terça-feira, 14 de junho de 2011
A PLENITUDE DO ESPÍRITO SANTO
Quando nos enchemos da plenitude do Espírito Santo não há espaço para as obras da carne.
"E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito" (Ef 5.18).
A vida cheia do Espírito é uma vida de restrição moral, destituída das concupiscências carnais. Encher-se do Espírito é ser habitado por Ele em plenitude. Porém, também, demanda um processo contínuo e crescente de enchimento. É necessário possuí-Lo presente em nós de tal maneira que seja impossível encontrar qualquer espaço para as obras da carne. Portanto, estar cheio do Espírito Santo significa que todo o ser do crente está sob sua direção, inspirado por Ele.
O apelo de Paulo a que sejamos imitadores de Deus é o pensamento central do texto em estudo. A motivação para imitarmos a Deus vem do fato de que somos seus filhos. E a tendência natural é que os filhos imitem os pais. Então, em que devemos imitá-Lo? Certamente em tudo. Porém, o texto nos direciona a duas áreas especiais: o amor e a pureza. Cristo nos amou e se entregou a si mesmo em sacrifício por nós. Essa é a modalidade de amor que devemos imitar: amar uns aos outros com amor sacrificial. Quanto à pureza, Paulo conclui que a conservação da pureza moral é um dever do cristão. O crente que ama a Jesus foge das paixões carnais. E nosso dever como "filhos amados" imitar a Deus em sua natureza moral, isto é, em sua santidade, que deve influir em nossas atitudes para com Deus, para com os nossos semelhantes e para com nós mesmos. Se desejamos a plenitude do Espírito, devemos compartilhar do amor de Deus e de sua natureza santa.
O capítulo 5 da epístola aos Efésios é, na verdade, uma continuação do capítulo 4, que trata da conduta do crente no mundo. Neste edificante capítulo a Bíblia Sagrada relaciona o modus vivendi do crente com a pessoa de Deus e sua santidade.
IMITADORES DE DEUS
1. Imitando a Deus como filhos amados (v.l). A tradução literal de "imitadores" no original do Novo Testamento é "ser cópia", "copiar", "imitar alguém", "ser como alguém". Neste mesmo versículo duas coisas se destacam: a paternidade de Deus, e sermos a sua filiação. A Palavra declara aqui que somos "filhos amados" de Deus, indicando a mais profunda relação familiar. Pelo milagre do novo nascimento, o Espírito Santo nos coloca dentro da família de Deus como filhos amados. O amor demonstrado pelo Pai nos inspira e deve ser a razão de nossa imitação. Ele nos amou com amor abnegado e nós devemos imitar esse amor (Jo 3.16; Rm 5.8).
2. Imitando o amor de Cristo (v.2). Temos aqui mais um imperativo divino para os seus: "Andai em amor". Esse imperativo deve motivar nossa regra de vida. Se não fosse o amor de Cristo, o que seria de nós? Seu amor nos conquistou e possibilitou o perdão de nossos pecados. "E se entregou a si mesmo por nós" é a expressão máxima do amor divino.
3. Repelindo as práticas carnais (vv.3-5). Paulo lembra algumas práticas carnais do velho homem como prostituição, impurezas, cobiça, torpezas, parvoíces, chocarrices. São práticas indignas e alheias ao "novo homem". Todas duramente condenadas na Bíblia. Um crente que ama ao Senhor Jesus foge dessas paixões e procura viver vitoriosamente assistido pelo Espírito Santo (Rm 8.13; Gl 5.16,17).
ATITUDES CRISTÃS CORRETAS
1. Ações de graças (v.4). Sempre devemos ser agradecidos a Deus por suas bênçãos. A nossa salvação é razão suficiente para sermos sempre agradecidos a Deus. O testemunho da nossa fé perante o mundo pode ser expressado em "ações de graças".
