis de Deus atingirem seu alvo.
7. A honestidade é a melhor política. O pecado de Ananias e Safira não é raridade. Dr. W. B. Riley escreveu: "Ouço mais mentiras com respeito às contribuições que as pessoas dão à igreja do que com respeito a qualquer outro assunto de conversação cristã. Comete-se mais fraude com respeito à proporção da renda que está sendo colocada no altar do Senhor do que em qualquer outro assunto na vida da igreja". Pessoas que vivem com duplicidade e falsidade por fim chegam a uma situação impossível. Seria muito mais fácil serem sinceras. Se empreendessem tanto esforço na fidelidade a Deus quanto dedicam a tramar falsidades, seriam exemplos de santidade! A honestidade é a melhor política em todo o nosso relacionamento com Deus e com os homens.
Bibliografia M. Pearlman
FONTE:http://www.ebdareiabranca.com/2011/2trimestre/licao10.htm
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