2. Consciência de perigo e do juízo (vv.5,6). Somos aqui exortados de que a salvação implica nossa fidelidade a Deus. A Bíblia fala aqui dos perigos que ameaçam a nossa fé e, por isso, devemos ter todo o cuidado possível com aqueles pecados, porque nada impedirá o juízo de Deus sobre os que praticam tais pecados. A ira de Deus significa, aqui, a reação natural e automática de sua santidade contra o pecado (v.6).
3. Andar como filhos da luz (vv.8-14). Há um enorme contraste entre os que vivem em trevas e os que vivem na luz. Quem vive na incredulidade é "filho da desobediência" (v.6); quem segue a Jesus é "filho da luz" (v.8). Os que andam na luz conhecem os perigos porque podem ver com olhos espirituais as ameaças.
4. Agindo como sábios (vv.15-17). Cautela e prudência são qualidades indispensáveis na vida cotidiana do crente. Na sabedoria espiritual está a capacidade que o Espírito dá ao crente para perceber coisas que o ímpio não consegue ver nem sentir. O versículo 15 diz "não como néscios", isto é, agir com sensatez e responsabilidade. O versículo 16 diz que devemos "remir o tempo", ou seja, devemos administrá-lo com sabedoria, aproveitando o máximo dele.
5. Procurar conhecer a vontade de Deus (v.17). O grande problema de muitos crentes em relação à vontade de Deus é que eles têm conceitos errados acerca dela. Deus não é determinista ou fatalista, no sentido de que sua vontade tem de acontecer custe o que custar, não importando o modo como ela se cumpre.
Deus, de várias maneiras, faz-nos conhecer a sua vontade, mas por nosso livre-arbítrio é possível evitá-la ou não cumpri-la.
ENCHENDO-SE DO ESPÍRITO SANTO
Numa linguagem figurada a Bíblia mostra que o crente deve encher-se de Deus na sua vida. Trata-se de um contraste entre a embriaguez com "vinho" e o "encher-se do Espírito". Na velha vida, a embriaguez é típica de pessoas tristes, vazias, amarguradas. As coisas desse mundo apenas embriagam e produzem mal-estar. A vida cristã tem outra forma de superar as dificuldades, que é o "encher-se do Espírito". A palavra "contenda", aqui, abrange a ideia de licenciosidade e desenfreio.
1. Por que encher-se do Espírito? (v.18). O Espírito é o dom supremo de Deus à Igreja. Todos os outros dons são ministrados através dEle. O Espírito é que dá vida ao corpo de Cristo. Sem Ele não há vida. Uma vez cheia do Espírito a vida cristã se torna plena e o crente é habilitado a viver vitoriosamente. Se o encher-se de vinho conduz o homem ao deboche e à degeneração, o encher-se do Espírito conduz o crente a ter uma vida vitoriosa (2 Co 3.18).
2. As manifestações do Espírito no crente (v.19). A plenitude do Espírito na vida do crente o torna criativo, porque a presença do Espírito nele produz o que está no v.19 "falando entre vós em salmos, e hinos, e cânticos espirituais, cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração". "O versículo 19 fala de três tipos de louvor e adoração que resultam duma vida cheia do Espírito Santo. O primeiro tipo fala de salmos, referindo-se aos salmos de Davi, Asafe, Moisés, que contêm expressões proféticas acerca do Messias, etc. A palavra salmos aparece no grego com o sentido de cânticos acompanhados por harpa ou outro instrumento musical. O segundo tipo fala de hinos que eram cânticos de louvor a Deus, mas entoados espontaneamente, vindos do coração. O terceiro tipo de louvor era com "cânticos espirituais". Esse tipo tem sido interpretado de duas maneiras. Alguns acham que são aqueles cânticos poéticos regulares, previamente preparados para o louvor. Outros interpretam como sendo os cânticos produzidos no interior do espírito do crente cheio do Espírito Santo. (...) Esses 'cânticos espirituais' são os cânticos do nosso espírito interior louvando espontaneamente ao Senhor, sem a interferência da inteligência, mas estritamente produzidos pelo Espírito Santo e ensinados ao espírito interior do crente."
Percebe-se, aqui, que a música realmente sacra tem uma relação muito estrita com Deus. Esses "cânticos espirituais" precisam ser reativados e renovados na vida devocional da igreja local. O Espírito habilita o crente a este tipo de manifestação espiritual que edifica e fortalece a fé da Igreja.
3. Resultados da plenitude do Espírito (vv.20,21). Quando somos cheios do Espírito desenvolvemos um "espírito de ações de graças". Ela é uma forma de demonstrar o nosso gozo espiritual. Quando estamos cheios do Espírito não temos dificuldades para sujeitarmo-nos "uns aos outros no temor de Deus". Uma pessoa carnal não se sujeita, mas quem está cheio do Espírito tem prazer em assim fazer, inclusive no sentido de contribuir, ajudar e consolar.
CONCLUINDO
Busquemos estar cheios do Espírito, vivendo e andando nEle. Assim, estaremos experimentando a plenitude espiritual desejada por Deus para todos os crentes.
"Não devemos nos desvencilhar do poder da santidade. Deus nos purifica para nos transformar em vasos de bênçãos. Os cristãos cuja vida é consistente e livre dos grilhões da carnalidade ficarão livres da condenação.
"Embora nem a idade nem a experiência sirvam de garantia de maturidade espiritual, o fruto do espírito a produz. A maturidade espiritual envolve melhor entendimento do Espírito de Deus e das necessidades das pessoas. Nessas condições, poderemos melhor exercer os dons. A maturidade aumenta nossa sensibilidade diante do Espírito Santo, a fim de compreendermos como operam os dons e quando são necessários. Perceberemos o equilíbrio, sem irmos a extremos. Procuraremos resultados a longo prazo, e não apenas bênçãos para o momento. Buscaremos um reavivamento que perdurará até à vinda de Jesus.
"A maturidade espiritual ajuda-nos a ter bons relacionamentos com as pessoas. Passamos a compreendê-las melhor e a conhecer a melhor maneira de ministrar a elas. Devemos nos esforçar para alcançar a união. As pessoas, ao observarem nosso caráter e conduta, passarão a ter confiança em nós. A Igreja Primitiva escolheu seus sete primeiros diáconos com base na sua 'boa reputação' (At 6.3). Uma boa reputação confirmada pelo próximo é crucial à plena liberação do Espírito no ministério aos outros e ao crescimento da Igreja."
'Enchei-vos'(imperativo passivo presente) tem o significado, em grego, de 'ser enchido repetidas vezes'. A vida espiritual do filho de Deus deve experimentar a renovação constante (Ef 3.14-19; 4.22-24; Rm 12.2), mediante enchimento repetido do Espírito Santo.
"O cristão deve ser batizado no Espírito Santo após a conversão (ver At 1.5; 2.4), mas também deve renovar-se no Espírito Santo repetidas vezes, para adoração a Deus, serviço e testemunho (ver At 4.31-33).
"Experimentamos enchimentos repetidos do Espírito Santo quando mantemos uma fé viva em Jesus Cristo (Gl 3.5), estamos repletos da Palavra de Deus (Cl 3,16), oramos, damos graças e cantamos ao Senhor (1 Co 14.15; Ef 5.19,20), servimos ao próximo (Ef 5.21) e fazemos aquilo que o Espírito Santo quer (Rm 8.1-14; Gl 5.16ss.; Ef4.30; 1 Ts5.19).
"Alguns resultados de ser cheio do Espírito Santo são: (a) Falar com alegria de Deus, em salmos, hinos e cânticos espirituais (v.19), (b) Dar graças (v.20) e (c) sujeitar-nos uns aos outros (v.21)."
Bibliografia E. Cabral
FONTE:EBD AREIA BRANCA
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